Os três municípios da Região Norte que mais dependem da atividade mineral e, por isso, ostentam recursos financeiros que esmagam a concorrência são também os que mais gastam para sustentar a Câmara de Vereadores local. Canaã dos Carajás, Curionópolis e Parauapebas fez cada cidadão tirar do bolso pelo menos R$ 70 no primeiro semestre deste ano para manter o Poder Legislativo, conforme informações declaradas pelos respectivos governos ao Tesouro Nacional.
O Blog do Zé Dudu puxou a ficha de 57 prefeituras que declararam adequadamente suas despesas do 3º bimestre por meio do Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) e constatou que os repasses conjuntos ao Legislativo totalizaram uma montanha de R$ 120,5 milhões. Os parlamentos que mais receberam recursos foram o de Belém, R$ 25,2 milhões, e o de Parauapebas, R$ 15,9 milhões.
A Prefeitura de Parauapebas, segunda mais rica do Pará depois de Belém, repassou à Câmara de Vereadores local mais que o dobro de Marabá, onde o parlamento recebeu no primeiro semestre R$ 7,03 milhões — e detalhe: Marabá tem mais vereadores que Parauapebas. Também gastou mais que as prefeituras de Ananindeua (R$ 8,06 milhões) e Santarém (R$ 6,33 milhões), municípios bem mais populosos e com número mais elevado de vereadores também.
Despesa por habitante
Proporcionalmente, a maior despesa por habitante de uma prefeitura com a câmara está em Canaã dos Carajás. No rico município, que se sustenta pela indústria extrativa mineral realizada pela multinacional Vale, foram gastos cerca de R$ 92 por pessoa no primeiro semestre deste ano para manter de pé a Casa de Leis. Ao todo, a Prefeitura de Canaã liquidou R$ 3,31 milhões com o Poder Legislativo.
Em segundo lugar está outro município igualmente dependente da mineração e da Vale: Curionópolis. A prefeitura local liquidou nos primeiros seis meses do ano R$ 1,57 milhão em despesas com a Câmara. Na prática, cada um dos 18 mil habitantes de Curionópolis desembolsou no período pelo menos R$ 87 para manter a sede do parlamento em funcionamento.
Parauapebas, onde a prefeitura liquidou R$ 15,9 milhões em despesas com o Legislativo, é o terceiro município do Pará cujos impostos da população mais são usados para sustentar a Câmara. Em média, R$ 78 saíram do bolso de cada parauapebense em seis meses para pagar as despesas da Casa de Leis. Xinguara (R$ 56) e São João da Ponta (R$ 53) endossam o filão das despesas por habitante, com moradores que pagam no mínimo R$ 50.
No outro extremo, o município de Primavera é o lugar no qual a população gastou menos com os vereadores: R$ 6,61. Ele é acompanhado de Bragança (R$ 12,44), São Miguel do Guamá (R$ 13,62) e Marituba (R$ 13,92). Confira quanto a prefeitura de seu município liquidou no primeiro semestre deste ano com a Câmara local e a média da despesa por habitante!