A administração de Josemira Gadelha abriu uma senhora chamada pública para credenciar empresas interessadas em prestar serviços médicos complementares na rede de saúde de Canaã dos Carajás, município mais próspero, economicamente, do Brasil. Diversas especialidades estão sendo requisitadas no pacote que tem generosos R$ 32,976 milhões para pagar os serviços — uma “merreca” diante do faturamento de R$ 1,36 bilhão líquidos previstos como receita local este ano.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu e podem ser conferidas aqui. O Blog folheou o edital da chamada e observou que o credenciamento das juntas interessadas poderá ser feito entre os próximos dias 23 e 27. Vale destacar que Canaã dos Carajás não é o primeiro nem será o último a realizar esse tipo de contratação, que, aliás, este ano, tem sido frequente no Pará.
Vários municípios têm aberto credenciamento de empresas para serviços médicos. Marabá, Tucuruí, São Félix do Xingu, Eldorado do Carajás já deram o primeiro passo. O próprio Canaã abriu em junho pregão eletrônico (relembre aqui) para fechar contrato de médicos generalistas, médicos intensivistas e fisioterapeutas devido à insuficiência de profissionais do quadro próprio para as demandas locais de saúde.
Na chamada pública do momento, a Prefeitura de Canaã dos Carajás diz que a medida vai garantir o acesso aos serviços de saúde pelos cidadãos que necessitem de atendimentos de urgência e emergência, procedimentos cirúrgicos e serviços ambulatoriais, “uma vez que o município não dispõe de profissionais em número suficiente” para fazê-lo.
O governo local observa ainda que a decisão objetiva garantir serviços essenciais de saúde, aumento da capacidade de realização de atendimentos, diminuição das filas de espera e promoção de maior qualidade, eficácia e efetividade no atendimento aos pacientes. Pelo contrato, será garantido atendimento ininterrupto e não haverá, por exemplo, ausência de pessoal técnico qualificado para realizar os atendimentos.
Desafios à rede de saúde
Por ser município alvo de explosão demográfica — inclusive com população subestimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que deve divulgar apenas 39 mil habitantes nos próximos dias, enquanto só eleitores biometrizados são 41 mil —, Canaã vê sua demanda por serviços de saúde crescer diuturnamente, e enfrentar os meses mais duros da pandemia de coronavírus, em 2020, não foi tarefa fácil. Mesmo muito rico, o município não tinha um leito de UTI disponível sequer.
Os desafios se seguem e são listados em documento da prefeitura para justificar a chamada pública. Além da escassez de médicos, o governo municipal reconhece a demora dos atendimentos dentro dos ambientes hospitalares, a baixa oferta de serviços especializados, a dificuldade referente a atendimento e reavaliação de pacientes atendido na urgência e emergência do Hospital Municipal Daniel Gonçalves, a morosidade nas visitas aos pacientes na clínica médica, pediátrica e cirúrgica e enfrenta ainda o aumento de mandados judiciais devido à incapacidade de atendimento.