Duramente afetada pelas medidas de distanciamento social, principalmente devido ao medo de muitas madames pegarem Covid-19 de seus serviçais, a trabalhadora doméstica vai se equilibrando na roda da economia como pode, e no Pará ela ganha menos que na média nacional, tendo ou não carteira assinada. A informação foi levantada pelo Blog do Zé Dudu, que analisou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PnadC-T) recém divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O rendimento médio de quem faz bico como doméstica no Pará é sofrível: R$ 636 para trabalhar, muitas vezes, de domingo a domingo. Isso é menos que o atual salário mínimo, de R$ 1.100. Se a trabalhadora doméstica for contratada formalmente, a média sobe a R$ 1.079. Ainda assim, fica abaixo da média nacional, de R$ 1.286. O estado tem atualmente 183 mil trabalhadores domésticos, o equivalente a uma cidade do tamanho de Castanhal só deles. Apenas 29 mil desse universo têm registro em carteira.
Para quem vive de bico (ou fazer faxina, ou cuidar de crianças, ou cuidar de idoso, ou fazer comida, ou lavar roupas, ou fazer tudo isso junto), só dez estados pagam ainda menos que o Pará. Paraíba (R$ 479), Piauí (R$ 477), Bahia (R$ 475) e Rio Grande do Norte (R$ 444) têm as piores situações. Maranhão (R$ 504), Alagoas (R$ 547), Pernambuco (R$ 548), Ceará (R$ 573), Acre (R$ 579) e Sergipe (R$ 585) também pagam mal e não chegam sequer a R$ 600.
Por outro lado, uma empregada doméstica sem carteira assinada pode ganhar mais de R$ 1 mil em duas Unidades da Federação: o Distrito Federal (R$ 1.082) e Santa Catarina (R$ 1.074). No Rio de Janeiro (R$ 970), no Rio Grande do Sul (R$ 948) e em Goiás (R$ 901), ela também tem valorização melhor que no Pará.
Entre os trabalhadores domésticos com carteira assinada, os paraenses recebem a 8ª menor remuneração média do país. Os R$ 1.079 pagos pelos empregadores no estado só não são inferiores às médias de Paraíba (R$ 1.063), Pernambuco (R$ 1.063), Alagoas (R$ 1.058), Sergipe (R$ 1.056), Amapá (R$ 1.045), Bahia (R$ 1.030) e Rondônia (R$ 1.020). No vizinho Maranhão, conhecido como o estado mais pobre do país, uma empregada doméstica formalizada fatura R$ 1.145, acima até de um salário mínimo e mais que no Pará.
Os melhores rendimentos para domésticos celetistas estão em Santa Catarina (R$ 1.573), Paraná (R$ 1.485), Piauí (R$ 1.431) e São Paulo (R$ 1.414).