Por Frede Silveira
Bem, agora que sabemos a data e o raio de abrangência (todo o Pará), do plebiscito, é bom, mais, urgente, começarmos a pensar que modelo de Estado queremos, precisamos, em função de nossa realidade.
Do ponto de vista estrutural não teremos grandes problemas com transportes haja vista dispormos, principalmente Marabá, dos quatro principais meios que são as rodovias, aeroportos, hidrovias, que se consolidará com a implementação das Eclusas de Tucuruí, e ferrovia, com a Estrada de Ferro Carajás, sob o domínio atual da Companhia Vale do Rio Doce, mas que a depender de negociações e acertos técnicos e políticos poderá servir muito bem paralelamente ao transporte da produção de nossa região até os portos de Itaqui, no Maranhão e Vila do Conde, no Pará.
Mas, um Estado não se resume apenas a estrutura de transportes, há que se debater com urgência e seriedade que o caso requer a implantação e concretização dos três principais serviços públicos de qualquer povo civilizado e desenvolvido: Educação, Saúde e Segurança.
Evidentemente que estamos muito longe do ideal com respeito a estes quesitos. E, aí, não falo do Estado do Carajás apenas, nem mesmo do Pará, mas, sim, do Brasil mesmo.
Quando o quesito é Educação o Brasil fica sempre na rabeira mundial dentre os países desenvolvidos e, principalmente, entre os emergentes. No último Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), que avalia o nível da educação e conhecimento científico das escolas do mundo civilizado, nosso país ficou na 57ª. colocação, à frente apenas de oito países avaliados. Isto depois de subir preciosos 33 pontos.
É muito pouco para um país que se situa hoje entre as maiores economias do mundo. O que prova que uma nação é grande não apenas pela riqueza que tem ou produz. Se assim fosse certos paraísos petrolíferos como nossa vizinha Venezuela seriam grandes potências mundiais.
Na questão Saúde não podemos nos orgulhar enquanto nação se olharmos o problemas sob o ângulo regionalizado. Enquanto São Paulo tem hospitais de primeiro mundo nosso querido Pará amarga a dor de ter que suportar frequentemente a morte de crianças em massa por doenças de há muito erradicadas das terras cultas. Se trouxermos a questão até aqui no que será o futuro Estado carajaense então a coisa fica ainda mais crítica. Só para se ter uma idéia, nossa região só dispões de um hospital regional para atender um conjunto de mais de 500 mil pessoas. E, convenhamos, um hospital muito aquém das necessidades do nosso povo, em que pese o heroísmo de alguns profissionais da área que se doam até doer, como sabemos.
E Segurança? Historicamente esta região encabeça o ranking da violência no Brasil por homicídios. Tanto nas cidades como no campo. Agora mesmo, e mais uma vez, estamos no cenário nacional e internacional por causa do assassinato em série de trabalhadores e líderes rurais. Ao ponto de se ter que deslocar para cá a nata da Força Nacional de Segurança, em função dos assassinatos em Nova Ipixuna e agora mesmo mais um em Marabá. Claro, a violência não nasceu aqui. Este aparato policialesco estatal está baseado há anos no Rio de Janeiro. Mas nosso problema é aqui. É nosso. E a solução também.
É exatamente por termos chegado a este descalabro que se fez necessária a criação de novos Estados no continental Estado do Pará. E não podemos perder de vista a continental responsabilidade que o Estado do Carajás nos impõe na medida em que caberá a nós repensar as bases em que se apóia o atual modelo político-administrativo e o modelo que queremos. Mais ainda: o modelo que precisamos.
Portanto, não podemos nos dar ao luxo de perder tempo com preciosismos fundados em projetos pessoais. É hora, fundamentalmente, de apagar eventuais fogueiras de vaidades e pensarmos grande, do tamanho do Carajás que queremos.
4 comentários em “Carajás: o Estado que queremos”
achei lindo isso de “pensarmos grande, do tamanho do CaraJÁs que queremos”.
Isso mesmo, pensar grande e ser gigante na luta por essa causa.
Resumindo tudo: Não precisamos de outro estado e sim de boas políticas públicas.
O Controle disso é muito fácil: por tratar-se de um assunto da mais alta relevância, e necessário que para estar apto a votar o eleitor tenha a obrigatoriedade de ter domicílio eleitoral no estado de pelo menos um ano, justificando essa obrigatoriedade pelo fato de que se deve ter conhecimento em que e porque está votando. Essa de de transferiu, votou, não cabe em uma eleição séria e essa transferência deve ser caracterizada como fraude. Repassem essas informações e vamos cobrar do TRE medidas que evitem essa facilidade de transferiu, chegou, votou. Que nossos deputados tomem providências sobre essa questão. O plebiscito deve seguir regras que evitem esse tipo de manipulação do eleitor.
Show de bola se for “criado”!