Brasília — O Brasil amanheceu, neste sábado (23), registrando 1.001 novas mortes por coronavírus nas últimas 24 horas, totalizando 20.803 novos casos confirmados e se tornou o segundo país no mundo com mais casos. Somam-se 330.890 casos, ultrapassando a Rússia e ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que contabiliza 1.601.434 confirmações de casos segundo a Universidade Johns Hopkins (EUA), que monitora dados da pandemia. Os EUA são o país mais afetado, com quase 1,6 milhão de casos e 95 mil mortes. O boletim epidemiológico do Ministério da Saúde desta sexta-feira (22) divulgou que o total de óbitos atingiu 21.048 brasileiros, de todas as idades.
O recorde é de 1.188 novas mortes registradas em apenas um dia, alcançado na quinta-feira (21). Os cinco primeiros países com mais mortes são EUA (95 mil), Reino Unido (36 mil), Itália (32 mil), Espanha e França (28 mil). O Brasil vem em seguida. No entanto, a Rússia, o segundo país com mais casos, lista pouco mais de 3.000 mortes, o que gera desconfiança interna e externa.
No Brasil, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e Pará concentram mais da metade do total de mortes em decorrência da doença.
São Paulo, o estado mais afetado, tem um total de 5.773 mortes e 76.871 casos confirmados. Rio de Janeiro (3.657), Ceará (2.251), Pernambuco (2.057) e Pará (1.937) aparecem na sequência em número de mortes.
Já no ranking de casos confirmados, o Ceará aparece em segundo lugar, com 34.573 casos. Depois vêm Rio de Janeiro, com 33.589 casos; Amazonas, com 27.038; e Pernambuco, com 25.760.
O boletim também mostra que 135.430 pessoas que haviam sido infectadas pelo coronavírus se recuperaram da doença, o que corresponde a 40,9% do total de casos.
Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde deixou de realizar a coletiva de imprensa diária, no Palácio do Planalto, em Brasília, para divulgar as ações de enfrentamento à pandemia e comentar o aumento recente no número de mortes.
Na coletiva de quinta-feira (21), autoridades da Saúde afirmaram que havia sinais de que a curva de casos pudesse estar se estabilizando nos estados da região Norte. No entanto, seriam necessários mais alguns dias para confirmar se configurava uma tendência.
O secretário substituto de Vigilância em Saúde da pasta, Eduardo Macário, também afirmou que os estados do Norte e Nordeste eram duramente afetados porque o surto de coronavírus coincidia com a sazonalidade das doenças respiratórias na região. As doenças respiratórias atingem primeiramente essas regiões por conta da temporada de chuvas nessas localidades.
América Latina é o novo epicentro da pandemia de coronavírus
Em um comunicado divulgado à imprensa na quinta, o diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, alertou: “A América Latina é o novo epicentro da pandemia de coronavírus e o Brasil é o país mais preocupante”. Estimativas também divulgadas na sexta-feira pela Imperial College indicam que a transmissão da doença continua acelerando no Brasil. A taxa de contágio (Rt), que indica para quantas pessoas em média cada infectado transmite o coronavírus, foi calculada em 1,3 – quando está acima de 1, a transmissão é considerada fora de controle.
Ainda segundo a Imperial College, a precisão dessas previsões varia com a qualidade da vigilância e dos relatórios em cada país. “Usamos o número relatado de mortes devido ao Covid-19 para fazer essas previsões de curto prazo, pois são provavelmente mais confiáveis e estáveis ao longo do tempo do que os casos relatados. Em países com pouca notificação de mortes, essas previsões provavelmente representam uma subnotificação, enquanto as previsões para países com poucas mortes podem não ser confiáveis”, disseram os autores do relatório.
Novo ministro da Saúde
Em uma declaração no início da noite de sexta, quando perguntado se o ministro interino da Saúde, General Eduardo Pazuello, assumiria definitivamente o posto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) limitou-se a dizer que o general é competente, coordenou os Jogos Olímpicos do Rio e a Operação Acolhida. “O Serra não foi um ótimo ministro da Saúde sendo economista?”, indagou, sem, porém, confirmar a nomeação do militar para a titularidade da pasta.
Por Val-André Mutran – de Brasília