Um levantamento realizado pela Tendências Consultoria e divulgado recentemente traz à tona uma informação que o Blog do Zé Dudu havia antecipado ainda em maio (relembre aqui): a mineração paraense vai puxar o crescimento do Brasil, e mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional encolha (chegou a cair 9,7% no 2º trimestre deste ano) o impacto será amortecido. E mais: o Pará não vai enfrentar retração econômica — e talvez seja um dos poucos entre os estados brasileiros a apresentar crescimento real das riquezas no biênio 2020-2021. O motivo não poderia ser mais óbvio: Carajás.
O movimento produtivo que ascende por parte da mineradora multinacional Vale no município de Canaã dos Carajás, com vistas a alcançar e ultrapassar a capacidade nominal na mina de S11D, é o principal motor desse crescimento. Obstinada a alimentar o apetite voraz da China por minério de ferro, a Vale corre para abrir três novas minas na Serra Norte de Carajás, em Parauapebas, a fim de compensar a exaustão das jazidas atualmente exploradas, e deve agir ainda mais rapidamente para ampliar a capacidade de S11D, na Serra Sul de Carajás, em Canaã. Some-se a isso a autorização para ampliar a capacidade de lavra na mina SL, na Serra Leste de Carajás, em Curionópolis.
Enquanto todos esses desejos não ficam prontos, a mineradora lavra em força máxima no complexo de Carajás. Além da Vale, outras mineradora focadas em diversas outras commodities — especialmente cobre, bauxita, alumínio e ouro — somam forças no pacote da atividade mineral, que em 2020 deve ficar ainda mais robusto.
Dados levantados pelo Blog do Zé Dudu junto à Agência Nacional de Mineração (ANM) revelam que em 2019 a mineração paraense movimentou R$ 66,91 bilhões, sendo que a Vale sozinha respondeu por R$ 59,65 bilhões (89%). Este ano, em oito meses completos, já são R$ 46,01 bilhões, sendo que R$ 39,58 bilhões deles são contribuição da Vale. Mantido o ritmo, a produção mineral paraense ficará em 2020 cerca de R$ 2 bilhões acima de 2019 e, se isso ocorrer, será indicativo de que o PIB paraense não declinou. Ao menos na guerra pandêmica de números e indicadores da economia paraense, o coronavírus perdeu.