O Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana (Selur) no Estado de São Paulo e a consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) bateram o martelo: a capital paraense chegou a 2019 como a 22ª melhor cidade brasileira em medidas para se aproximar da tão descumprida Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Autores do Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana (Islu), o Selur e a PwC mostram em sua quarta edição que Belém atropelou a limpeza urbana de vários municípios endeusados e tipos como limpos, entre aqueles com mais de 250 mil habitantes.
A medição do Islu varia de 0 a 1: quanto mais próximo de um, mais limpo e sustentável é o lugar, bem como mais próximo está de adesão à PNRS. A fonte de indicadores provém do conceituado Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ao qual as prefeituras brasileiras precisam repassar dados sobre saneamento básico anualmente. As estatísticas mais recentes do SNIS são de 2017.
Nesta terça-feira (24), o Blog do Zé Dudu acessou a íntegra do Islu, que contém 123 páginas, e constatou que na edição deste ano Belém evoluiu tanto que saltou da condição de limpeza urbana “muito baixa” para “média”, desde a primeira edição do estudo lançada em 2016. E está com um pé na categoria “alta”. Se mantiver o pique, o grau de sustentabilidade da limpeza da capital poderá coroá-la como uma das dez mais limpas do país nos próximos dois anos. Mas a estrada é longa, cheia de percalços de ordem de saneamento básico e assentamento urbano e carece de investimentos pomposos.
Salto histórico
Em 2016, com dados referentes ao SNIS de 2014, o Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana da capital paraense era de vexatório 0,478. Este ano, com os dados consolidados de 2017, o índice avançou para 0,697. Nenhuma das cidades do pelotão das mais populosas avançou tanto quanto Belém, e a razão é muito simples: a capital do estado sempre foi considerada muito suja e, portanto, qualquer melhoria mínima produz impacto exponencial em seus indicadores.
Para se ter ideia do progresso, Belém está em nível de sustentabilidade de limpeza urbana superior ao de Goiânia (GO), que até regrediu de 2016 para cá. Antes, a capital de Goiás ostentava índice de 0,666; agora, 0,658. As únicas capitais em situação melhor — mas não muito — que a paraense são Rio de Janeiro (0,733), Porto Alegre (0,720), Belo Horizonte (0,710) e Recife (0,703). Todas, contudo, com taxa de avanço muito inferior à de Belém.
No fim da lista
Entre os municípios com mais de 250 mil habitantes, o Pará não poderia, por outro lado, ficar de fora da lista de “convidados non gratos”. Santarém e Marabá seguram o cetro de semilanterninhas, com índices de 0,568 (5º pior) e 0,554 (4º pior), respectivamente. Na comparação com 2016 (0,556), Santarém está melhor hoje, mas piorou em relação a 2017 (0,571) e 2018 (0,574). Já Marabá vem em queda geral no indicador de sustentabilidade da limpeza urbana, tendo alcançado outrora notas de 0,613 (2016), 0,644 (2017) e 0,600 (2018).
No entanto, Santarém e Marabá estão longe de serem os piores municípios do Pará em limpeza urbana, embora estejam entre os piores do país considerados os lugares mais populosos. Aqui no estado, Rurópolis, na Transamazônica, tem o pior Islu, com nota 0,294. Acompanham-no Igarapé-Miri (0,347), Breu Branco (0,348), Mojuí dos Campos (0,353), Óbidos (0,393) e São Domingos do Araguaia (0,397).
Na cabeça da lista, após Belém, vem Marituba, com índice de 0,683, o segundo mais alto. Entre os municípios que esbanjam arsenal financeiro, Parauapebas (0,603) e Canaã dos Carajás (0,586) perdem para lugares com, de longe, menos poder financeiro, como Abaetetuba (0,653) e Pau D’Arco (0,646).
De acordo com as entidades que organizaram o Islu, o desenvolvimento e a atualização anual do índice refletem a preocupação e o interesse do setor de limpeza urbana em contribuir de maneira efetiva para o aprimoramento contínuo de todos os aspectos relacionados com a gestão ambientalmente adequada de resíduos sólidos no Brasil, desde o momento em que são coletados até a sua disposição final.