Buffalo’s Gourmet terá oficinas para PcD

Criação de abelhas sem ferrão e musicalização para surdos são os minicursos às pessoas com deficiência oferecidos pelo festival, cujas inscrições para chefs de cozinha seguem até 31 de julho.

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Respeito e defesa dos direitos das pessoas com deficiência (PcD). É com esse princípio, o da acessibilidade para todos, que trabalha o maior festival gastronômico da região de Carajás, o Buffalo’s Gourmet – Sabores da Amazônia, que este ano conta com patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei Federal de Incentivo à Cultura. E a quinta edição do evento, a ser realizado de 13 a 18 de agosto em Parauapebas, decidiu expandir as oportunidades para quem ainda enfrenta barreiras no cotidiano.

Em sua quarta edição, o festival começou a trabalhar com tradutor de Libras, além de reservar espaços adequados para as pessoas com deficiência. Agora, irá oferecer duas oficinas para elas: Introdução à Musicalização de Pessoas Surdas, com Walkimar Guedes Amorim, especialista em educação musical e regente da Carajazz Marabá Orquestra; e criação de abelhas sem ferrão (meliponicultura), pelo produtor Daniel Sanna Castilho.

“São centenas de pessoas com deficiência em Parauapebas, que muitas vezes deixam de curtir um evento legal, deixam de participar de atividades públicas por se sentirem excluídas do processo, por falta das adaptações dos espaços para elas, por falta de preocupação com esse público. Não dá mais para realizarmos eventos sem pensarmos em inclusão social”, defende Pedro de Oliveira, membro da diretoria da ABF, fundador e curador do festival.

Quem também se animou com a ideia foi a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Parauapebas. “Vai ser um momento ímpar para a pessoa com deficiência em Parauapebas, pensando em todas as limitações que essas pessoas passam no decorrer de sua vida. Tem que se seguir pensando assim para que a gente consiga alcançar públicos que hoje não conseguem ter participação em momentos tão significativos pra eles”, observa Stephany Medeiros, diretora institucional da Apae/Parauapebas.

Pela primeira vez, a Apae faz parceria com o festival até para mostrar a importância da associação no trabalho de inclusão social, que hoje atende a 68 famílias com PcD, em Parauapebas. “O nosso pensamento é levar para esse festival um pouco do que é a Apae, mas também levar o lúdico, o que eles gostam, a pintura, o momento de descontração”, diz Stephany.

Música para surdos

Sob a batuta do regente Walkimar Amorim, a oficina “Introdução à Musicalização para Pessoas Surdas” é resultado de uma pesquisa desenvolvida em 2018 e 2019 com surdos de Marabá e a partir da qual foram criadas estratégias didático-pedagógicas de ensino em que são exploradas as sensações visuais e vibrotáteis dos alunos para que eles compreendam como é produzir e tocar música.

“A musicalização, trazendo de uma forma genérica, é a introdução do sujeito à apreciação musical que consiste em perceber como acontece o fenômeno musical através das ondas sonoras e suas propriedades”, explica Walkimar Amorim, para acrescentar: “O minicurso buscará desenvolver a capacidade dos alunos na percepção e diferenciação entre as partes constituintes da música ocidental, a saber, melodia, harmonia e ritmo. E como parte complementar será buscado desvelar alguns códigos musicais de forma sucinta de modo a aplicá-los através de execução em grupo ao final”.

Dóceis abelhinhas

Há cinco anos trabalhando com abelhas nativas, o produtor Daniel Castilho estará à frente da oficina para PcD sobre meliponicultora, e trata logo de avisar: “essas abelhas não têm ferrão, podem ser criadas em qualquer lugar, inclusive em apartamento, e produzem um mel de alta qualidade, que ainda é terapêutico”.

“Você pode criar na sua casa. Elas não exigem nenhum tipo de EPI (equipamento de proteção individual), não oferecem perigo e você pode criar em qualquer lugar”, assegura o especialista, que irá ensinar manejos de como lidar com as abelhas nativas, como multiplicá-las, como retirar o mel, a melhor forma de cuidar e quais as espécies mais adequadas para a região, entre outros fundamentos.

Daniel Castilho tem participado do Buffalo’s Gourmet, oferecendo degustação do mel da abelha nativa, e vê no festival uma grande oportunidade de despertar no público em geral interesse por um inseto vital para o meio ambiente, para a qualidade de vida e, especialmente, para a agricultura por fazer parte do grupo de polinizadores mais importantes do planeta.

Apesar disso tudo, esses dóceis seres correm o risco de extinção. “Existe um declínio (das abelhas) por conta de uso de agrotóxicos, mudanças climáticas e principalmente por causa de desmatamento. E elas são os principais polinizadores. A vida na terra não existe sem abelha”, diz Daniel Castilho, em tom de preocupação, ao citar dados que apontam que esses insetos são responsáveis por 85% da reprodução das plantas com flores, como o café, o açaí, a laranja e o maracujá. “Então, sem abelhas, sem biodiversidade e sem agricultura”, enfatiza Castilho.

SERVIÇO

O V Festival Gastronômico Buffalo’s Gourmet será realizado entre os dias 13 e 18 de agosto, na Praça de Esportes Radicais Wellison Farias de Azevedo. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas de 1º a 31 de julho pelo site buffalosgourmet.com.br ou pelo Instagram tanto do Buffalo’s Gourmet (@buffalosgourmett) quanto da Queijaria Cosa Nostra (@queijariacosanostra). Mais informações pelo (94) 99146-5666.

A quinta edição do Buffalo’s Gourmet é viabilizada pela Lei de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet, com patrocínio do Instituto Cultural Vale, apoio da Prefeitura de Parauapebas e da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e realização do Ministério da Cultura, Associação Búfalos de Ferro e Queijaria Cosa Nostra.

(Texto: Hanny Amoras, Jornalista – MTb 1.294)

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