Camisa oficial da Seleção Brasileira esgotou e modelo pirata faz a festa dos marreteiros

Nike, fornecedora oficial da indumentária, informa que produto esgotou ainda no período eleitoral
“Compras superaram todas as previsões positivas”, disse em nota a Nike

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Brasília – A um dia do início da Copa do Mundo no Qatar 2022, a alta demanda da camisa oficial da Seleção Brasileira esgotou antes mesmo do final das eleições, em 30 de outubro, informou a Nike, fornecedora oficial dos uniformes da seleção canarinho. Já não havia mais em estoque o modelo que os jogadores usarão em campo. “Compras superaram todas as previsões positivas”, disse, em nota, a fabricante.

O fenômeno vem fazendo a festa de marreteiros de todo o país que não têm do reclamar. As vendas bombaram e em alguns pontos de comércio popular a camisa “desapareceu”.

Modelo alternativo no site da Nike, custa R$ R$ 299,99 à vista

Torcedores retardatários só encontram modelos diferentes do que será usado em campo pelos jogadores, mesmo se o interessado acessar o site oficial da empresa americana de artigos esportivos. A alternativa é comprar na mão de marreteiros e lojas que comercializam cópia de produtos sem selo de garantia.

Os preços variam de R$ 70,00 a R$ 400,00, dependendo da qualidade do tecido e do bordado dos brasões. Há produtos de fundo de quintal que são mal feitos, mas mesmo assim, tem saída garantida para um público ávido por vesti-la.

O selo oficial da Nike é falsificado na maioria dos modelos piratas vendidos no comércio

Pelos preços oficiais no site da Nike, o calção azul e a camisa amarela, confecionados em tecido tecnológico e com uma marca d’água em formato de pata de onça pintada, custavam, o conjunto, R$ 800,00 e os estoques esgotaram em tempo recorde ainda no mês passado.

Inflação não impediu boom de vendas

Além da Copa, que começa neste domingo, 20, as eleições e as manifestações de bolsonaristas, que adotaram a camisa verde e amarela como uniforme, ampliaram a procura.

De acordo com um comerciante de uma loja de material esportivo num dos maiores Shoppings de Brasília, os pedidos foram feitos em novembro de 2021, mas, até agora, o local não recebeu nem 1% do solicitado à empresa. “Perdemos muita venda por aqui. A todo momento temos de explicar aos clientes que o produto está em falta.”

A qualidade do produto original é quase impossível de ser falsificado. Há vários padrões exclusivos da Nike na fabricação dos uniformes

Os produtos também estão em falta na “fonte”. No site da Nike, na aba especial para a Seleção Brasileira, nesta sexta, 18, era possível apenas encontrar algumas coleções especiais, como camisas com cores mais chamativas, com o símbolo da CBF, mas que não são as de jogo, além de shorts e blusas.

Tampouco há exemplares da “amarelinha” no catálogo da rede Centauro, que faz parte do mesmo grupo da Nike no Brasil, o SBF. No endereço eletrônico da varejista, não há peças e, nas redes sociais, quando consumidores questionam se haverá reposição, a empresa afirma que não há certeza se isso acontecerá até o início da Copa. “Por ora, estamos sem camisa da seleção. Estamos fazendo o possível para repor antes da Copa. Porém, ainda não temos previsão”, disse o perfil oficial da Centauro no Instagram na aba de comentários de uma das publicações. As dúvidas de clientes na internet remontam há, ao menos, cinco semanas.

Questionada, a Nike, via Fisia, a distribuidora oficial da marca no Brasil, informou que a companhia está, desde agosto — quando os materiais foram lançados — trabalhando em ritmo acelerado para suprir as demandas. “A marca informa que algumas peças se esgotaram no mercado e, apesar do desabastecimento momentâneo, novos produtos estão sendo disponibilizados para reposição semanalmente e reforça que as camisas também podem ser encontradas em outros pontos de venda do mercado, enquanto durarem os estoques.”

Piratas e inflação

As camisas titular e reserva custam 349,99 reais na versão masculina e feminina para adultos. O modelo infantil sai por 299,99. O preço da camisa na versão adulta subiu 16% em relação à anterior, lançada no fim de 2020, que custava 300 reais. O preço salgado não foi obstáculo para a explosão das vendas.
A falta das camisas oficiais acabou abrindo uma brecha para os falsificados, diz uma revendedora de produtos oficiais no comércio de rua de Brasília. Há inúmeras barracas com camisas fake cheias. A todo momento as pessoas paravam para perguntar os preços — que chegavam a R$ 100, quase um terço do valor da original.

Um marreteiro dono de três bancas de artigos esportivos no local, disse que muitos clientes não querem comprar a camisa amarela por causa da política. O cenário em 2018 era outro. “Há quatro anos as vendas eram um ‘pipoco’”. Na época, ele costumava vender em média 250 camisas por dia. Nesta edição da Copa, o número não passa dos 60.

As réplicas comercializadas nos estabelecimentos “alternativos” custam em torno de R$ 90, chamadas de primeira e segunda linha.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.