Na sessão de ontem (14) da Câmara de Parauapebas, o vereador Elvis Silva, popularmente conhecido como “Zé do Bode”, roubou a cena ao atacar, com maestria, uma fofoca que corre na cidade — com ares cada vez mais de realidade — sobre o aumento da passagem do transporte coletivo. E, segundo Zé do Bode, não é qualquer aumento. A tarifa deve pular dos atuais R$ 4 para R$ 5, um salto olímpico de 25%.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou os pontos do Requerimento nº 18 apresentado pelo parlamentar à Mesa Diretora da Casa de Leis para buscar entendimento com o prefeito Darci Lermen sobre a “história”, que, segundo Zé do Bode, é “o assunto que corre em todas as rodas de conversa” da cidade. Pela postura firme em defesa da população, ao criticar o aumento escalafobético que vem por aí, até mesmo o desafeto ideológico de Zé do Bode, o vereador Aurélio Goiano, aplaudiu-o de pé. E a plateia presente também o aclamou com efusividade.
De acordo com Elvis, o aumento de 25%, muito acima da inflação, pesa no bolso da população mais humilde. Essa parcela da população — que é a maioria dos 250 mil habitantes — tem nos micro-ônibus que fazem o transporte público o único meio acessível de deslocamento. E o vereador tem razão, se forem levados em conta dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o nome técnico da inflação oficial calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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O Blog do Zé Dudu puxou a inflação consolidada dos últimos 12 meses e observou que ela está em 11,73% no Brasil. No Pará, tendo a Grande Belém como referência, a inflação acumulada em 12 meses, de junho de 2021 a maio de 2022, é de 9,52%, sendo que o índice específico para o transporte público municipal no estado é de 11,11% — e, portanto, nada comparado à escalada de 25% que eventualmente se queira praticar em Parauapebas. Atualmente, as famílias paraenses gastam por mês 19,55% de seu orçamento com transportes, despesa que só fica atrás do “pão nosso de cada dia”, o alimento, que sequestra 27,73% dos ganhos, de acordo com o IBGE.
“É preciso que esse tipo de medida [o aumento da tarifa do transporte público] passe por esta Casa, para apreciação, questionamentos e sugestões de cada parlamentar, como legítimos representantes do povo que somos, para que possamos chegar a um denominador comum a fim de que a tarifa se ajuste à real condição financeira da população”, esbravejou o vereador, que recebeu apoio em massa dos colegas de parlamento.
Em Parauapebas, que embora seja reconhecida como cidade rica — notadamente porque sobrevive às custas da indústria extrativa mineral, que explora recursos finitos —, nem todo mundo “ganha bem”, como é o pensamento corrente fora dos limites municipais. Dados atualizados em abril deste ano do Cadastro Único, gerido pelo Governo Federal, revelam que a rica Capital do Minério tem cerca de 21.100 habitantes em condição de pobreza e outros 42.300 em situação de pobreza extrema, antes chamada de miséria. São pessoas que precisam, literalmente, optar entre almoçar e jantar e que não suportariam um aumento de 25% no custo do transporte público.
Subsídio tarifário de R$ 1,2 milhão
Em março, a Câmara aprovou uma lei municipal, a de nº 5.071, por meio da qual a Prefeitura de Parauapebas vai garantir injeção de R$ 1,2 milhão no ano para custeio parcial do serviço de transporte público municipal de passageiros, com a finalidade de cobrir parte dos custos operacionais do sistema, bem como cobrir o valor monetário negativo gerado pelo não pagamento integral das tarifas ou gratuidades estabelecidas em leis específicas, e manter o sistema em funcionamento.
A Central das Cooperativas de Transporte de Parauapebas, a Cooperativa de Transporte Rodoviário Coletivo de Palmares (Coopalmas) e a Cooperativa Mista de Prestação de Serviços, Administração de Contratos e Consumo dos Condutores Autônomos de Carajás (Coopavel) vão ratear R$ 100 mil mensalmente, cada uma recebendo conforme o volume de passageiros.
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2 comentários em “Câmara de Parauapebas ataca “fofoca” do aumento da passagem de transporte público”
Falta organização nesta cooperativa, os trajetos são longos e deficitários, veja o da Nova carajas, 1 h e 40m até C. Nova…
Aumento criminoso! Parabéns ao edil!