Apesar dos inúmeros problemas sociais que ainda se abatem sobre o sudeste do Pará, como violência, escassez de saneamento básico e dificuldades de acesso a serviços de saúde, tem uma coisa que ninguém pode negar: a região é referência em “coisas a fazer para ganhar dinheiro”, seja com pessoas formalmente empregadas, seja com trabalho informal. E o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de “descobrir” isso por meio da “Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2024”, estudo recém-divulgado que compila dados de todas as edições trimestrais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) realizada ao longo de 2023.
O Blog do Zé Dudu analisou os microdados da SIS e analisou que o sudeste paraense em nada perde para a maioria das capitais ou regiões ricas e socialmente desenvolvidas do país nesse aspecto. De 146 regiões geográficas elencadas pelo IBGE para cobrir todo o Brasil, o sudeste paraense é a 22ª onde há mais oportunidade de trabalho e que, por isso, tem mais pessoas proporcionalmente ocupadas.
Esse fenômeno, que põe o Pará fora da curva nas estatísticas de ocupação, fazendo-o rivalizar com áreas prósperas do Sul e do Sudeste do país, é desencadeado pelo desempenho dos municípios de Canaã dos Carajás, Marabá e Parauapebas, principais praças financeiras do interior do estado e que juntos formam o cinturão que mais gera empregos com carteira assinada na Região Norte, superando as metrópoles Belém e Manaus.
O estudo mostra que 64,7% dos moradores do sudeste do Pará com 14 anos ou mais de idade estão atualmente ocupados na força de trabalho, percentual acima, por exemplo, de Curitiba, que contabiliza 64,3%. A maior taxa de ocupação do Brasil foi registrada em Palmas, onde 70,3% da população em idade economicamente ativa está ativa na força de trabalho. Vale do Itajaí (SC), com 69,6%, e norte do Mato Grosso, com 68,3%, fecham o pódio.
No extremo oposto, as regiões do agreste do Rio Grande do Norte (37,6%), litoral e baixada maranhense (38,9%), litoral sul e agreste de Alagoas (41%) e leste maranhense (41%) são aquelas onde o IBGE identificou as menores taxas de ocupação.
Abaixo da linha da pobreza
O sudeste do Pará também é uma das áreas na Região Norte onde menos pessoas vivem abaixo da linha da pobreza. A SIS revela que a taxa de pobreza em Canaã dos Carajás, Marabá, Parauapebas e seus entornos ficou em 27,4%, mesma média nacional, que, segundo o IBGE, apresentou redução histórica ao nível mais baixo desde 2012.
A taxa de pobreza no sudeste paraense fica atrás da registrada em Belém (21,2%) e em Palmas (13,9%), as duas mais baixas da Região Norte. No Brasil, a Região Sul ostenta as menores taxas de população abaixo da linha da pobreza, com 4,5% em Florianópolis, 9% no entorno de Florianópolis e 9,2% em Curitiba.
Já o Vale do Rio Purus (AC), com 66,6%; o litoral e a baixada maranhense, com 63,8%; o entorno metropolitano de Manaus, com 62,3%, mesma taxa do Vale do Rio Juruá e Rio Negro (AM), são as regiões brasileiras com maiores concentrações de pobreza.