Desde as primeiras horas da manhã desta segunda-feira (23) um grupo de trabalhadores rurais sem-terra, ligados à Fetagri (Federação dos Trabalhadores da Agricultura), no Pará, interdita a Rodovia BR-222, à altura de Abel Figueiredo, no sentido de Marabá.
Eles representam cerca de 350 famílias que ocupam a Fazenda Gaúcha, localizada em Bom Jesus do Tocantins, e exigem que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) efetue o assentamento de todas, uma vez que a Justiça Federal proferiu sentença favorável a elas no final de 2018.
O advogado José Batista Afonso, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), explicou ao Blog do Zé Dudu que a propriedade está localizada em terra da União e, ao examinar processo movido pelo próprio Incra, o juiz da 2ª Vara Federal de Marabá deu ganho de causa ao instituto.
Na sentença, ele autoriza a imissão de posse da terra para posterior assentamento das famílias. Entretanto, nada foi feito porque, desde o final do Governo Temer, no País inteiro, todos os processos de novos assentamentos foram suspensos. Decisão essa mantida pelo presidente Jair Bolsonaro.
A Fazenda Gaúcha, em Bom Jesus do Tocantins, pertencia à empresa Jacundá Agropastoril, de propriedade do empresário e pecuarista paulista Lucas Carlos Batistela. Tem uma área de 17 mil hectares e desde o ano de 2005 é reivindicada pela Fetagri para assentamento de cerca de 350 famílias.
Assassinato ainda não esclarecido
Os manifestantes também exigem uma resposta da Polícia Civil e da Justiça Estadual a respeito do assassinato de um dos líderes do acampamento, Jair Cléber Alves dos Santos, há cinco anos.
Na época, segundo o site da Polícia Civil do Pará, foi preso André Santos de Souza, de apelido “Neguinho”, funcionário da propriedade rural, acusado como uma das pessoas que teriam atirado contra um grupo de camponeses, entre os quais Jair Cléber. Mas, segundo os manifestantes, o processo estancou. “A informação é que o processo investigação está em curso, mas, até agora, ninguém foi responsabilizado”, informou Batista Afonso.
O Blog contatou com a Assessoria de Comunicação da Superintendência Regional do Incra, em Marabá, que ficou de enviar, ainda nesta tarde, uma nota sobre a reivindicação dos camponeses.
Por Eleutério Gomes – de Marabá