O presidente Jair Bolsonaro acionou ontem, quarta-feira (27), em Vitória do Xingu (PA), a 18ª e última turbina da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a maior usina 100% brasileira, considerada a quarta maior do mundo. O acionamento da turbina também marcou a inauguração oficial do empreendimento, que poderá operar com capacidade total, de 11.233,1 megawatts (MW), e quantidade média de geração de energia de 4.571 MW. Na comitiva presidencial, o ministro da Minas e Energia, Bento Albuquerque, deputados federais e estaduais, senador Zequinha Marinho, governador Helder Barbalho, acionistas e prefeitos da região.
Desde o início o empreendimento gerou polêmica e críticas de ambientalistas e entidades de defesa dos índios. Os estudos de viabilidade para a implantação da usina começaram em 1975, mas a obra só foi iniciada em 2011, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, e durou pouco mais de oito anos. O contrato de Belo Monte, arrematada em leilão pelo consórcio Norte Energia, é de 35 anos, com data inicial de agosto de 2010.
O governo federal silencia, mas a obra orçada em R$ 19 bilhões, passou para R$ 26 bilhões, e teve o custo final de R$ 34 bilhões. Paralisada judicialmente por um período de 415 dias, o custo com pessoal, equipamentos e manutenção, foi em torno de R$ 20 milhões por dia ao consórcio construtor que resultou num aumento de R$ 8 bilhões.
A construção da usina foi praticamente toda financiada com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a energia gerada por Belo Monte vai atender cerca de 18 milhões de residências, o que equivale a uma população de 60 milhões de pessoas em todos os estados do país.
“A produção de energia de Belo Monte representa 7% da capacidade total da produção brasileira. Com todas as unidades geradoras da usina funcionando simultaneamente, são capazes de suprir 10% da demanda do mercado nacional”, disse na cerimônia, Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia. “Durante as obras de Belo Monte, foram gerados mais de 30 mil empregos diretos e usada uma quantidade de concreto capaz de erguer 37 estádios do tamanho do Maracanã”, ilustrou.
A área alagada da usina é de 478 quilômetros quadrados (km²). Os reservatórios da usina ficam localizados entre os municípios de Altamira, Brasil Novo e Vitória do Xingu. Já a área de abrangência da usina ainda alcança outros dois municípios: Anapu e Senador José Porfírio.
Governador reclama do preço da conta de luz
O governador do Pará, Helder Barbalho, elogiou a obra e destacou a vocação do estado para a produção hidrelétrica. O Pará também abriga a segunda maior usina 100% brasileira, que é a de Tucuruí.
Barbalho criticou que os consumidores paraenses ainda pagam um custo alto de energia e solicitou a Aneel que reveja os critérios de composição dos preços da conta de luz. “O mesmo Estado que produz e exporta energia, hoje é a terceira conta de energia mais cara do Brasil, fazendo com que o povo paraense sofra de maneira absolutamente decisiva”, reclamou.
O deputado federal Joaquim Passarinho (PSD-PA) disse à Reportagem que “Belo Monte além de maior hidrelétrica genuinamente brasileira, é a maior obra de engenharia do momento, cujo desafio de ter sido construída na Amazônia, teve a preocupação com a mitigação do impacto ambiental que pudesse prejudicar as comunidades ribeirinhas e tribos indígenas imemoriais da região”.
O senador Zequinha Marinho (PSC-PA) por sua vez, preside uma Subcomissão Temporária da Usina Belo Monte, do Senado, que vai elaborar um relatório que fiscaliza o andamento das condicionantes impostas no ato da assinatura do contrato da obra. “É inegável que a hidrelétrica trouxe coisas boas para a região. Foram investidos mais de R$ 6 bilhões em 117 programas socioambientais. Nessa ida até a região, estamos verificando in loco o que andou e o que precisa ser concluído. É preciso garantir que a população local seja beneficiada pelo empreendimento”, defendeu.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu, em Brasília