Por Dr. Olinto Vieira *
Escrevi uma coluna, certa vez, afirmando que, para mim, Jesus foi ( e é) um comunicador nato. Um amigo leu a coluna e me questionou dizendo que tal rótulo é muito pequeno diante da grandiosidade do Homem. Concordo plenamente com ele caso eu tivesse dito isso de forma isolada, mas eu afirmei que Jesus, entre muitas outras qualidades, foi um Grande comunicador; e foi mesmo. Um comunicador de verdade e “da Verdade”.
Repare que quando tinha aglomeração de gente diante Dele, o maior impacto para as pessoas era a forma calma e lúcida pela qual ele falava. As escrituras atestam isso. Quando o Menino Jesus tinha doze anos e arrebatou os doutores da lei com a sua inteligência, o que ele estava fazendo era se comunicar da forma adequada conquistando o respeito ( e a admiração) das pessoas. Quando curava os cegos, leprosos e aleijados, antes perguntava para eles: Você quer ser curado?
Tal pergunta fazia com que despertasse na pessoa uma valorização da sua cura e por consequência, um reconhecimento ao seu Poder.
Quando quiseram jogá-lo contra as autoridades constituídas da época, cobrando-lhe uma posição quanto aos impostos cobrados pelo imperador, ele deixou as pessoas sem ação quando disse: “ A César o que é de César; a Deus o que é de Deus”, deixando as pessoas sem saber o que dizer ante a simplicidade e profundidade da resposta!
Quando quiseram apedrejar a prostituta, deixou a multidão cabisbaixa e pensativa quando fez com que se lembrassem dos seus próprios pecados.
Até mesmo quando foi preso, respondeu de forma exemplar as perguntas dos seus algozes, sem se humilhar e nem ser arrogante, deixando clara a sua capacidade de ensinar mesmo diante de situações adversas. Então eu vejo que esses exemplos são por demais preciosos para ficarem sem relevância.
Todas as situações de conflito que atravessamos, sejam elas de âmbito regional ou mundial, passam por uma deficiência medonha de comunicação.
O Brasil inteiro viu, poucos dias atrás, durante visita a uma área de risco em Manaus, o prefeito Amazonino Mendes, atônito diante de uma moradora de sua cidade, vociferando desequilibradamente para a sofrida senhora, palavras impensadas, cheias de preconceito e destempero, mostrando o que um líder não deve fazer.
“Mandou” a mulher morrer ( Então morra, minha filha!) e menosprezou o Pará, “Então tá explicado ( só podia ser do Pará)!
Ao atiçar sua fúria para cima de uma pessoa extremamente carente, o prefeito mostrou o seu tamanho perante o Brasil, que o viu da forma real; foi uma atitude pequena, bairrista, desumana. E não foi apenas porque estava diante das câmeras e sim, porque é lamentável que se pense e fale daquela forma, ainda mais um líder, prefeito de uma capital, que tem milhares de destinos em suas mãos e parece não se dar conta disso.
Vi ali um moço atônito e incapaz, quando na realidade, pelo cargo que ocupa, deveria estar acalmando e tranqüilizando as pessoas. Não. “Desceu” até a pobreza para vilipendiá-la ainda mais com suas palavras, tripudiando da já alquebrada senhora, com seu sentimento indigno.
Lembrou-me o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quando levou uma descompostura do Rei Juan Carlos, da Espanha, por estar falando bobagens. O Rei o mandou calar a boca: “Porque não te calas?” Foi vergonhoso mas não tanto quanto para o Amazonino, que deve ter se sentido invulnerável ao discriminar tanto a pobre moradora, quanto o Estado do Pará. Mas, hoje em dia, infelizmente, o anormal é encontrar pessoas lúcidas, que pensam para falar e falam coisas com conteúdo de uma forma serena, sem deixar de dizer a verdade.
E olha que o jeito certo de falar foi ensinado há mais de dois mil anos atrás.
* – Mineiro de Teófilo Otoni, onde se formou em direito pela Faculdade de Direito de Teófilo Otoni, é procurador concursado do município de Parauapebas, onde reside desde 1999. Dr. Olinto (foto) também é o editor do Blog do Olinto.
1 comentário em “Cala-te, Amazonino !”
Oi Olinto!
O que me faz concordar com você 100% foi a capacidade e criatividade que Jesus teve em falar a maioria do tempo em Parábolas …..isso foi o máximo , pois até hoje independente de sabermos a história daquela época , conseguimos entender perfeitamente o que ele quis nos dizer. Muito oportuna a sua observação . E enquanto nós não cairmos na realidade que temos que servir um ao outro…….não julgar para não ser julgados….. Amar o próximo como a ti mesmo…..teremos pessoas como esse prefeito que você acima citou totalmente inseguro, precisando humilhar uma pessoa já tão humilde para se sentir superior o que não consegui….
Estou gostando do seu trabalho que somente agora descobri.