Um levantamento inédito realizado pelo Blog do Zé Dudu nesta segunda-feira (14), a partir de dados do Ministério da Saúde, revela que um de cada dez óbitos registrados no Pará no ano passado foi por tumores cancerígenos. As neoplasias — que podem ser malignas ou benignas — sepultaram exatos 5.291 paraenses, recorde histórico que superou o maior volume de mortes por essa causa até então registrado em 2019, quando 5.279 paraenses perderam a batalha contra cânceres diversos.
Os números são assustadores, mas o Pará, embora se posicione como 9º estado mais populoso do Brasil, é apenas o 11º em número de mortes anuais por câncer, uma vez que Santa Catarina e Goiás, menos populosos, veem muito mais gente perecer pela devastadora doença. No ano passado, o Brasil registrou 233.889 óbitos por neoplasias, a maior parte deles concentrados em São Paulo (58.023), Minas Gerais (25.093) e Rio de Janeiro (21.981). Menos populosos do país, os estados de Roraima (424), Amapá (508) e Acre (519) tiveram, também, os menores números dessas mortes.
Aqui no estado, Belém concentra quase um terço dos óbitos por tumores. Na metrópole, 1.576 pessoas faleceram por neoplasias ano passado, muito mais que a soma das mortes registradas em Ananindeua (382), Santarém (283), Castanhal (150), Marabá (113), Marituba (113), Abaetetuba (96), Parauapebas (86), Altamira (75), Paragominas (71), Barcarena (71), Bragança (67) e Tucuruí (64).
Porém, olhando os dados municipais a partir da prevalência — o número de mortes de câncer sobre o total da mortalidade geral —, o cenário muda. O Blog do Zé Dudu cruzou dados e constatou que a mais alta taxa de morte por tumores em 2021 foi registrada no pequeno São Caetano de Odivelas, onde, de acordo com estatísticas do Ministério da Saúde, ao menos um em cada grupo de cinco óbitos foi por neoplasia.
No município de pouco mais de 18 mil habitantes, 27 das 122 mortes no ano passado foram por câncer, numa arrepiante taxa de 22,13%, mais que o dobro da taxa estadual, em que as mortes por câncer representam 10,17% do total de óbitos por todas as causas. O Blog achou curiosa a situação de Odivelas e resolveu investigar um pouco mais, e o resultado foram seis mortes por câncer de pulmão, quatro por câncer de estômago, três por câncer de próstata, dois por câncer de mama e um por câncer em 12 outras partes do corpo.
Casos de mortes por tumores muito acima da média paraense também foram verificados em Garrafão do Norte (17,73%), Terra Alta (16,87%), Soure (14,79%), Ponta de Pedras (14,78%), Concórdia do Pará (14,73%), Irituia (14,5%), Igarapé-Açu (14,49%) e Colares (14,29%).
Por outro lado, nos municípios de Brejo Grande do Araguaia, Santa Cruz do Arari e Cumaru do Norte só foi constatado um óbito por câncer durante 2021, e vai para Cumaru o troféu de município onde as neoplasias matematicamente menos impactam: lá, apenas 1,32% das mortes tem os temíveis tumores como causa.
Cânceres que mais matam
Um velho dito popular diz que “peixe morre pela boca”, e isso — guardadas as devidas proporções — tem muito a ver com a forma como os paraenses mais morrem por neoplasias. Embora não seja a boca o órgão mais comumente afetado, é por ela que entram toda a sorte de impurezas e toxinas que chegam ao estômago, este, sim, a maior vítima do câncer dentro do corpo da população do estado.
Cerca de 11% dos cânceres letais confirmados pelo Ministério da Saúde por aqui começaram e ou finalizaram no estômago. O câncer de estômago, aliás, superou o de pulmão (533) como a maior causa de morte por neoplasias. Na sequência aparecem os de próstata, mama e colo do útero. Os 15 tipos de cânceres mais letais representam 70% das mortes, num estado onde os sepultamentos por tumores chegaram a 109 partes diferentes do corpo no ano passado. Em 20 anos, o Pará enterrou 78,5 mil cidadãos por neoplasias malignas.
Confira quais foram os 15 tipos de câncer que mais mataram os paraenses em 2021.