Vladimir Picanço Ivanovitch, tesoureiro afastado, desde o início deste mês do Sispumcac (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Canaã dos Carajás), resolveu quebrar o silêncio acerca do assunto e se manifestou por meio de Nota Pública, na qual dispara acusações contra a presidente da entidade sindical, Shuery Campos Barros, e denuncia que praticamente foi coagido a renunciar.
Ele começa relatando que ainda quando o presidente era Raymisson da Silva Gomes e Sheury era a vice, ela “se mostrou muito interessada em movimentar a conta financeira do Sispumcac", solicitando, inclusive, uma procuração para essa finalidade. “E, logo em seguida, a vice-presidente me solicitou também uma procuração para fins de movimentar a conta. Na época indaguei por qual motivo da solicitação das procurações, a mesma não soube se justificar”, relata Ivanovich.
O tesoureiro afastado conta que, no decorrer dos trabalhos financeiros da entidade, todas as despesas fixas foram pagas por ele, mas, em relação às despesas da presidente Sheury Barros, houve muitas divergências entre os dois. “Para começar não concordava da maneira que ela vinha fazendo as suas despesas, exemplo: gastos com combustível que os valores chegavam até R$ 800,00 por mês em seu carro; despesas com manutenção com sua moto de uso particular, com valor que chega até R$ 434,00 e outras mais”, afirma.
Na época, prossegue Picanço, Sheury o informou que estava pensando em pagar para a secretária do sindicato um salário entre R$ 1.000,00 e 1.200,00. Ressalta ele que a secretária é companheira da presidente. “Na ocasião informei que o sindicato não teria renda suficiente para arcar com mais uma despesa com grande valor, pois é obrigação minha zelar pelo patrimônio financeiro do sindicato”, relata ele.
Por esses motivos, afirma, a presidente começou a exclui-lo do grupo da diretoria do sindicato, assim como os demais membros da diretoria, alegando que ele estava atrapalhando o desenvolvimento do trabalho da entidade. Em verdade, afirma, ele não concordava “com as despesas exorbitantes que vinham sendo feitas pela presidente Sheury”.
“Mais um detalhe, que a presidente Sheury vinha pedindo cheques em branco já com a minha assinatura. Na época informei que tal prática poderia ocasionar problemas futuros, mas a mesma nunca levou em consideração as minhas preocupações com a parte financeira do sindicato”, denuncia.
Em contrapartida, ainda conforme a Nota Pública, a presidente sempre procurou denegrir a imagem dele, alegando que Vladmir queria ser dono do sindicato. “Mas na verdade só queria fazer meu trabalho como tesoureiro fazendo o controle das despesas”. “Passados os dias a secretária do sindicato me ligou informando que eu deveria entregar o livro de caixa, juntamente com as notas de despesas e blocos de cheques, bem como assinar a minha renúncia do cargo”, narra Vladimir Picanço Ivanovich, afirmando ter informado que não iria entregar os documentos nem assinar a renúncia, pelo fato de Sheury Campos Barros não prestar contas de alguns cheques de despesas que fez nem de cheques que sacou em seu nome com os seguintes valores: R$ 400,00, R$ 300,00; R$1.600,00; R$ 4.000,00 e R$ 4.000,00.
“Pelo fato da mesma se recusar entregar as notas de despesas acima citadas, não pode manter um acordo com a mesma”, afirma ele, contando que na última quinta-feira (3), por volta das 13h30, os membros do Conselho Fiscal e secretária do sindicato estiveram na casa dele, solicitando que entregasse os documentos e assinasse a renúncia. “Onde frisei os pontos pelo qual não faria o que solicitaram, e no momento começaram a me intimidar e me ameaçaram falando que eu sofreria as consequências”, denuncia.
“Aos filiados deste sindicato venho informar respeitosamente que não cometi nenhuma irregularidade e só fui afastado pelo fato de querer zelar pelo bem de cada um que é descontado todo mês do seu salário suado”, finaliza a Nota.
Outro lado
Presidente do Sispumcac diz que Vladimir não cumpria sua função. Por telefone e pelo WhatsApp, a presidente do Sispumcac, Sheury Campos Barros, falou com o Blog e se manifestou acerca das denúncias feitas por Vladimir Ivanovich. Sobre os cheques em branco, ela informou que a solicitação foi feita em virtude de Vladimir não ter tempo para cumprir com as tarefas do sindicato. E ela, por seu turno, tomava a frente da instituição.
“Na verdade, isso não é culpa minha. É culpa dele, que não exercia a função dele no sindicato corretamente. Eu fui obrigada a pegar os valores por ele não disponibilizar tempo para o sindicato”, afirma ela.
Em momento algum, segundo a presidente, o então tesoureiro prestava serviço para o sindicato, não ficava na sede para fazer os pagamentos, nem cumprir com as necessidades financeiras. “Então, eu tinha que fazer saques, pegava um cheque em branco no valor de R$ 2.000,00 ou R$1.000,00, por exemplo, e sacava pra poder fazer os pagamentos. Ele é agente patrimonial e nas horas vagas faz prestação de serviço com refrigeração e elétrica. Aí, para o sindicato, nunca tinha tempo”, justifica.
A respeito do valor gasto com sua motocicleta e os R$ 800,00 de combustível para seu veículo de uso particular, segundo a presidente, a despesa ocorreu devido a um deslocamento feito a serviço do sindicato. “Houve um mês em que eu gastei muito com combustível porque tive que ir umas duas vezes a Marabá, porque a gente estava organizando a entidade na Receita Federal. E eu coloquei o meu carro à disposição da entidade que, no mínimo, tem que colocar o combustível, a manutenção do carro é toda por minha conta, mas combustível não”, argumenta.
Em relação aos gastos com moto, ela afirma que parou de ceder seu carro ao sindicato e a entidade ficou engessada por não ter meio de transporte. “Então eu propus que eles arrumassem a minha moto, que estava com problemas, e eu a deixaria a disposição do sindicato e todos concordaram, inclusive o próprio Vladimir, tanto que a moto está até hoje lá”, relatou Sheury Campos.
A presidente do Sispumcac falou também acerca da não prestação de contas, afirmando não ter ocorrido por culpa do agora ex-tesoureiro: “Eu lancei um edital de convocação pra fazer uma prestação de contas no dia de 15 de abril, só que não consegui fazer porque o próprio tesoureiro, Vladimir, sumiu com as notas, com o livro caixa e com os cheques e eu não tive como fazer. Na verdade, ele se apossou de toda a parte financeira e eu não tive como fazer a prestação”.
Sheury Campos informou que já registrou Boletim de Ocorrência na Polícia Civil contra Vladimir Ivanovich, pois pretende processá-lo por calúnia e difamação. Disse ainda que o afastamento foi solicitado com base no estatuto e que em momento algum ele foi ameaçado. “O nosso estatuto fala que, no período de 30 a 60 dias, o diretor que faltar a cinco reuniões consecutivas pode ser afastado. Embasada nisso, eu o afastei, fiz uma assembleia extraordinária e o seu afastamento foi aprovado e Vladimir foi substituído pelo conselheiro fiscal. E é por isso que ele está fazendo esses relatos, essa calúnia e difamação. E quero também que ele devolva os documentos do sindicato”, concluiu.
Além do esclarecimento, Sheury Campos enviou ao Blog reproduções fotográficas de vários documentos como o BO, denúncia ao Ministério Público, convocação da assembleia-geral, notificação de Vladimir Ivanovich, recibos de pagamento da secretaria do sindicato, todos no valor de R$ 500,00, entre outros papeis.