O atual presidente do Partido dos Trabalhadores e Secretário de Finanças de Parauapebas, Milton Zimmer (foto) concedeu entrevista exclusiva ao Carajás o Jornal onde falou sobre seus projetos e pré-candidatura. Confira a entrevista:
Carajás o Jornal: Qual balanço que o senhor faz de sua atuação frente à presidência do PT/ Parauapebas?
Milton Zimmer – Nossa gestão no PT foi marcada por turbulências típicas de um período de crise. Crise na economia nacional que sofreu influência da crise econômica no centro do capitalismo mundial e que por sua vez afetou a política nacional, assim como no Estado do Pará e no município.
Nossa principal tarefa foi dirigir o partido até o PED de 2009, onde o Partido elegeu de forma direta todos os seus dirigentes municipais, estaduais e sua direção nacional. Nossa missão foi fazer essa transição, o que não foi fácil. Mas penso que o processo de eleição garantiu a força da militância petista. Mais de meio milhão de filiados participaram ativamente dos rumos do partido. Nós aqui em Parauapebas somos parte desse processo.
Carajás o Jornal: Quanto tempo você milita no Partido dos Trabalhadores?
Milton Zimmer – Na verdade mesmo antes de minha filiação formal ao PT, eu já era militante e simpatizante do partido, porque junto com outros companheiros acreditávamos que a luta dos trabalhadores precisava de um instrumento político da própria classe trabalhadora. Essa história toda remonta mais de 25 anos de construção do PT.
Carajás o Jornal: O Partido dos Trabalhadores completa mais um ano esta semana, qual sua ótica analítica nacional, estadual e local do partido?
Milton Zimmer – No cenário nacional o PT é um marco na história brasileira. A luta pela redemocratização do Brasil, pelos direitos dos trabalhadores, pelos avanços garantidos na constituição de 1989, não seriam possíveis sem o PT. Isso se repete no cenário estadual. Mesmo só chegando ao Governo do Estado nas eleições de 2006, o PT no Pará é fundamental para construir avanços no campo e na cidade que estão ligados a ampliação de direitos como o acesso a terra e a direitos dos trabalhadores urbanos, como por exemplo, os ligados a educação pública.
No município é impossível falar em vinte e dois anos de Parauapebas sem falar na contribuição do PT. Não é por acaso que nosso partido tem quatro vereadores e o prefeito eleito para um segundo mandato.
Mesmo com problemas de gestão decorrentes da crise que fiz referência acima, nosso partido tem um compromisso com a sociedade que vai além de uma gestão de 4 ou 8 anos.
O compromisso do PT é construir uma sociedade mais justa e solidária, que amplie o acesso aos direitos aos que hoje estão excluídos. Sabemos que não é fácil, por isso a necessidade de um partido de massas, fortemente engajados em causas sociais e que tem um projeto estratégico de construção social que chamamos de socialismo. Se o PT não existisse, precisaria ser inventado.
Carajás o Jornal: O senhor é pré-candidato a deputado estadual pelo PT?
Milton Zimmer – Nosso partido tem uma dinâmica própria de decisões. Quem decide quem vai ser o candidato para esse ou aquele cargo ou função não são os “ caciques” , mas as bases do partido, que contam com grupos internos que chamamos de tendências. Essas tendências têm seus nomes que são colocadas a apreciação de todo partido.
Sou pré-candidato indicado pelos companheiros de minha tendência (Articulação Socialista). Estamos construindo um debate interno e externo para nos consolidarmos como uma candidatura da maioria do partido, assim como também estamos buscando aliados fora do PT.
No que diz respeito a meu nome, por minha trajetória pessoal, por ter sido candidato a Deputado Estadual em 2006 com mais de 22 mil votos, e por meu compromisso social com a classe trabalhadora, estamos à disposição dos filiados e outros setores para que se possa avaliar a viabilidade eleitoral que temos.
Parauapebas precisa de um Deputado Estadual com o nosso perfil. Tivemos alguns deputados, estaduais e até federal, mas basta olhar para o legado deles. Acreditamos que um Deputado petista com o nosso perfil é uma necessidade para que Parauapebas possa estar bem representada a nível estadual, inclusive para que possa estar bem representada no debate sobre o Estado de Carajás.
Carajás o Jornal: O senhor começou sua história política através de promover educação popular para produtores rurais, qual sua ligação com os produtores rurais?
Milton Zimmer – Cheguei aqui para trabalhar com a organização dos trabalhadores rurais, em especial na tarefa de ajudá-los a construir instrumentos econômicos no campo da comercialização. Nesse processo foi fundamental a contribuição da Equipe de Educação Popular de Parauapebas (EEPP). Isso fez com estreitássemos relações com as comunidades rurais do município, e nos fez aprender muito a cerca das necessidades e carências desse setor e de sua importância para acidade. A EEPP foi importante como agente de estimulo ao debate sobre a gestão pública, foi a partir da equipe que começou o debate a cerca do orçamento público, por isso o respeito que temos tanto pela educação popular (aquele feita fora das escolas formais) e a luta dos trabalhadores rurais por melhores condições de vida.
Carajás o Jornal: Se eleito a deputado estadual, quais são seus principais objetivos para Parauapebas e região?
Milton Zimmer – Nossa região está no centro de interesses geopolíticos mundiais. Aqui reside à maior reserva mineral do planeta. Aqui vivemos um dos maiores índices de migração humana do Brasil, e por conseqüências padecemos com mazelas sociais que ampliam as diferenças entre ricos e pobres.
Nós precisamos não apenas de um deputado, mais de um movimento que estabeleça a construção de um novo patamar de civilização que permita com que a riqueza mineral do subsolo de nosso território possa servir de condições para o desenvolvimento humano, para que inclusive nos ponha em condições de decidir sobre nosso destino, e não apenas sejamos tratados como sub-colônia de interesses alheios as nossas dificuldades, e longe dos interesses da maioria de nosso povo.
Por conta disso um possível mandato de deputado estadual tem que primeiro estabelecer um dialogo com toda a sociedade, e com o compromisso em criarmos instrumentos de participação popular que rompa com a cultura de que apenas uma elite decida pela maioria.
Um mandato popular deve ter compromisso com esse projeto, que tem como sustentação as aspirações da maioria, se não, não há sentido em qualquer mandato.
Carajás o Jornal: O senhor apóia o Estado de Carajás? Por quê?
Milton Zimmer – Nesse debate sobre o Estado de Carajás há dois tipos de comportamento: Um que acha que isso é um assunto que deve ser decidido por uma minoria: deputados, senadores, juristas, empresários.Um outro que considera a importância de todos esses setores mais que considera fundamental a participação popular.
A final se o futuro Estado de Carajás deve ser para a maioria, e não para a minoria, nada mais justo de que maioria decida e participe de modo ativo (e não passivo) sobre os rumos de um novo estado. Um estado que reproduza as mesmas estruturas de poder estabelecidas, que exclui a maioria não pode ser uma referência para que criar algo de novo.
Esse Estado possível tem que estar a serviço de um novo projeto social, que tenha como meta suprema distribuição de riqueza e renda, que são frutos das benesses de nossa natureza e da mão de obra de nosso povo. Até o momento vejo discussão sobre o estado de Carajás, mas não vejo nenhum grupo discutir que estado nos queremos e esse debate o partido vai provocar com a sociedade.
Esse estado (o Estado de Carajás) eu quero ajudar a construir, e um mandato deve estar a serviço desse objetivo.