De 2017 para 2018, 21 municípios paraenses tiveram graves prejuízos no mercado de trabalho formal, seja por demissões, seja por fechamento de empresas. O impacto mais real disso, mensurado em números numa pesquisa que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de divulgar, é a diminuição da massa salarial na praça. Entre os municípios do estado, Parauapebas foi o mais duramente afetado, com decréscimo de 2,8% na movimentação de salários.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou resultados conclusivos do Cadastro Central de Empresas (Cempre) divulgado pelo IBGE sobre o cenário de 2018. O Cempre é uma espécie de cartão de visitas para investidores, empreendedores e consultorias que trabalham no mapeamento estratégico para dar suporte à implantação de novos negócios nas áreas de comércio e serviços, com foco em tamanho de mercado e potencial de consumo.
No emaranhado de dados, que podem ser cruzados para análise de diversos indicadores, chama atenção o fato de a massa salarial bruta decorrente de todos os empregos formais em Parauapebas ter encolhido R$ 48,245 milhões em relação a 2017. É a maior queda em termos absolutos no Pará, embora a maior baixa proporcional, de 35,2%, tenha sido verificada em Jacareacanga.
A capital paraense, Belém, é, por outro lado, o destaque positivo. A massa salarial da metrópole subiu de R$ 16,786 bilhões para R$ 18,476 bilhões, um magistral crescimento de R$ 1,69 bilhão ou, em termos relativos, 10,07% de incremento. Atualmente, Belém arregimenta a 13ª maior massa salarial do país, colada em Manaus-AM (R$ 18,683 bilhões, 12ª), e é o município com a 2ª melhor marca de crescimento entre os 50 que mais pagam salários em todos os setores econômicos. Só a capital maranhense, São Luís, apresentou desempenho proporcional maior, 11,19%.
Os municípios de São Paulo-SP (R$ 257,932 bilhões), Rio de Janeiro-RJ (R$ 117,166 bilhões), Brasília-DF (R$ 84,862 bilhões), Belo Horizonte-MG (R$ 57,192 bilhões) e Curitiba (R$ 43,228 bilhões) lideram o ranking dos maiores volumes de salários no país.
Marabá cresce 6,5%
Entre os maiores redutos de emprego no Pará, Marabá foi destaque por aumentar em R$ 90 milhões sua massa salarial de um ano para outro. É como se o principal município do sudeste do estado despejasse na praça uma “receita” do tamanho da gerenciada pelo poder público da vizinha Jacundá. Esse crescimento absoluto em massa salarial só é superado por Belém e Barcarena (que incrementou R$ 98,619 milhões). A taxa de avanço em Marabá foi de 6,51%.
Atualmente, cinco municípios ultrapassam R$ 1 bilhão em salários por ano na soma de todos os seus setores econômicos. Além de Belém (R$ 18,476 bilhões), têm folha bilionária Parauapebas (R$ 1,672 bilhão), Ananindeua (R$ 1,519 bilhão), Marabá (R$ 1,473 bilhão) e Santarém (R$ 1,13 bilhão). Em todos eles, a maior fonte pagadora são as prefeituras, mas só Parauapebas tem uma empresa cuja força salarial se rivaliza à da prefeitura. É a mineradora multinacional Vale, sem a qual o município de economia frágil dificilmente estaria entre os dez primeiros da lista. Enquanto nas demais localidades, setores como comércio e serviços conseguem sobreviver e empregar bem, em Parauapebas a dificuldade é maior porque todo o grande movimento que hoje se visualiza gira em torno da indústria mineral.
No pelotão dos dez municípios que mais produzem massa salarial também estão Barcarena (R$ 910,933 milhões), Castanhal (R$ 737,403 milhões), Paragominas (R$ 541,571 milhões), Altamira (R$ 524,991 milhões) e Canaã dos Carajás (R$ 480,153 milhões). Os menores movimentos foram verificados em Palestina do Pará (R$ 9,915 milhões), Magalhães Barata (R$ 9,741 milhões), Bagre (R$ 9,248 milhões), Peixe-Boi (R$ 7,583 milhões), Santa Cruz do Arari (R$ 7,089 milhões) e São João da Ponta (R$ 5,842 milhões).