Em cinco anos, um trabalhador comum de Canaã dos Carajás viu o salário no contracheque aumentar em, pelo menos, R$ 1.314. Canaã, não é demais lembrar, é um dos municípios mais prósperos do Brasil e que se sustenta à sombra da indústria extrativa mineral praticada pela multinacional Vale, com seus projetos de lavra de ferro e cobre. No mesmo período, a média de aumento no Pará foi de R$ 552. Essa é a demonstração clara do crescimento econômico desigual entre os municípios de um mesmo estado, onde há forte vocação mineral numa pequena porção do território e elevado apelo à agropecuária na maior parte do chão paraense.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que recortou dados do recém-lançado “Anuário Estatística do Pará 2019”, assinado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), vinculada ao Governo do Estado. A Fapespa bebeu da fonte da última Relação Anual de Informações Sociais (Rais) disponível, enquanto o Blog do Zé Dudu analisou os dados brutos coletados e disponibilizados pela Fundação.
Além dominar o ganho absoluto em cinco anos, Canaã dos Carajás também paga hoje a maior média salarial do Pará: R$ 3.594. Em 2013, o município apenas assistia à troca de posições entre Altamira, Belém e Parauapebas, que vinham se revezando na ostentação dos maiores salários no estado.
Atualmente, além de Canaã, outros quatro municípios tiveram ganho real de mais de mil reais na série de cinco anos: Mojuí dos Campos (R$ 1.207), Jacareacanga (R$ 1.151), Almeirim (R$ 1.063) e Primavera (R$ 1.015). Na outra ponta, três municípios experimentaram perda na média de rendimentos.
Altamira e Vitória do Xingu
Com vidas transformadas inteiramente no início da década por conta da construção da Hidrelétrica de Belo Monte, Altamira e Vitória do Xingu, no coração do Pará, viram o rendimento dos trabalhadores locais despencar entre o pico das obras e sua conclusão. Em 2013, a média salarial em Altamira era a maior do Pará (R$ 2.938), mas caiu R$ 629 até chegar em 2017 (R$ 2.309). Em Vitória do Xingu, a média de ganhos despencou R$ 185 (de R$ 1.955 em 2013 para R$ 1.770 em 2017).
Outro município onde o trabalhador assistiu à redução da remuneração foi em Muaná, cuja média passou de R$ 2.280 para R$ 2.130 — isto é, encolheu R$ 150. Entre os municípios que até cresceram, mas cresceram menos, estão Floresta do Araguaia, com aumento médio de apenas R$ 5,79 em cinco anos e Ourilândia do Norte, com pouco mais de R$ 125.
Hoje, a menor remuneração média é paga em Bagre, cerca de R$ 1.010 — pouquíssimo mais que um salário mínimo. Confira o ranking dos maiores e menores salários dos municípios do estado!