Candidatos do Carajás vivem desafio de ampliar bancada estadual e eleger deputados federais

A quatro dias das eleições, sonho de eleger maior bancada do Estado está cada vez mais distante
Região tem o maior PIB do Pará com mineração intensiva e agropecuária pujante

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Brasília – O sonho da Região do Carajás (RC), composta por 29 municípios do sul e sudeste do Pará, de eleger em 2 de outubro, a maior bancada estadual e federal do Estado, terá de ser adiada por tempo indeterminado. Maior Produto Interno Bruto (PIB) do estado, a região, há anos padece sem uma liderança política que a conduza para obter maior representação política e o que impera é a desunião..

A RC é um colosso. Detém as maiores reservas de minério do planeta. Por ela passa uma moderna ferrovia (Estrada de Ferro Carajás). Aguarda a conclusão de uma das maiores hidrovias do Brasil (Araguaia Tocantins). Detém o 5º maior rebanho de gado do Brasil e terras, muitas terras.

Embora possua uma riqueza estupenda a ser explorada sustentavelmente e de maneira racional, há 20 anos, o Carajás viveu seu auge na representação política. com quatro deputados estaduais e oito deputados federais e um primeiro-suplente de senador

Se essa representação fosse hoje, após o advento do orçamento impositivo, os recursos que teriam sido destinados para a região fariam a diferença na qualidade de vida de milhões de paraenses com alma carajaense. O cálculo é simples.

Considerando que um senador tem a prerrogativa de indicar até R$ 17 milhões de emendas individuais, mesmo valor ao qual um deputado federal pode destinar, e considerando que na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), cada um dos 41 deputados estaduais dispõem de até R$ 1 milhão de emendas individuais, a totalização ficaria com o seguinte resultado:

1 senador = R$ 17 milhões.

8 deputados federais = R$ 136 milhões.

4 deputados estaduais = R$ 4 milhões. O total seria de R$ 157 milhões.

Mas, não é só. “Se levarmos em consideração que, independente do partido do governador ou do presidente da República, o que realmente conta nos procedimentos de elaboração do Orçamento Geral da União (OGU), o que fala mais alto é o tamanho de cada bancada no Congresso”, atesta, o presidente da Comissão Mista do Orçamento, o deputado federal do Pará, Celso Sabino (União Brasil).

Quando se fala que São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia dominam o Congresso Nacional é fácil entender. São as maiores bancadas do país e o OGU é dominado pelas maiores bancadas.

O dep. fed. Joaquim Passarinho (PL), discursa ao lado do ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. Passarinho adotou a Região do Carajás, destinando 60% de suas emendas para a Região

Mas, voltando ao assunto representatividade. Joaquim Passarinho (PL-PA), por exemplo, adotou a Região do Carajás e efetivamente representa a região não com promessas, mas com ações, embora seja de Belém.

Levantamento da Reportagem apurou que o parlamentar, no início de sua carreira como deputado federal, fora eleito majoritariamente com votos de várias regiões, com muitos votos na capital, Belém; hoje, é diferente.

Passarinho, em plena campanha, confirma, por telefone, que destinou 60% de todos os recursos a que teve direito ao Carajás. Além disso, é sua a indicação do nome que administra o Incra, na SR-27 — a maior superintendência do órgão no Brasil —, responsável por regularizar a situação de 100 mil títulos de terras em todo o Pará que foram já foram entregues em atos coma presença do presidente Jair Bolsonaro (PL), um recorde histórico.

Nesta quarta, quando estava em trânsito entre Moju em direção à Marabá, trafegando na PA-150, o deputado Joaquim Passarinho atendeu a Reportagem.

Ao celular, disse: “Comecei minha campanha em Redenção e termino a jornada amanhã, quinta-feira (29), em Marabá. Participarei ao lado de vereadores e outros convidados, de uma sabatina na Associação Comercial e Industrial de Marabá (Acim), encerrando a minha campanha ao lado dos muitos amigos dos quais tenho orgulho de confraternizar, seja ele um assentado ou um produtor rural; um pequeno comerciante ou um bem sucedido empresário, todos são os destinatários de meus esforços em Brasília”.

Passarinho e o senador Zequinha Marinho (PL-PA) são, efetivamente, os congressistas do Carajás, hoje, no Congresso Nacional.

Reta final

Na reta final, os candidatos da região vivem o desafio de reconstruir a bancada federal do Carajás. A região conta com pelo menos 29 candidatos a deputado federal. Na sexta-feira (30), o Blog publica o levantamento do número aproximado de candidatos a deputado estadual.

Esses candidatos a deputado estadual e federal ligados ao Carajás entram na reta final da campanha com o desafio de aumentar a representatividade da região.

Uma das mais importantes regiões econômicas do estado e do país, a Região do Carajás (RC) tem baixa representação na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional. São apenas quatro deputados estaduais e nenhum federal e apenas um, de fora da região, adotou a região.

Nestas eleições, os eleitores têm um vasto cardápio para escolher seus representantes da RC. Com 29 candidatos a deputado federal (confira aqui), de acordo com os últimos dados disponibilizados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o que não falta são boas opções ao eleitor carajaense.

O levantamento exclusivo foi feito pelo Blog do Zé Dudu com os dados oficiais do TSE. Para formar a lista, levou-se em consideração a cidade de nascimento do candidato ou sua atuação no Região do Carajás, profissional ou política.

Na última eleição proporcional em 2018, a região contou com menos candidaturas, em comparação com este ano. Naquele ano, foram eleitos os deputados estaduais Delegado Toni Cunha, que busca a reeleição pelo PSC; Chamonzinho (MDB), Delegado Caveira, que agora tenta uma vaga a federal pelo PL e Dirceu ten Caten (PT), também pleiteando a reeleição.

Por onde passam os deputados se dizem otimistas e acreditam na reeleição, mas a disputa está mais acirrada esse ano e a tarefa da reeleição terá percalços. Novos nomes despontam no cenário, outros nem tão novos assim trazem consigo uma bagagem de valor nesse pleito: a experiência.

O cientista político Dornélio Silva, da Doxa Pesquisas, consultado pela reportagem, garante que “a voz da experiência terá um peso maior nesse cenário de polarização na política nacional com reflexos no cenário estadual, o que não anula o surgimento de novos nomes que vão surpreender após as urnas abertas no domingo (2)”, salientou.

Palacete Augusto Dias, revitalizado, é o prédio do Museu Municipal de Marabá Francisco Coelho, na maior cidade do Carajás

Votos

Para ser eleito deputado estadual, na avaliação de Dornélio Silva, o candidato do Carajás vai precisar de ao menos 105 mil votos para se eleger. Esse número foi de 98 mil votos há quatro anos atrás, nas eleições gerais de 2018. “Além do que, nesse ano, temos novas regras eleitorais, como o fim das coligações, por exemplo”, destacou o cientista político.

Na esfera federal o limite sobe para 260 mil votos. Em 2018, foram necessários 237 mil votos para eleger um deputado federal pela RC.

“Essa densidade eleitoral é essencial. É preciso ter liderança política, participação em outras eleições e ser votado ou ter apoio de grupos ou movimento da sociedade que aumentem o volume de votos”, afirmou o cientista político.

“Se não tiver, o candidato cumpre dois papéis: ajudar o partido ou testar o nome para as eleições municipais, o que é um desserviço ao Carajás”, assegura.

Dornélio chama de “vícios do sistema político” a atitude de lançar candidatos agora pensando em fazer nome para as eleições municipais ou ainda de partidos e políticos que incentivam candidaturas sem qualquer viabilidade eleitoral para minar a chance de adversários serem eleitos.

“Tem gente interessada apenas na própria candidatura no futuro. Há muita mesquinhez e ausência de conscientização. O varejo não pode prevalecer sobre o global, o interesse da região”, complementa.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.