Busca pela justiça social e amor à humanidade. Esses são os principais combustíveis que movem o trabalho da única deputada de oposição na Assembleia Legislativa: Marinor Brito (PSol), de 60 anos de idade e com uma vasta experiência parlamentar, que começou em 1996 quando ela foi eleita vereadora de Belém e assim permaneceu por três mandatos, período em que trocou o PT pelo Partido Socialismo e Liberdade.
Depois, por 11 meses, foi senadora em meio a uma discussão no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a lei da “Ficha Limpa”, que colocou sub judice a eleição de Jader Barbalho ao Senado. Em dezembro de 2011, após votação apertada entre os ministros, a mesma Corte garantiu a posse do emedebista e Marinor perdeu a vaga na Casa, mas não sem antes protestar. “Estou me sentindo como uma cidadã que está se sentindo traída pela Justiça brasileira”, desabafou ela, à época.
Mas é assim, com protestos e total envolvimento com a classe de trabalhadores e população menos favorecida, que Marinor Brito avança no parlamento. Em 2012, ela voltou a disputar uma cadeira na Câmara Municipal de Belém. Não só ganhou, como em 2016 foi reeleita com o maior número de votos (13.997) entre os candidatos.
Daí, foi um salto para a Assembleia Legislativa, que já havia disputado, sem sucesso, em 2005. Nas eleições de 2018, a líder do PSol foi a 22ª deputada mais votada, ao ter a confiança de 43.178 eleitores. “Eu fui eleita para fiscalizar e para contribuir na alteração, na criação de leis que possam gerar condições que garantam e que ajudem a melhorar as condições de vida e garantir a dignidade das pessoas que moram em nosso Estado, filhos da nossa terra. Como tudo que eu faço na vida, encaro (o parlamento) com muita seriedade, com muita dedicação, com muito tempo de estudo e com muitas horas de trabalho”, pontua Marinor Brito, em entrevista ao Blog do Zé Dudu.
Na Alepa, é difícil não vê-la na tribuna se manifestando sobre algum tema ou aparteando os colegas. Ela não para quieta. “A gente tem obrigação, sobretudo quem escolheu viver na política, de buscar, no menor espaço de tempo possível – por isso, a pressa – a justiça social, o direito à liberdade. É o que me movem. Por isso, essa celeridade no trabalho, por isso essa busca permanente de interagir com os setores diversos para tentar fechar o cerco dessa ausência de direitos”, explica a líder do PSol ao se contrapor ao capitalismo, cujos parâmetros, diz ela, “não se aplicam para atender aos interesses da sociedade”.
Causas abraçadas
Nascida no município de Alenquer, Marinor Brito foi professora do ensino médio em Belém e ajudou a construir o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp). Como está sempre em busca de conhecimento, ela cursa agora a faculdade de Direito, até para compreender com maior profundidade a missão de legislar.
Na Alepa, a líder do PSol está em quatro comissões permanentes, responsáveis em emitir parecer técnico aos projetos antes de serem submetidos ao plenário. É presidente da Comissão de Cultura, vice-presidente da Comissão de Educação e titular das comissões de Ecologia e Meio Ambiente e de Direitos Humanos e de Defesa do Consumidor.
Mesmo atarefada, Marinor assumiu uma comissão externa temporária que tem exigido bastante trabalho: a de fiscalização das barragens de rejeitos de mineração, cujo relatório final será apresentado no início de agosto deste ano. Na Frente Parlamentar Feminina da Alepa, instalada em junho passado com as dez deputadas, a líder do PSol soma forças para apresentação de propostas que combatam a violência e discriminação contra a mulher, enquanto cobra do Governo do Estado políticas de proteção e independência econômica das mulheres.
“Somos 25% dos votos nesta Casa e conseguimos criar pautas comuns, que são permanentemente atualizadas. Isso interfere sobremaneira nessa lógica de relação do parlamento com o governo. Nós definitivamente botamos na pauta e cobramos do governo ações que resultem em melhorias econômicas, independência das mulheres”, diz Marino Brito.
Da tribuna, a líder do PSol defendeu a criação da CPI da Celpa, arquivada por falta de assinaturas, e denuncia tudo o que considera violação aos direitos humanos e desrespeito aos direitos do consumidor. Realizou sessão especial sobre a violência contra os idosos e apresentou o projeto de lei que amplia, para o âmbito estadual, as políticas de proteção à população LGBTI no Pará, a “Lei Babete”.
Na área de educação, Marinor Brito visita a escolas para averiguar denúncias de falta de condições de ensino e cobra insistentemente do governador Helder Barbalho que cumpra a promessa de campanha de pagamento do piso salarial dos professores.
Para a cultura, a atenção também é especial. Entre os projetos, há o que institui um sistema estadual de cultura fixado num tripé: na criação de um conselho para fiscalizar e propor políticas para o setor, criação de um fundo e criação de um plano de cultura, “para que todos os nossos artistas, nossos produtores culturais, para que essa nossa fortaleza cultural, com suas manifestações, possam ser valorizadas”, ressalta Marinor Brito.
E assim a líder do PSol não para. Agora em julho, no recesso parlamentar, ela até tenta dar uma freada, mas o assédio não permite. “Estou tentando tirar uns dias de descanso, mas vocês não deixam, né?”, brinca a deputada, que tem a preocupação de não negligenciar a função para a qual foi eleita.
“Faço oposição ao governo, mas respeitosa, qualificada. Estou procurando contribuir para que o Estado tenha dias melhores”, assegura Marinor Brito.
Por Hanny Amoras – Correspondente do Blog do Zé Dudu
Foto: Assessoria de Imprensa/Alepa