Canaã bate Parauapebas e assume liderança da produção mineral no Brasil

Ano de 2024 foi dos feitos inéditos na indústria mineral: além de Canaã, que passou Parauapebas, Marabá ocupou, pela primeira vez, 3º lugar nacional, e pódio foi inteiramente paraense. Blog já havia prenunciado tudo. Pará não conseguiu superar Minas Gerais, embora Vale produza o dobro por aqui.

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Enfim, a profecia sobre a Terra Prometida se concretizou. Pela primeira vez na história, o município de Canaã dos Carajás assumiu a liderança de maior produtor de recursos minerais do Brasil, em linha com o que repórter do Blog do Zé Dudu já havia antecipado 12 anos atrás no portal Pebinha de Açúcar e, desde 2018, aqui mesmo no Blog do Zé Dudu, contrariando céticos.

Em 2024, as empresas atuantes no município de Canaã dos Carajás movimentaram R$ 37,854 bilhões em recursos minerais, ao passo que de Parauapebas foram extraídos R$ 37,283 bilhões. A disputa entre “mãe” e “filho” foi emocionante e decidida nos “acréscimos”, uma vez que apenas meio bilhão de reais em operações minerais separaram a Terra Prometida da Capital do Minério.

A vantagem de Canaã sobre Parauapebas deve, de agora por diante, tornar-se constante e mais vigorosa. A bem da verdade, Parauapebas ainda é o maior produtor de minério de ferro do país, com R$ 37,07 bilhões em 2024, contra R$ 34,321 bilhões de Canaã dos Carajás. Canaã, aliás, só levou vantagem no geral porque produz minério de cobre, que incrementou em R$ 3,52 bilhões a sua cesta.

Para completar o pódio, o Pará também emplacou Marabá como o 3º maior produtor de recursos minerais do Brasil, no período de um ano, desempenho inédito e épico, conforme também prenunciado pelos portais Pebinha de Açúcar e Blog do Zé Dudu ao longo dos últimos anos. Maior extrator de minério de cobre do país, Marabá rendeu às mineradoras a impressionante fortuna de R$ 11,916 bilhões, superando o município mineiro de Conceição do Mato Dentro (R$ 11,27 bilhões), maior produtor de minério de ferro lá em Minas Gerais.

O ranking dos 10 municípios onde as empresas mineradoras mais produziram minérios no Brasil em 2024 é o seguinte:

1º Canaã dos Carajás — R$ 37.854.388.364,19

2º Parauapebas — R$ 37.283.473.585,41

3º Marabá — R$ 11.916.139.217,92

4º Conceição do Mato Dentro (MG) — R$ 11.270.084.449,02

5º Congonhas (MG) — R$ 9.933.087.816,12

6º Itabira (MG) — R$ 9.546.081.518,46

7º Itabirito (MG) — R$ 9.119.234.961,99

8º São Gonçalo do Rio Abaixo (MG) — R$ 7.759.020.278,12

9º Nova Lima (MG) — R$ 7.619.767.386,55

10º Mariana (MG) — R$ 7.608.806.587,93

Taca de Minas Gerais

Em 2019, o Pará chegou ao topo e se tornou o maior estado minerador do Brasil. Ele atravessou a pandemia liderando as estatísticas da Agência Nacional de Mineração (ANM), em 2020 e 2021, mas perdeu o fôlego nos anos seguintes para o tradicional campeão, Minas Gerais. Ano passado, mais uma derrota: Minas movimentou R$ 108,264 bilhões em recursos minerais, enquanto o Pará contribuiu com R$ 97,643 bilhões. A vantagem de Minas em relação ao Pará é praticamente a operação extrativa realizada pelo terceiro colocado, o estado de São Paulo, onde foram movimentados R$ 10,338 bilhões.

Mas a geografia pode explicar essa quase perpétua liderança de Minas Gerais: o estado tem 853 municípios, e houve atividade mineral rentável em 523 deles, o equivalente a 61% do total. Já no Pará, que possui 144 municípios, a mineração se fez presente em 72 localidades em 2024, exatamente metade do total. Além disso, a atividade mineral paraense é altamente concentrada em apenas três municípios (Canaã, Parauapebas e Marabá), que juntos respondem por 89% das operações do estado.

A toda-poderosa Vale

Em 2024, a mineradora multinacional Vale — imbatível no país quando o assunto é produção mineral — movimentou R$ 88,268 bilhões no Pará em extração mineral, 90,4% do total. Desse montante, R$ 37,845 bilhões foram retirados do solo de Canaã dos Carajás; R$ 37,054 bilhões saíram do território de Parauapebas; R$ 11,652 bilhões foram oriundos da província mineral em Marabá; e R$ 1,86 bilhão partiu de Curionópolis.

No Pará, a Vale usa identidade própria, mas também disfarces como “Salobo Metais” e “Onça Puma”. A subsidiária Salobo Metais, diga-se de passagem, é uma espécie de “puxadinho” só para extração de metais básicos, como o cobiçado cobre. É aqui no estado que a Vale obtém lucros estratosféricos, já que sua produção em Minas Gerais, no valor de R$ 43,912 bilhões, é menos da metade do Pará.

A atividade financeira das empresas Mineração Paragominas (R$ 2,183 bilhões), Mineração Rio do Norte (R$ 2,077 bilhões), Alcoa (R$ 1,079 bilhão), Avanco (R$ 664,38 milhões), Imerys (R$ 558,81 milhões), Ligga (R$ 479,73 milhões), Brazauro (R$ 438,28 milhões) e Chapleau (R$ 225,71 milhões) parece brincadeira de criança quando confrontada com a “bagatela” embolsada pela Vale.

Por André Santos

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