Bolsonaro recebe apoio de Zema, Garcia, Tarcísio e Castro. Lula fecha com o PDT e Cidadania

Após o resultado do 1º turno, finalistas da corrida eleitoral caçam votos para vencer o 2º turno
Governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema e Jair Bolsonaro

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Brasília – No domingo (2), mesmo dia do resultado das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ligou para o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), para parabenizá-lo e marcou um encontro dos dois em Brasília. O resultado do encontro, ocorrido nesta terça-feira (4), na capital do país, foi uma declaração de apoio do governador mineiro à reeleição no segundo turno da disputa presidencial contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mais cedo, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), declarou “apoio incondicional” à reeleição de Bolsonaro (PL) e ao candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em encontro improvisado no aeroporto de Congonhas (SP). Ainda no domingo (2), o governador reeleito do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), já havia declarado seu apoio ao presidente que busca a reeleição.

Também em São Paulo, o presidente do PDT, Calos Luppi, sem o aval de Ciro Gomes, o candidato à Presidência pela legenda, que ficou em 4º lugar após encerrada a apuração das urnas, anunciou o apoio ao candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.

Em Brasília, após a reunião com Bolsonaro e aliados mais próximos, Zema disse que:  “Sempre dialoguei com Bolsonaro, vamos colocar divergências de lado. Acredito muito mais na proposta de Bolsonaro do que na do adversário”, o governador explicou que um estado falido, após a passagem do PT na administração mineira.

No pronunciamento, Zema criticou o governo de Fernando Pimentel (PT), seu antecessor, em Minas. “Foi uma gestão desastrosa que arruinou o Estado de Minas”, declarou. “É só perguntar para qualquer prefeito de Minas Gerais o estrago que o PT fez no Estado”, disse o governador reeleito. ”Então, estou aqui para declarar o meu apoio à candidatura do presidente Bolsonaro, porque eu mais do que ninguém herdei uma tragédia”, disse Zema.

Ao criticar Lula, o governador mineiro disse que o governo do petista no começo foi “muito bom”, mas depois “a conta veio amarga”.

O presidente definiu o apoio como “mais que bem-vindo”, “essencial” e “decisivo”. “Minas é o segundo colégio eleitoral do País”, afirmou Bolsonaro. “Dizem que só quem ganha em Minas pode chegar à Presidência da República. Mais que bem-vindo, o apoio do Zema é essencial e decisivo para minha reeleição.”

Zema evitou se envolver na disputa nacional durante a sua campanha, enquanto seu principal adversário, Alexandre Kalil (PSD), adotou outra estratégia e colou sua imagem a Lula. O palanque formal de Bolsonaro no Estado era Carlos Viana (PL), mas o chefe do Executivo flertou com Zema em declarações. Disse, por exemplo, em live no fim de setembro, que o governador do Novo fez um “bom trabalho”.

Já no domingo (2), Zema havia sinalizado a reaproximação com Bolsonaro, mas se comprometeu a ouvir o partido e seguir a orientação do Novo, que emitiu nota para “liberar” seus filiados a seguirem o posicionamento que desejassem. O mesmo texto, entretanto, manifestava repúdio ao “lulismo e ao PT”. Felipe D’Avila, candidato do Novo derrotado à Presidência, porém, preferiu se manter neutro. Logo após votar, em São Paulo, afirmou que não apoiaria “nenhum dos dois populistas”: “O populismo vai continuar, infelizmente, erodindo a democracia e a liberdade brasileira”, disse.█

Veja a íntegra da nota do Novo:

“O NOVO trabalhou muito para oferecer aos brasileiros uma alternativa presidencial contra a polarização entre Lula e Bolsonaro, mas infelizmente sem sucesso.

Diante do cenário eleitoral do segundo turno, o partido se vê na obrigação de reforçar seu posicionamento institucional histórico, totalmente contrário ao PT, ao lulismo e a tudo o que eles representam, e libera seus filiados, dirigentes e mandatários, para declararem seus votos e manifestarem seu apoio de acordo com sua consciência e com os valores e princípios partidários.

Seguiremos trabalhando para oferecer as melhores alternativas aos eleitores e construir um Brasil melhor para todos.”

Diretório Nacional do NOVO

Caça aos apoios

O resultado das urnas no último domingo, 2, determinou, e a corrida presidencial terá um segundo turno de votação. Incapazes de alcançar a vitória na primeira parte do pleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) iniciaram a nova fase da campanha com diferentes obstáculos, mas um mesmo objetivo: obter o maior número de apoios entre candidatos e partidos derrotados, de olho no eleitorado de cada um.

Enquanto o petista obteve 48,4% dos votos válidos, o atual presidente superou as expectativas indicadas pelas pesquisas de intenção de voto e conquistou 43,2%.

Com menos de um mês de campanha até dia 30 de outubro, quando ocorre a derradeira votação, o apoio de candidatos e de partidos que não avançaram ao segundo turno pode ajudar a alcançar eleitores distintos de suas bases originais, ajudando a romper resistências em diferentes “recortes” do eleitorado.

Durante o primeiro turno, Lula apostou em uma gama variada de aliados, reunindo apoios dos mais diferentes espectros políticos — Geraldo Alckmin (PSB), Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (União Brasil), Guilherme Boulos (PSOL), entre outros nomes. A lógica do segundo turno é ampliar ainda mais esse arco de adesões.

Entre os presidenciáveis, Simone Tebet (MDB), com 4,2%, e Ciro Gomes (PDT), com 3%, são os votos mais almejados por Lula e Bolsonaro. A chamada “terceira via” pode não ter tido resultados expressivos no primeiro turno, mas os 7% de votos que eles receberam podem significar a diferença entre a vitória e a derrota.

Até o momento, nenhum dos dois ex-candidatos declarou apoio formal, mas existem indícios de que eles tendem para o lado do petista. Ao longo da eleição, Tebet teceu duras críticas ao ex-presidente Lula, mas sempre deixou claro que enxergava no petista um “mal menor” ante Jair Bolsonaro.

MDB e federação PSDB/Cidadania

Após a apuração dos votos, Tebet, que está desemprega a partir de janeiro de 2023, afirmou que era uma “política que respeita o processo partidário, o processo eleitoral, mas, no máximo, em 48 horas, vocês decidam porque eu vou me pronunciar”, disse, se referindo ao posicionamento de sua coligação — MDB, Cidadania e PSDB, em especial o MDB.

O presidente do Cidadania, Roberto Freire, afirmou que o partido deve apoiar a candidatura de Lula.

Ciro Gomes anuncia que vai acompanhar posição do PDT de apoiar Lula em segundo turno “como última saída”. 

PDT

No caso de Ciro Gomes, o PDT anunciou nesta terça o apoio a Lula, mediante a incorporação de três propostas ao plano de governo petista. Ciro Gomes seguiu a orientação do partido, mas não citou o nome de Lula. não se sabe com que empenho; a relação entre ele e Lula foi se deteriorando ao longo da campanha.
O pedetista disse, no que parece ser sua última declaração na vida pública, que apoiar o PT “é a última saída”, o que enseja que esteja falando de si mesmo, uma vez que o PDT é, há anos, um puxadinho do PT.

Soraya e União Brasil

Emissários do PT e do PL de Bolsonaro também dialogam com o União Brasil, partido da senadora Soraya Thronicke, e buscam o apoio também da candidata derrotada, mas esta já anunciou que vai seguir neutra na nova fase do pleito. Em seu perfil no Twitter, a senadora do Mato Grosso do Sul se manifestou logo após os resultados da votação serem divulgados. “O Brasil que sofre e chora tomou uma decisão, e essa decisão deve ser respeitada”, disse ela. “Nenhum desses bandidos merecem o meu apoio”, respondeu Soraya a um seguidor que pedia por um posicionamento no segundo turno.

Nanicos

Entre os candidatos com menor expressão, Sofia Manzano (PCB) anunciou apoio à candidatura de Lula no segundo turno. Leo Péricles (UP) e Vera Lucia (PSTU) ainda não declararam apoio formal, mas já se posicionaram como antibolsonaristas em inúmeras situações.

PTB

Padre Kelmon (PTB) também não teceu nenhuma declaração oficial, mas já havia se manifestado diversas vezes em apoio a Bolsonaro, sendo apontado inclusive como linha auxiliar da campanha do presidente durante os debates eleitorais na TV.

PSD

Outro que pretende seguir neutro na disputa presidencial é o PSD de Gilberto Kassab. Apesar de o partido ter indicado o vice na chapa do candidato bolsonarista ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ex-prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD afirma que vai liberar sigla para apoiar Lula ou Bolsonaro.

Governador derrotado em São Paulo, Rodrigo Garcia (esq.), declara apoio incondicional a Bolsonaro (centro) e a Tarcísio Gomes de Freitas (dir.) no estado

PSDB

Já o PSDB surpreendeu, na tarde desta terça, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), declarou “apoio incondicional” à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Garcia tem sob controle mais de 600 prefeituras no interior de São Paulo que não votam e não apoio o PT de jeito nenhum. O partido esquerdista jamais ganhou uma eleição para governar São Paulo, desde a sua criação.

“Com muita honra venho aqui receber o presidente Jair Bolsonaro no aeroporto de Congonhas para declarar o meu apoio e o meu voto nesse segundo turno ao presidente Bolsonaro”, disse Garcia.

“Durante toda a eleição de primeiro turno eu disse que São Paulo é um estado desenvolvido, que dá oportunidades a todos, que ajuda quem precisa, porque o PT nunca governou nosso estado. Essa mesma avaliação eu faço em relação ao Brasil. O que eu não quero para São Paulo, eu não quero para o Brasil. Portanto, o meu apoio incondicional, meu trabalho nesse segundo turno, para que o presidente Jair Bolsonaro possa se reeleger e continuar comandando ao lado da população os destinos dessa nação”.

Em seguida, Garcia declarou apoio também ao candidato do Republicanos Tarcísio de Freitas: “Assim como no estado de São Paulo, declaro meu apoio e meu voto pessoal e incondicional à candidatura do governador Tarcísio de Freitas porque enxergo também nele não só o bom trabalho para São Paulo, mas a condição de evitar que o PT ganhe as eleições aqui em São Paulo.

A declaração foi dada em uma coletiva de imprensa no aeroporto de Congonhas, na capital paulista. Bolsonaro e Tarcísio se encontraram ali com Garcia, que ficou em terceiro lugar na eleição estadual, atrás de Tarcísio e de Fernando Haddad (PT).

Mais cedo, também em coletiva de imprensa após reunião com dirigentes do PP, o candidato do Republicanos ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas chegou a afirmar que esperava uma “migração natural” de apoio de quadros do PSDB a sua candidatura, mas que não via “sentido” em ter o governador Rodrigo Garcia (PSDB) em seu palanque.

Poucas horas depois, porém, o ex-ministro de Bolsonaro participou da comitiva que recebeu o presidente em Congonhas, onde já estava Garcia.

Tarcísio agradeceu o apoio e atacou o PT, mas não comentou se Garcia teria alguma participação em sua campanha no segundo turno: “Esse apoio do governador Rodrigo é muito importante para o presidente Jair Bolsonaro e para mim. O estado de São Paulo vai muito bem e precisa ter políticas públicas preservadas. A questão PT onde aconteceu se mostrou inadequada. A prova está na capital. Na questão do Haddad como prefeito. Não é isso que a gente quer para o estado e para o Brasil. (…) o Brasil é um país que está crescendo e não podemos dar um passo para trás. Então, essa é uma grande união de forças por São Paulo e pelo Brasil.

Ao longo da semana o Blog do Zé Dudu fará análises mais aprofundadas do resultado dessas eleições históricas em resultados e recados enfáticos dos eleitores.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.