Com o tema Sou Livre da Escravidão, a Fundação Pan-Americana para o Desenvolvimento (PADF) lançou na tarde desta quinta-feira, 25, uma campanha de conscientização para ajudar a combater o trabalho análogo à escravidão no Pará. O evento contou com uma coletiva de imprensa e ainda a presença de representante da Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEIRDH), do Ministério Público do Trabalho e da Clínica de Combate ao Trabalho Escravo e do Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará (UFPA). Participam da coletiva, também, representantes das organizações Comissão Pastoral da Terra (CPT) e SODIREITOS, com atuação na região. A campanha é financiada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos como parte das ações da PADF no Pará.
A campanha de comunicação tem como objetivo ajudar o público a reconhecer situações de exploração do trabalho semelhante ao de escravo, e a utilizar canais oficiais de denúncia como o Disque 100, serviço oferecido pelo Ministério de Direitos Humanos e Cidadania. Spots de rádio, vídeos para emissoras de TV, outdoors, cartazes e outros materiais impressos e digitais foram criados a partir de entrevistas que incluíram alguns trabalhadores rurais. Nas fotografias utilizadas em algumas peças da campanha estão representadas funções desses trabalhadores nas fazendas, como o Vaqueiro (que trabalha diretamente na lida com o gado), o Motoqueiro (que opera a motoserra na derrubada de árvores) e a Severina (mulher geralmente responsável pelas tarefas domésticas).
O foco da campanha são os municípios de Marabá, Ulianópolis e Itupiranga, onde a PADF atua por meio do Programa Trabalho Justo, com ações que visam a erradicar o trabalho análogo ao de escravo na pecuária, no Pará. Para Irina Bacci, diretora técnica do programa no Brasil, a ideia é que a campanha incentive o público a se identificar como defensor do trabalho justo, reforçando mensagens sobre o que caracteriza o trabalho análogo ao de escravo, que pode envolver: trabalho forçado, jornadas exaustivas e sem descanso, condições degradantes, sem acesso à água potável, banheiros ou instalação de cozinha, e ainda servidão por dívidas, contraídas ilegalmente para custeio de alimentação, moradia, transporte e ferramentas de trabalho.
“A campanha Sou Livre da Escravidão tem o objetivo de conscientizar trabalhadores e trabalhadoras rurais sobre seus direitos. O Pará tem um desafio grande em relação ao desmatamento e o governo tem feito todos os esforços para combater o desmatamento ilegal e zerá-lo até a COP-30. A campanha é um convite a todas as pessoas e atores interessados a igualmente se comprometer com a promoção do trabalho decente nas fazendas de pecuária do estado e ter uma cadeia produtiva livre não somente do desmatamento, mas também do trabalho escravo” afirma Irina.
Combate à escravidão no Pará
O Estado do Pará teve 8.971 pessoas resgatadas em situações de exploração em atividades de pecuária, entre os anos de 1995 e 2023, de acordo com o Radar SIT do Ministério do Trabalho e Emprego. O Brasil é o segundo maior produtor e exportador mundial de carne bovina, conforme dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), e o Pará é o segundo estado da Amazônia Legal a concentrar mais cabeças de gado – 24,7 milhões.
O desmatamento é frequentemente associado a operações de pecuária clandestina, o que pode incluir a exploração de trabalhadores. Na maioria das vezes, os sobreviventes do trabalho análogo ao de escravo no setor da pecuária são homens jovens, pretos e pardos, de baixa escolaridade, trabalhadores domésticos ou migrantes internos.
A PADF realiza, por meio do Programa Trabalho Justo, diversas ações de prevenção a violações de trabalho análogo ao de escravo na pecuária paraense e atua, também, na ampliação do acesso aos mecanismos de proteção aos chamados sobreviventes (que foram resgatados de condições de trabalho semelhante à escravidão). A organização ainda auxilia o aprimoramento de medidas de processos contra crimes de trabalho análogo ao de escravo.
Uma das ações mais recentes foi o apoio para a implementação da Clínica de Combate ao Trabalho Escravo da UFPA, no final de 2023. A clínica, que ampliará a formação de alunos de direito da universidade e de organizações parceiras, foi contemplada por um edital da PADF para seleção de projetos de Organizações da Sociedade Civil para Engajamento e Produção Comunitária, e atendimento de trabalhadores e trabalhadoras sobreviventes e vulneráveis ao trabalho análogo ao de escravo na pecuária no estado do Pará.
Sobre a PADF
A Fundação Pan-Americana para o Desenvolvimento (PADF) acredita na criação de um hemisfério de oportunidades para todas as pessoas. Trabalhamos em toda a América Latina e o Caribe para fazer nossa região mais forte, saudável, pacífica, justa, inclusiva, resiliente e sustentável para gerações atuais e futuras. Há 60 anos, servimos as comunidades mais vulneráveis, investindo recursos em todo o hemisfério. Trabalhamos em parceria com a sociedade civil, governos e o setor privado pelo bem da região.
1 comentário em “Campanha educativa contra o trabalho escravo é lançada em Marabá”
Os servidores da prefeitura trabalham em regime de quase escravidão, sem aumento já há cinco anos vivem de bicos, se sujeitando aos comissionados do prefeito em busca de uma portaria.