O inoxidável ex-prefeito de Parauapebas, Faisal Salmen, que fez história no município como político e médico, vai ser imortalizado na Câmara de Vereadores, onde, aliás, ele também foi parlamentar. Uma Resolução aprovada na última sessão da Casa de Leis e publicada nesta quinta-feira (28) no Diário Oficial do Município vai denominar o espaço do plenarinho da Câmara como “Plenário Faisal Salmen”, em homenagem àquele que foi o primeiro prefeito da Capital do Minério, entre 1989 e 1992. A medida começa a valer a partir de hoje.

A ideia partiu do vereador Elvis Silva, o “Zé do Bode”, e foi endossada por todos os demais colegas de parlamento. Com o batismo do plenarinho, o Poder Legislativo municipal está autorizado a confeccionar e afixar placa de identificação em homenagem a Faisal no ambiente. A propósito, não seria a primeira placa com o rosto de Salmen, já que está no quadro de vereadores (e ex-vereadores) da Casa.

Em justificativa de homenagem a Faisal, Zé do Bode destacou que o inesquecível gestor preenche todos os requisitos como cidadão de bem que, por décadas, marcou a história de Parauapebas, como pediatra, político e empresário do ramo de agronegócio, “trabalhando incansavelmente pela emancipação político-administrativa de Parauapebas, assim como pelo futuro do município”.

Figura polêmica da anedota e do folclore político local, Faisal era paulista de nascimento, mas parauapebense de coração, tendo participado ativamente, lá atrás, para tornar o município a potência nacional que é hoje. Ele atuou desde o desmembramento de Marabá até a reivindicação dos royalties de mineração para aplicação dentro dos limites de Parauapebas.

As peripécias de Faisal

Entre tantos episódios marcantes nos quais esteve envolvido ou que protagonizou, consta um, de 1992, em que ele ficou “preso” quase uma semana na prefeitura, praticamente sem direito a comer, beber e a dormir, refém de sindicalistas e servidores públicos que estariam a cobrar pagamento do décimo terceiro salário atrasado.

Os manifestantes teriam levado rádios portáteis no último volume e tambores à porta da sala na qual Faisal estava trancafiado na prefeitura, que naquela época estava localizada no espaço onde hoje está erguido o Fórum. A intenção era não deixar o então prefeito dormir e ficar “esperto” para se rebolar para quitar os atrasados. Há registro de que a energia e a linha de telefone do prédio chegaram a ser cortadas pelos sindicalistas para evitar a comunicação de Faisal com o mundo exterior.

Reza a lenda ainda que, na aflição, ele fumava desesperadamente, até que conseguiu contato com um banco para cobrir os salários. No frigir dos ovos, Faisal teria saído da sala onde estava “preso” sã, salvo, radiante e cumprimentando a todos, com sorriso e aperto de mãos, como se absolutamente nada tivesse acontecido, digno de comportamento de um verdadeiro político.

A vida de Faisal começou a ficar desanimada quando descobriu um câncer no intestino em 2019. Ele foi operado, teve complicações no pós-operatório, foi operado de novo, ficou na UTI, saiu, pegou covid duas vezes e vinha lutando em prol de saúde. Faleceu em 2021 e sua morte causou grande comoção e tristeza em Parauapebas.