Algumas tendências do Partido dos Trabalhadores em Parauapebas, insatisfeitas com a forma de conduzir a administração do município e principalmente a condução do PT local, publicaram ontem (18) uma carta aberta à população. Ela, que pode ser lida na íntegra clicando no leia mais logo abaixo, sintetiza a forma política do PT local, onde, em um processo como o PED, quem perde, às vezes ganha.
PARTIDO DOS TRABALHADORES – PT
CARTA ABERTA A TODOS FILIADOS E FILIADAS DO PT/PARAUAPEBAS/PA E À POPULAÇÃO EM GERAL.
Nós, que assinamos este documento, em nome de nossas respectivas tendências e sob delegação expressa de nossos companheiros e companheiras a estas vinculadas e/ou delas simpatizantes; bem como respaldados em nossas votações no Processo Eleitoral Direto (PED) 2009 do Partido dos Trabalhadores; e devidamente legitimados na Resolução Nº 001/2010 de Janeiro de 2010 do Diretório Nacional do PT, que regula a posse dos Diretórios e das Executivas Municipais; viemos, por desta CARTA ABERTA aos nossos companheiros(as), filiados(as), militantes e simpatizantes em geral, assim como à toda população de Parauapebas, informar ao atual Diretório Municipal e à Executiva Municipal do PT/Parauapebas, que
1) nossos diretorianos não comparecerão à reunião convocada para esta data, por não reconhecermos nem mérito, nem legalidade em sua convocação; além de a entendermos como “uma armadilha política” inapropriada e indecente;
2) estamos apresentando documento conjunto, elaborado por múltiplas mãos, por representantes das tendências internas AE (Articulação de Esquerda), Independentes, Os (Opção Socialista) e parte da DS (Democracia Socialista), que nos delegaram a tarefa de redação final, analisando a atual situação do PT em Parauapebas, da administração municipal e justificando nossa ausência a tal cerimônia;
3) por fim, também listamos algumas insatisfações deste coletivo quanto a atual condução política do PT/Parauapebas e da atual administração municipal; bem como, algumas sugestões que entendemos serem necessárias para a construção da “verdadeira unidade do Partido”.
1. Balanço do PED 2009
O processo de eleição direta (PED) das direções do Partido dos Trabalhadores envolveu mais de 500 mil filiados em todo o país, resultando na eleição do Diretório Nacional, 27 direções estaduais, mais de 4 mil direções municipais, cerca de 1500 delegados ao IV Congresso Nacional do PT, além de milhares de delegados para os congressos estaduais e municipais.
O PED 2009 reafirmou o caráter de massa do PT, sua presença organizada em praticamente todo o território nacional e uma capacidade de mobilização que o distingue dos demais partidos brasileiros.
A democracia interna, a transparência no debate de suas diferenças internas, a capacidade de atrair outros setores da sociedade para a discussão sobre as grandes questões nacionais, são características fundamentais para um partido socialista de massas, essenciais para enfrentar a permanente manipulação midiática de que somos vítima.
Apesar de falarmos que o PT é um partido de massa, ele reúne menos de 1% da população e menos de 2% do eleitorado brasileiro. Segue existindo muito espaço para o crescimento quantitativo do Partido e para a organização de diretórios em todos os municípios brasileiros.
Este crescimento quantitativo precisa ser acompanhado de mudanças qualitativas: um partido socialista de massas precisa ter um funcionamento e uma democracia interna que sejam qualitativamente distintas e superiores, não repetindo o que assistimos em outros partidos, sindicatos e mesmo nas eleições convencionais.
Achamos possível construir uma democracia de massas que mereça este nome. Recusamos a concepção reacionária segundo a qual as distorções do PED seriam desdobramentos inevitáveis do seu caráter de massa, como se a democracia fosse algo possível apenas para minorias. Rejeitamos, portanto, qualquer tipo de conformismo e adaptação ao que há de pior na política brasileira: acreditamos na possibilidade de uma real democracia de massas, tanto no país quanto no Partido. Nos dois casos, o caminho para uma democracia real passa por superar os constrangimentos impostos pela influência do poder econômico, pela desigualdade material e pelo monopólio da informação e comunicação.
Para corrigir as distorções na democracia petista, precisamos analisar os processos de eleição direta das direções partidárias, realizados nos anos de 2001, 2005, 2007 e 2009. O que ocorreu em cada um destes anos foi profundamente influenciado pela conjuntura então vigente no país. Vistos de conjunto, entretanto, as quatro eleições diretas apresentaram problemas, que se tornaram cada vez mais graves e que hoje são reconhecidos formalmente, tanto pela resolução aprovada na reunião de 8 de dezembro de 2010 do Diretório Nacional do PT, quanto pela maioria dos dirigentes do Partido, inclusive por aqueles que venceram o PED 2009.
Tais problemas estão impedindo o PED de cumprir adequadamente os dois grandes objetivos em nome dos quais ele foi defendido e aprovado pela maioria do II Congresso do PT: por um lado, constituir um momento de diálogo público do Partido com a sociedade; por outro lado, expressar com menos distorções a vontade democrática dos filiados.
Ocorre que, de 2001 a 2009, o debate político entre as diferentes chapas e candidaturas perdeu espaço, crescendo o peso relativo das atividades organizadas por tendências, chapas, mandatos e grupos internos, atividades nas quais o debate entre diferentes posições foi sendo substituído pela apresentação unilateral de posições.
O diálogo interno foi, portanto, progressivamente substituído pelo contato individual de cada uma das posições existentes, com os filiados, através de correspondência, telefones, visitas domiciliares e transporte de filiados para votar no dia do PED, muitas vezes sem que estes conheçam o processo, as diferentes posições etc.
Os grandes debates ideológicos, programáticos e estratégicos, que conferem vitalidade e perenidade a um partido socialista como o PT, perderam espaço para debates de natureza tática, eleitoral e, inclusive, em torno de candidaturas individuais. A verdade é que, da maneira como está organizado, o PED não favorece o debate de idéias, no sentido mais amplo deste termo.
Os problemas acima indicados decorrem em certa medida da natureza mesma do PED, que substituiu o voto em encontro após debate presencial, pelo voto em urna não vinculado à participação pessoal do eleitor nos debates.
Esta mudança da natureza da democracia interna, de uma democracia militante para uma democracia de filiados, já vinha ocorrendo antes de 2001, produzindo batalhas regimentais acerca dos horários de credenciamento e votação nos encontros. Mas a partir de 2001, com a introdução do PED, houve uma mudança qualitativa: em nome do voto direto, perdeu espaço a democracia participativa e ganhou espaço a democracia representativa.
Se a mudança (do voto em encontro para o voto direto) tivesse sido acompanhada da ampliação da comunicação interna, formação política, funcionamento constante e adequado das instâncias de base, critérios mais rígidos no processo de filiação, entre outras medidas, o resultado final poderia ser positivo para a democracia interna.
Acontece que aquela mudança foi acompanhada por uma deterioração da qualidade da vida interna, agravada pela crescente presença do financiamento empresarial privado nas disputas internas do Partido introduzindo uma dinâmica que condenamos nas eleições tradicionais.
No caso de 2009, a deterioração incluiu a redução nos recursos partidários disponíveis para as chapas e candidaturas poderem viajar aos estados, para participar dos debates, maximizando as diferenças materiais pré-existentes entre as chapas.
A alteração no processo de votação foi acompanhada de duas outras mudanças: uma alteração importante na base social do PT, diminuindo o peso relativo dos setores organizados em movimentos sociais e crescendo o peso relativo daqueles que se aproximaram do PT a partir de nossa atuação parlamentar e governamental; e uma crescente transferência do poder interno, das direções partidárias e das tendências, em direção aos governos e mandatos.
Como resultado global das variáveis acima apontadas, cresceu o número de filiados-eleitores, que votam sem ter acesso prévio ou regular aos debates, além de muitas vezes não terem nenhuma vida orgânica.
Pouco a pouco, isso vem modificando uma vez mais a natureza da democracia interna partidária: da democracia militante para a democracia de filiados, desta em direção a democracia de eleitores.
Este percurso introduziu no PED muitas distorções que a legislação eleitoral brasileira e/ou o regulamento partidário consideram ilegais, tais como o transporte de filiados, o pagamento coletivo de cotizações, a compra de votos, ausência de fiscalização, apresentação de atas falsas e constrangimento contra o livre direito de escolha por parte dos votantes.
No PED 2009, há registro de contratação de seguranças privados e o apelo à intervenção da polícia, episódios que recordam os piores momentos do sindicalismo pelego e das convenções de partidos burgueses.
As contravenções acima resultaram em milhares de recursos, que as chapas e candidaturas apresentam umas contra as outras, consumindo energias dos dirigentes e das instâncias, numa versão interna da “judicialização da política” que nosso Partido tanto condena. Registre-se que a tentativa de conter uma das distorções, ampliando o valor da cotização, não impediu o funcionamento irregular dos aparatos.
Mesmo onde não se verificaram ilegalidades, houve uma mudança importante na natureza do voto: bom número de filiados não vota a favor desta ou daquela posição programática ou estratégica; vota, isto sim, para confirmar sua adesão individual às políticas públicas ou seu apoio às lideranças públicas (do PT e mesmo de outros partidos).
Esta atitude, que poderia ser considerada “natural” no caso de eleições tradicionais, se torna duplamente perversa quando se trata de uma votação partidária interna. Primeiro, porque os êxitos de um parlamentar ou de um governo petista não deveriam ser apropriados exclusivamente, privatizados, por nenhum grupo específico. Segundo e principalmente, porque esta dinâmica (que privatiza os sucessos coletivos) leva ao fracionamento partidário, uma vez que a vitória na luta interna passa a depender mais e mais da ocupação exclusivista, em favor de uma liderança ou de um grupo interno, dos espaços conquistados coletivamente pelo Partido.
Esta dinâmica de fracionamento do Partido chega ao seu paroxismo quando forças externas ao PT passam a influir na disputa interna, em favor desta ou daquela posição.
Na medida em que o PT atua na sociedade, é natural e até positivo que exista alguma influência externa. Mas não é natural, nem sadio, que esta influência se torne preponderante e adquira características de intervenção externa, como ocorre no Maranhão ou Minas Gerais, onde o grupo Sarney e o grupo Aécio, respectivamente, intervieram no PED, apoiando determinada chapa ou candidatura presidencial.
Ao menos por enquanto, o PT oferece poucas possibilidades de vida militante para os seus filiados, o que transforma o PED, mesmo com as distorções apontadas, num dos poucos espaços de participação.
Sendo assim, a democracia interna do Partido dos Trabalhadores será completamente adulterada, se não corrigirmos aqueles problemas. Por isto, a Articulação de Esquerda buscará todas as tendências do PT, no sentido de propor a aprovação, pelo IV Congresso, de uma reforma política interna, que contenha medidas como:
a) contribuição obrigatória mensal para com o PT, como condição apenas para ser votado;
b) desvincular o direito de votar e a contribuição financeira;
c) vincular o direito de votar com a participação regular nas atividades do Partido, inclusive reuniões de instância, atividades formativas e debates do PED;
d) combinar o processo de eleição direta com a realização de encontros presenciais;
e) introduzir o fundo interno partidário para as chapas e candidaturas que tiverem presença e apoio em 2/3 dos estados da federação (18 estados);
f) considerar o voto no PED como uma confirmação de filiação, desligando automaticamente quem não participa ou justifica ausência.
Como já dissemos, a luta por esta reforma política interna está relacionada à luta por uma reforma política no país. Tanto no país, quanto no partido, a vitória de nossa estratégia exige superar distorções, eliminar a influência do poder econômico e democratizar a comunicação. No caso do PT, buscamos transformar os filiados-eleitores em militantes petistas.
2. PED e o Contexto Partidário em Parauapebas
O que assistimos a nível nacional se repetiu em níveis estadual e municipal. Em Parauapebas, por exemplo, foi patente, notório e às vistas de todos, filiados, militantes e da sociedade em geral, as distorções provocadas pelo uso da máquina administrativa e partidária em favor da candidatura que, ao final, sagrou-se vencedora!
A intervenção da administração, através de favores, nomeações, quitação de mensalidades e anuidades (algumas delas atrasadas há mais de 05 anos; segundo diz-se, perfazendo valores que beiram a casa das dezenas de milhares de reais), publicidade, inclusive, através de veículos de comunicação financiados pela administração municipal, contando com a exposição deliberada e irregular das candidaturas de oposição interna, beirou a mais completa inconseqüência e irresponsabilidade e o desrespeito puro e simples à imagem e ao caráter dos adversários internos.
Tal postura trouxe como resultado mais evidente a impossibilidade de unidade partidária municipal ante os desafios que se nos apresentam o ano político de 2010, marcado por eleições gerais em nível nacional e estadual, nas quais estaremos pleiteando a “continuidade” do mandato democrático e popular do companheiro Luiz Inácio Lula da Silva, através da eleição da “companheira” Dilma Rousseff; da recondução do governo petista do Pará, com a reeleição da “companheira” Ana Júlia; além da ampliação de nossa base parlamentar federal (Senado Federal e Câmara dos Deputados) e estadual (deputados estaduais), para dar sustentação aos “avanços das políticas sociais” e à consolidação de uma sociedade mais justa e democrática, com que tanto sonhamos; pela qual tantos companheiros tombaram ao longo de nossa história.
3. O PT: limites para a unidade partidária municipal
A impossibilidade da unidade partidária em nível municipal tem se refletido em todos os âmbitos de nossa luta política em Parauapebas. No que se refere ao Partido dos Trabalhadores (PT), é crescente e notável o descrédito com que a sociedade parauapebense vê nosso partido: todos reconhecem que sua atual condução é precária internamente (na administração política dos embates internos entre as várias tendências que o compõe) e deficiente externamente (na relação com a sociedade e com os partidos aliados. Isto sem se falar dos movimentos sociais, para os quais o atual grupo dirigente partidário deu as costas; contribuindo ainda mais para o descrédito do partido junto à sociedade). Certo é que pagaremos o preço da inércia, da irresponsabilidade e do descompromisso de nossos atuais dirigentes.
Este desgaste, fruto de seus próprios métodos, já os atinge diretamente! Foi, inclusive, tornado público recentemente quando um de nossos parlamentares municipais, vinculado ao dito grupo dirigente, pelo qual se empenhou e vem se empenhando, em discurso proferido na Sessão Solene de abertura dos trabalhos legislativos municipais de 2010, deu conta de que vinha sendo pressionado por assessores e aliados, “que o ajudaram em sua campanha vitoriosa de 2008, para a Câmara Municipal”, a “dividir R$ 200 mil reais”, que “boatos de botequim” dizem tê-los recebido para aprovar as contas da atual gestão municipal.
A simples suspeita de algo assim possa ter acontecido, ao ponto do “nobre parlamentar” anunciá-lo em discurso, no púlpito da Câmara Municipal, perante toda a sociedade de Parauapebas, se propondo a “renunciar do mandato que lhe foi conferido pela população”, se a denúncia fosse verdadeira, como o fez, é por demais chocante e, indubitavelmente, aponta os métodos de que ora se valem aqueles que estão à frente do partido. E diz-nos muito de a que ponto chegamos! Se nossos correligionários, militantes, filiados, companheiros de primeira e última hora, assim nos vêem; se chegamos ao ponto de nossas divergências se referirem a montantes (e que montantes, diga-se de passagem!); cabe-nos perguntar: como será que nos vê a sociedade em geral?
A impossibilidade da unidade partidária também ficou-nos evidente no pós-PED. Os métodos utilizados pelos “ora vencedores”; o constante e sistemático desrespeito a companheiros de outras tendências e opiniões; a absoluta ausência de diálogo vem se refletindo na constituição da Executiva Municipal que conduzirá o partido nestes próximos três anos (que abrange duas disputas eleitorais, a saber: eleições gerais de 2010 e as eleições municipais de 2012; sobre as quais falaremos mais adiante), cuja conseqüência mais provável será um partido dividido e enfraquecido, incapaz, enfim, de se mostrar à sociedade de Parauapebas à altura de suas responsabilidades e de seus compromissos históricos, ora tão esquecidos.
Não é este o PT que queremos! Não queremos o partido para negócios e nem negociatas! Desejamos um partido de massa; mas, não de “massa de manobra”! Não queremos um partido de pessoas; queremos um partido de idéias e ideais! Queremos um partido democrático e socialista! Queremos um partido de vanguarda; que seja interlocutor e mediador das lutas e dos movimentos sociais! Não queremos um partido de “bürrots”; nem de burocracias! Queremos um partido de luta; reafirmamos: queremos um partido de luta, dos trabalhadores; capaz de propor e construir uma nova hegemonia social, uma sociedade mais justa e igualitária! Não queremos e nem acreditamos que nossas bandeiras históricas eram apenas “bandeiras eleitorais e eleitoreiras”! Não queremos o partido para servir a candidatos, gestores e/ou ocupantes de momento de cargos e benesses!
4. Gestão Municipal: distorções e descaminhos
As dissensões internas, que têm enfraquecido e desabonado o PT de Parauapebas, também vêm se refletindo em “nossa (?) gestão” à frente da Administração Municipal, atualmente, total e absolutamente desacreditada e distante de nossa população e de suas aspirações. As mesmas que em 2004 e em 2008 motivaram “nossas (?) vitórias” eleitorais! Cansada nossa população dos “velhos grupos políticos”, acreditou ela que conduzindo o Partido dos Trabalhadores (repetimos: o Partido dos Trabalhadores!) à frente da gestão municipal estaria, de vez por todas, se livrando dos “velhos nomes”, das “velhas práticas”, do “descaso social e administrativo”. E eis que, pelo alvitre do atual gestor petista (?), através de “aliança” (?), sabe-se lá sob que motivações, os “velhos” e “velhas” (aqui sem qualquer sombra de desrespeitos aos nossos senhores e senhoras da terceira idade, que, aliás, respeitamos muito, e que nos são referências) são “politicamente ressuscitados” e de novo colocados no “jogo político” do qual nossa população, pelo sufrágio democrático, os havia excluídos!
Distante do PT, de suas bandeiras históricas e de seus compromissos sociais e políticos, “nossa (?) gestão” desencaminhou! Tornou-se administradora de “picuinhas” e “vaidades”; de “avôs” e de “netos”; de “luíses” e de “joões”; de “adesivos” e de “engoves”! E entre “netos” e “avôs”, “vaidades” e “picuinhas”, a “cidade vai se desmanchando como ‘Sonrisal’ em água”: as ruas são como “tábuas de pirulitos”; o “famigerado horário intermediário” das escolas públicas municipais continua e nada indica que terá fim próximo; as secretarias municipais são como “feudos”: é o mais arcaico e tenebroso “patrimonialismo”, isto é, o uso da “coisa/máquina pública” para fins privados; como uma “verdadeira propriedade”; cada qual conduzida pelo seu “senhor feudal” (ou melhor seria “coronel”, como no tempo da “política dos favores” da República Velha, pois, que é de “favores” que se trata? Foi-se a política; veio o “montante”!).
Esta gestão não é e nem pode se dizer petista! Nós, que fizemos, fazemos e faremos o Partido dos Trabalhadores não podemos e nem devemos arcar com o ônus de tão desastrosa condução político-administrativa! Temos que manter vivo nosso tão surrado jargão esquerdista (ou “esquerdóide”, para não dizer, “esquerdoido” ou “esquerdofrênico”, com perdão dos neologismos): “as pessoas passam (e os cargos e mandatos também), as idéias ficam!”
A população de Parauapebas não reconhece nesta administração qualquer vezo petista! Em qualquer esquina, em qualquer botequim, em qualquer roda de bate papo se identifica o PT com Lula! Ainda bem! Não com o “tal Governo Cidadão”. Este não pertence ao “cidadão comum”! É conduzido pelos compadres, comadres, sobrinhos, primos, cunhados, cunhadas, bajuladores, aduladores do momento; sejam quais forem! E esta condução terá resposta “daquele cidadão” que esqueceu em outubro próximo: visível que está, o desastre administrativo tornar-se-á um desastre político-eleitoral.
5. PT, Gestão Municipal e Eleições 2010: algumas sugestões
Para evitá-lo, se o PT de Parauapebas, de fato, pretende fazê-lo, não serão suficientes tapinhas nas costas dos antes “mal-vistos companheiros” da oposição interna! Será preciso mais; bem mais! Urge que o PT de Parauapebas tome pra si a responsabilidade que durante anos assumiu ante nossa população. Por isso, é urgente e preciso mudanças contundentes na gestão política e administrativa municipal, sob pena de vermos naufragar nossas esperanças nas eleições de 2010, especialmente, no que refere às possibilidades de disputar uma vaga na Assembléia Legislativa: objetivo, hoje, “tão distantemente próximo; e tão proximamente distante!”
De logo, ousamos apontar algumas:
1) é necessário que o atual gestor petista (?) assuma de fato as responsabilidades que lhe foram conferidas por nossa população, a começar por voltar a residir na cidade (talvez assim se aperceba da real situação do município);
2) é preciso alterar a atual condução do “governo cidadão” e repensar, rápido e urgentemente, os métodos, a gestão, os objetivos e as linhas político-administrativas que atualmente prevalecem na SEMOB, na SEMSA, na SEFAZ, na SEMMA, na SEHAB, na SAAEP, na SEMAD, na SEMAS, na SEMURB, na SEDEM e na SEMMU. E não somos nós o dizemos: é a população que vem constatando os desvarios políticos e administrativos na condução destas pastas. Isto quando as desconfianças e o descontentamento não se manifestam de modo mais agressivo e desabonador, sob acusações (que queremos crer infundadas) de “dilapidação do patrimônio público” e de “enriquecimento ilícito”. (Importante dizer, que não é de hoje, nem de agora que apontamos estas deficiências. Agora, apenas as tornamos públicas, posto que entendemos esgotados os meios internos de debate);
3) urge que o PT de Parauapebas chame para si a condução, ao menos política, da atual gestão e exija para si a responsabilidade de promover ajustes políticos na atual gestão, inclusive, ocupando, por meio de negociações (não negociatas e/ou negócios) políticas, entre as tendências internas e os partidos aliados (contando-se aqui, principalmente, aqueles que comporão as bases de apoio das candidaturas de Dilma Rousseff e de Ana Júlia), as mencionadas pastas municipais e propondo as alterações necessárias na gestão político-administrativa do município;
4) devemos exigir do atual gestor o imediato afastamento de todos os quadros administrativos (de cargos de nomeação e de confiança) que pertencem a partidos que não participam ou se opõem àqueles projetos político-eleitorais, como são os casos, em nosso município do PPS (aliado de primeira hora da demoníaca aliança PSDB-DEMO) e do PV (que tem candidaturas próprias, cujo principal objetivo é fortalecer os projetos demo-peessedebistas); e, por fim,
5) retomar nossas bandeiras populares, democráticas e participativas, em nível municipal, abrindo à participação partidária e popular os mandatos dos vereadores municipais, inclusive, para dirimir junto à população dúvidas sobre montes, montantes e montanhas de dinheiro, sobre os quais tanto se fala.
6. Conclusão: por partido forte e com perspectivas
Acreditamos que nossas propostas e sugestões não são as únicas possíveis ou as únicas melhores! Temos por certo que outros companheiros pensam de modo semelhante e também possuem propostas e sugestões a fim de fortalecer o PT em Parauapebas (e, se tal, na região, no Estado e no país), recuperar o “tempo perdido” (se perdido, o foi), retomar nossas bandeiras e compromissos históricos, tomar as rédeas da missão que nos foi confiada pela população de Parauapebas e lhe dar as respostas esperadas.
Assim, acreditamos ser possível (re)conduzir “nossa (?) administração” para as necessidades de nosso povo, construir a unidade partidária, contribuirmos para a eleição de Dilma Rousseff à Presidência da República, para a reeleição da governadora Ana Júlia, a composição de forte base parlamentar federal e estadual, quiçá, com o partido unido em nível municipal, postularmos um nome à Assembléia Legislativa. Se o fizermos, então, poderemos falar, nos preparar, para postularmos a sucessão municipal.
De logo, podemos constatar e a todos apontar que, nas atuais condições, e pela forma que vêm se portando aqueles que propõem a liderar o Partido dos Trabalhadores em Parauapebas, nesta quadra tão difícil de sua história em nosso município, e a encabeçar uma candidatura à Assembléia Legislativa, por tal, pleitear a sucessão municipal em 2012, não se mostram capazes de construir a unidade partidária e, por conseqüência, nem para reestruturar o partido para que este assuma seu papel na gestão municipal e tome a frente das alterações em sua condução que a população de Parauapebas ora exige.
A sua incapacidade política foi mais uma vez demonstrada agora, quando da posse do novo Diretório Municipal, pois que, deliberada e intencionalmente, escolheram uma data (o aniversário de seu líder) inapropriada, num claro “método da pegadinha”, subestimando, e não pela primeira vez, a inteligência e a capacidade daqueles que deles discordam e que não participam de suas opções e opiniões, sejam quais forem.
Por isso, nós, que confeccionamos este documento e que fazemos oposição interna aos “descaminhos” e “desencontros” da atual gestão municipal e da atual direção partidária, que discordamos de seus métodos e de suas opções, sustentados pela insatisfação de outros tantos militantes e filiados petistas, conforme se evidenciou no PED 2009, viemos de público, ante toda a sociedade de Parauapebas, informar a todos e todas militantes e filiados/as petistas:
1) que não compareceremos à reunião de posse do novo Diretório Municipal, no intuito de nos mostrarmos à população de que o PT, o Partido dos Trabalhadores, é capaz de autocrítica e de corrigir suas opções, sempre em vista de uma vida melhor para nosso povo trabalhador;
2) que não participamos da tentativa de impor uma candidatura local à Assembléia Legislativa, por discordarmos da forma e dos meios em que ela vem sendo imposta ao partido e a seus militantes e filiados;
3) que, ainda assim, proporemos à população de Parauapebas alternativas políticas, inclusive, proporemos outros nomes, para construção coletiva e partidária tanto de nossa candidatura à Assembléia Legislativa, como, quando chegado o momento, de nossa candidatura à sucessão municipal, ainda que reconheçamos nossas dificuldades, ante ao descrédito com que hoje nos vê nossa população;
4) que nossas posições não se limitam às críticas, vez que também temos propostas políticas, administrativas e ideológicas para nossa cidade, nossa região, nosso estado e nosso país.
Cremos que o socialismo é possível, com democracia e participação!
Por um PT forte, atuante e compromissado com a luta dos trabalhadores!
Parauapebas, 18 de Fevereiro de 2010
5 comentários em “Carta aberta”
Sugestão ao PT de Parauapebas, se é que estão tão indignados assim:
Abandonem a gestão, expulsem do PT os gestores (no plural mesmo) que estejam “envergonhando” o partido – suspeitos de malversação das verbas públicas. Reúnam provas e façam o ministério público de Parauapebas atuar. Garanto que se o PT local fizesse isso eu voltaria a votar no partido que eu admirava (…ava)… mas não acredito em papai Noel.
Isso sim, seria honroso para o PT local. Apesar do estardalhaço veriam o partido recuperar a integridade aos olhos do povo. Mas isso é quase tão improvável quanto a aberração deste governo (PETISTA, queiram ou não) voltar a encontrar o seu rumo!
Quanto às comparações da carta entre o PT do Lula e o PT local (“ainda bem que o povo associa o PT ao Lula”?) sinceramente ‘cumpanheiros’, onde é que está a diferença? O Lula-lá é aliado das antigas oligarquias, coronéis, e os seus etcéteras…
Sarneys, Lobões, Calheiros e Collor saíram de que aliança que já existiu na história do PT? Os companheiros “que tombaram pelo caminho” estão sendo substituídos pelos “novos amigos”, velhos conhecidos deste Brasil que não sabe votar.
A política no Brasil está mesmo muito perturbada. Não venham me falar de ideais. O partido que mais oferece oposição no Brasil ao PT, e mais sofre a oposição deste é o PSDB. Justamente aquele que tem as idéias mais parecidas.
PMDB? De onde saiu esta aliança que insulta o raciocínio de quem não quer apenas ver a banda passar? Por questões (já históricas) politiqueiras estes dois respeitáveis (em seus mais profundos ideais) partidos- PT e PSDB – estão cada um de um lado, associados cada qual ao seu representante do velho Brasil, o mesmo Brasil de hoje, disfarçado com muito marketing. Um Brasil que o PT não conseguiu mudar, só enfeitou, pois se aliou ao rato para distribuir o queijo.
Ele (o Lula) chama isso de “governabilidade”… mas não seria oportunismo (pelo tamanho das “bancadas”) ou mesmo covardia (pelo tamanho das “bancadas”)? Cadê o Lula candidato esbravejador? É o mesmo tipo que por essas bandas prometeu uma obra de um milhão de Reais a cada mês? O tipo que sofre de verborragia eleitoral e irresponsável?… se o “cumpanheiro de Parauapebas se aliou a joões por aqui, o “cumpanheiro-mor” de Brasília também tem os seus joões e marias (os mais velhos e atrasados), e em troca de quê? A resposta é PODER meus caros. Em todas as esferas a situação do PT é a mesma: na estadual, “Aninha” está implorando o apoio de quem para se reeleger? Se o PT estivesse sendo um bom governo para o Pará, quem sequer olharia para quem já é figura carimbada com aquela faixa branca e a estrela azul no peito? O saldo no final é sempre o mesmo: PODER.
Por isso a “prioridade da vida do Lula”, como ele mesmo anunciou, é eleger a ministra Dilma Rousseff presidente – e não concluir as mal-acabadas (ou nem começadas) “obras” do PAC. É pelo PODER também que Parauapebas está essa vergonha, com oferecimento de candidato em out-door, disfarçado de Feliz Aniversário, com dedicatória de vereador (que deveria fiscalizar o aniversariante), enquanto o esgoto continua a céu-aberto, a saúde continua uma calamidade (para citar o mínimo e não fazer uma enorme lista de precariedades) e os poderosos da vez continuam sendo apenas os poderosos da vez… Dizem que “as pessoas e os mandatos passam e as idéias ficam”, não é? Em Parauapebas, no Pará e no Brasil a máxima precisa ser adaptada. Ficaria assim: “os mandatos mudam de pessoas e de partidos, mas nem parece que mudaram. E as idéias… ah essas aí já ficaram pelo caminho” – mais especificamente entre o anúncio da vitória e a posse dos gestores.
O Problema na crise chama-se dinheiro. Os Calaboca foram poucos. Aqui no peba, os filiados fazem pressão somente. Mas não tem coragem com suas provas em mão ir ao ministério público. Somente o Parazinho foi mas não deu em nada.
A crise é mais grave em Parauapebas por que aqui nos bate papo não se fala em milhares só se fala em milhões, as negociatas são assim. Diga-se de passagem que a maioria a pouco tempo atrás viviam dignamente do salário de professor. Será que professor tá ganhando tão bem assim agora?
É isso aí companheiros!!!
Esta crise do PT não é local ela esta em todo BRASIL, inclusive com a atitude de Sr Jose Dirceu nos bastidores, a questão mal resolvida de Minas gerais , a falta de liderança em São Paulo com a tercerização da candidatura Ciro gomes.