Um bug cibernético iniciado às duas horas da madrugada — horário de Brasília —, está sob investigação, uma vez que desencadeou nesta sexta-feira (19) um apagão global que forçou companhias aéreas a paralisar parte de suas operações em aeroportos ao redor do mundo, afetou empresas de mídia, bancos e outros serviços. No Brasil, usuários do aplicativo do Banco Brasdesco relatam indisponibilidade do sistema.
A empresa Microsoft anunciou ter resolvido uma falha em seus serviços de nuvem que impactou várias companhias aéreas de baixo custo que cancelaram grande parte de seus voos. Inicialmente as autoridades descartaram um ataque hacker deliberado.
Não ficou imediatamente claro se a decisão das companhias aéreas de manter as aeronaves em solo estava relacionada a uma falha anterior na nuvem da Microsoft. Mas, por razões de segurança, a decisão foi suspender os voos.
A Agência de Notícias Associated Press (AFP) relatou paralisação em suas atividades em razão do incidente.
O maior operador ferroviário do Reino Unido anunciou que foi afetado por problemas informáticos “de grande escala”, que podem causar cancelamentos de última hora.
“Estamos enfrentando problemas informáticos de grande escala em toda a nossa rede”, escreveram as quatro companhias ferroviárias do grupo Govia Thameslink Railway na rede social X.
O aeroporto internacional de Berlim, na capital da Alemanha, suspendeu seus voos devido a um “problema técnico”, indicou uma porta-voz do aeródromo alemão à AFP.
“Há atrasos no check-in e os voos tiveram que ser cancelados até as 10h (8h GMT)”, declarou a porta-voz, que acrescentou que por enquanto não podia precisar quando o tráfego seria retomado.
No outro lado do mundo, na Austrália, empresas de mídia, bancos e telecomunicações sofreram interrupções, que o governo disse parecer estar ligada a um problema na empresa global de cibersegurança Crowdstrike.
A companhia aérea holandesa KLM anunciou que suspendeu a maior parte de suas operações devido à falha informática global.
“KLM, assim como outras companhias aéreas e aeroportos, também foi afetada pela falha informática global, tornando impossível gerenciar os voos”, indicou a empresa em um comunicado, no qual acrescentou que se vê “obrigada a suspender a maior parte das operações”.
Na Suíça, o aeroporto de Zurique, o maior do país, também suspendeu os pousos.
O site colaborativo Downdetector mostrou interrupções em vários bancos e empresas de telecomunicações.
O apagão cibernético também afetou hospitais nos Países Baixos e o pregão na Bolsa de Valores de Londres foi afetada. São seis horas a mais em Londres, a partir do horário de Brasília, portanto, na capital do Reino Unido, os londrinos estão em pleno horário do almoço.
A programação do canal britânico Sky News foi interrompida. Na Austrália, o canal nacional ABC anunciou que seus sistemas foram afetados por uma falha “grave”.
A empresa australiana de telecomunicações Telstra indicou que os cortes foram provocados por “problemas globais” que afetaram o software fornecido pela Microsoft e pela empresa de segurança cibernética CrowdStrike.
Não havia informações que sugerissem que a interrupção fosse um incidente de segurança cibernética, disse o escritório da Coordenadora Nacional de Segurança Cibernética da Austrália, Michelle McGuinness, em uma postagem no X.
As interrupções se espalharam amplamente, com a Espanha relatando um “incidente de computador” em todos os seus aeroportos, enquanto a Ryanair, a maior companhia aérea da Europa em número de passageiros, alertou os passageiros sobre possíveis interrupções que, segundo ela, afetariam “todas as companhias aéreas operando na rede”, embora não especificasse a natureza das interrupções.
O provedor de serviços em nuvem AWS, da Amazon, disse em um comunicado que estava “investigando relatos de problemas de conectividade com instâncias Windows EC2 e Workspaces dentro da AWS.”, os sistemas são camadas de proteção para a operação do serviço.
Atualização da Crowdstrike pode ser a origem do problema
Uma atualização executada pela empresa de segurança cibernética global Crowdstrike, uma das camadas de proteção do sistema da nuvem da Microsoft, estaria na origem dos problemas que geraram o “efeito dominó global”.
A Crowdstrike divulgou uma mensagem gravada por telefone, quando a Reuters entrou em contato com seu suporte técnico, dizendo que estava ciente de relatos de falhas no sistema operacional Windows da Microsoft relacionadas ao seu sensor Falcon.
Não ficou imediatamente claro se todas as interrupções relatadas estavam relacionadas a problemas do Crowdstrike ou se havia outros problemas em jogo.
Especialista em cibersegurança diz que “impacto global é enorme”
A professora Jill Slay, presidente da SmartSat para segurança cibernética da Universidade do Sul da Austrália, disse que o “impacto global” da grande interrupção global é “enorme”, mas que era “muito cedo para tirar conclusões” sobre o que a causou.
“Há atualmente uma grande interrupção técnica global que afeta várias empresas e serviços”, disse Slay. “Alguns atribuem isso aos serviços de segurança oferecidos pela CrowdStrike. Outros atribuem isso à Microsoft ou à Amazon. As autoridades e a indústria estarão monitorando, mas nesta fase é muito cedo para tirar conclusões.”
Slay disse que a interrupção “pode facilmente ser resultado de configuração incorreta por uma dessas empresas ou de ‘interferência’ entre produtos.”
“É possível que haja uma violação de segurança, mas para mim isso é instintivamente improvável,” conclui.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.
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