Brasília – Desde o início da semana caravanas de produtores rurais de todo o Brasil começaram a chegar em Brasília em ônibus fretados e caminhonetes próprias para participarem no sábado (15), de uma megamanifestação organizada pelo Movimento Brasil Verde e Amarelo na Esplanada dos Ministérios. Coordenadoras do movimento no Sul do Pará, ultimam os preparativos, e discutem os detalhes para que tudo saia como planejado na megamanifestação.
O evento tem a chancela de sindicatos e associações rurais e políticos da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Os manifestantes apoiam o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), criticam o Supremo Tribunal Federal (STF) e pedem o impeachment de alguns ministros e a aprovação dos projetos de regularização fundiária em tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Os participantes do Movimento, em nota, afirmam agir “em defesa da pátria, da democracia, da família e da liberdade”.
Desde o início do ano, após as esdrúxulas e questionáveis decisões controversas de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) mudaram votos sem motivos alterando sentenças que já haviam sido transitadas e julgadas em três instâncias para beneficiar condenados por corrupção e lavagem de dinheiro e emparedando as ação dos procuradores da operação lava-jato e encarcerando jornalistas e políticos com mandato, numa “caça as bruxas”.
“A reação veio desde o início do ano. Promovemos reuniões de sensibilização nas bases e os produtores de todo o tamanho contribuíram numa grande coleta para custear as despesas, disse Genny Silva, coordenadora do movimento em Santana do Araguaia, e diretora da Aprosoja na região sul do Pará.
A Aprosoja divulgou uma nota explicando as razões para apoiar o movimento. “Foi uma demanda dos núcleos e a diretoria com todas essas lideranças definiram esse apoio”, afirmou o presidente da entidade em Mato Grosso, Fernando Cadore que já veio a público criticar o STF quanto à decisão de suspender as obras da Ferrogrão.
Ele explica que a decisão da Aprosoja MT em dar apoio institucional ocorreu após reunião da diretoria com representantes de todos os núcleos da entidade, no final de abril. A organização e mobilização será voluntária em cada núcleo da associação, explicou.
Leia a nota pública do Movimento Brasil Verde e Amarelo ainda em março:
“O Movimento Brasil Verde e Amarelo, idealizador do ato Abril Verde e Amarelo, o Agro em defesa do Brasil e as centenas de Sindicatos Rurais e Associações de Classe que o integram, representando os mais sinceros e justos sentimento das bases produtoras do País, vem à público, neste grave momento por que passa a República, manifestar:
1 – O seu total APOIO ao Presidente Jair Bolsonaro e as políticas de Governo que tem conduzido, notadamente as reformas, com a finalidade de restabelecer a ordem e o progresso da Nação;
2 – O REPÚDIO veemente tanto às decisões tomadas por Governadores e Prefeitos contra as liberdades e garantias individuais, em repressão desmedida e ilegítima ao direito de ir e vir e trabalhar dos brasileiros, quanto as decisões tomadas por Ministros do Supremo Tribunal Federal, monocraticamente e pelas turmas, que anulam os esforços da operação lava-jato, inocentam notórios transgressores da lei e prendem pessoas por crimes de opinião, o que causa insegurança e instabilidade jurídica aos que querem trabalhar e produzir nesse País;
3 – O seu apelo por uma grande MOBILIZAÇÃO nacional, em caráter permanente, a fim de que todos os produtores rurais do Brasil permaneçam em estado de alerta e deem início, em suas bases, no dia 21 de Abril, feriado nacional, respeitando as regras sanitárias de combate à pandemia, a uma grande MANIFESTAÇÃO, um ato cívico que será denominado de ”ABRIL VERDE E AMARELO preferencialmente com carreatas e tratoraços, em defesa da PÁTRIA, da DEMOCRACIA, da FAMÍLIA e da LIBERDADE, manifestações que devem se repetir ao longo do ano e sucessivamente até que o SENADO FEDERAL assuma a responsabilidade que lhe foi conferida pelo art. 52 da Constituição e vote, imediatamente, seguindo os preceitos legais, os vários pedidos de IMPEACHMENT CONTRA OS MINISTROS DO STF que aguardam conclusão;
Nesta toada espera e confia o Movimento Brasil Verde e Amarelo que seja restabelecido no País a paz social e a almejada estabilidade, com a manutenção da ordem democrática, para que superemos, juntos, os efeitos deletérios da pandemia, da impunidade, da corrupção e das constantes e inconstitucionais violações ao estado de direito. Brasília, 24 de março de 2021.”
Dignidade ao produtor
“A Regularização fundiária trará dignidade aos produtores rurais que ainda não tem título definitivo de sua terra que trabalha e tira o sustento de sua família há décadas. É importante pauta para os conselheiros da PanAmazônia avaliarem que seja apoiado essa iniciativa da criação de leis com esse objetivo. Teremos progresso com esse avanço, declarou Belisário Arce, conselheiro da Associação PanAmazônia, com sede em Manaus (AM), com escritórios de representação em vários estados e no exterior.
O senador Zequinha Marinho (PSC-PA), vice-presidente da FPA, e líder da legenda no Senado, disse que estará presente à megamanifestação. “Aceito o convite formulado pelos produtores do Pará porque tenho certeza que são vocês que sustentam esse país”, disse.
O deputado federal Joaquim Passarinho (PSD-PA), vice-líder do governo na Câmara vê legitimidade da manifestação, com atenção especial à reinvindicação da regularização fundiária. “Desde o início desse governo, venho trabalhando diuturnamente para destravarmos essa pauta na Câmara. No dia 28, acompanharei o presidente na entrega de 1.600 títulos definitivos de propriedade para pequenos e médio produtores do sul do Pará em Marabá, e percorrerei alguns municípios para reuniões com lideranças para tratarmos desse e de outros problemas”, adiantou o parlamentar à reportagem do Blog do Zé Dudu.
Há produtores aguardando há 40 anos a possibilidade de legalizar o seu pedaço de terra na Amazônia e o Pará ostenta o vergonhoso título de campeão de violência no campo e de ocorrência de trabalho escravo, dada as condições propícias geradas pela ausência do Estado na região. Em algumas localidades essas duas chagas são endêmicas no estado do Pará.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.