Olá, seres humanos e espécies inteligentes vivendo em 2438. Meu nome é Guy Franco, escrevo do ano de 2014, de um lugar que um dia se chamou Brasil e que vocês provavelmente conhecem como Lula III. Como estão? Já dividiram o Pará em Carajás, Tapajós e Regina Casé?
Imagino que os adoráveis habitantes de Lula III já nem lembram o que aconteceu em 2014. Compreendo perfeitamente.
Nós estamos esperando, há anos, pelo iminente golpe comunista. O que nem eu nem George Orwell imaginava é que no mundo poderia surgir esquema muito pior: pau de selfie, pipoca gourmet, MC Pedrinho.
2014 foi o ano da Copa do Mundo no país, o evento que desencadeou nas crises dos elefantes brancos. Ano em que Dilma Rousseff, a primeira presidenta cosplay, foi reeleita.
A algazarra com dinheiro público veio à tona e resultou em estigma triste sobre o país, afastando investimentos e criando rótulos os mais injustos ao pobre do cidadão honesto.
A malvada Graça Foster, que parece vir de Eternia, e por isso boa capa de jornal, surgiu como vilã. Nestor Cerveró, uma mistura de vilão da Pixar com antagonista de Space Ghost, lembra personagem de Hanna-Barbera dos anos 80. Aldo Rebelo, para quem o processo de evolução a partir do macaco ainda não chegou, é anunciado como ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação. Em terra de tantos vilões, vale chamar Gabriel Medina de heroi.
Infelizmente, a grande promessa de civilização foi adiada mais uma vez. Em vez disso, entraram temas como marco civil da internet, cirurgia de redução do estômago, cirurgia de implantação de hidrogel, Tinder, ditadura do Photoshop, privilégio branco, volume morto, Petrolão, Itaquerão, juízes que se acham Deus e pudim de caneca.
O funk deixou o gueto. Hoje, não só os herdeiros de funcionários de Brasília podem fazer sucesso, qualquer moleque de 12 anos que sabe rimar piroca e buceta tem espaço também.
O ano de 2014 também foi marcado por questões. A questão gay, a questão lésbica, a questão trans, a questão Bruna Marquezine. Trocamos o português e a matemática por questões. Fazemos doutorados sobre questões.
Ano em que os pais saíram de férias. A mãe saiu de cena e deixou os filhos pequenos na mão de fiscais. Criamos leis que dizem “não” para as crianças no lugar dos pais, poupando o trabalho deles. Aqui, resolvemos os problemas assim, restringindo e regulando a vida privada.
Acabei de ver uma campanha contra assédio sexual no metrô. Aprendemos cidadania por cartazes (embora 40% dos alunos que terminam o ensino fundamental não consigam interpretar textos). O metrô faz o papel do pai; a educação que recebemos é transmitida via anúncio da próxima estação – “Trianon-Masp, não baixe a braguilha no trem”.
O transporte público é um inferno, o ônibus e o metrô são lotados. Nosso destino é ser encoxado.
Quando virá a educação? E o embargo no Brasil, quando acabará? Espero pacientemente, sentado na minha poltrona, pela chegada da civilização. Tenho fé, livros e games para aguentar mais três ou quatro séculos.
Fonte : Guy Franco
3 comentários em “Carta para o futuro sobre o ano de 2014”
…Gui não lembraste das queimadas, nem da crise hídrica, nem da proliferação de igrejas que se transformarão nos maiores conglomerados multinacionais comprando e vendendo “almas puras” e “salvas”, por exemplo; falastes mais das “questões” morais e éticas que o mensaleiro-mor tornou-se especialista em endeusar a corrupção e a mentira. Quanto a educação, esta continuará como instrumento do capitalismo maldito, mas necessário, nesta sociedade pura de intenções impuras!
eu tal qual o gui,também falo do final do ano 2014,quero ir um pouco mais além,já desconfiando que as coisas não terão mudado em 2438,vou me reportar aos civilizados dos anos 3537,agradeçam por viverem em um país sem lula dilma e seus descendentes,nós aqui do passado não tivemos a mesma sorte,esse tipo de ser surgiu como uma colônia parasitária,seus excrementos em forma de benefícios foi contaminando uma parcela dos habitantes,igual o ópio,causando letargia coletiva,para sorte de vocês em 2016,o parasita mor morreu,vitimado por uma metástase de um câncer enganosamente anunciado como curado,depois desse fato o resto da colônia foi desaparecendo lentamente sem deixar herdeiro,graças a campanhas de erradicação da preguiça,corrupção,do coitadismo e da síndrome do se Deus quiser,tudo isso graças a doses cavalares de vacina educacional e de consciência cívica,anticorpos imprescindíveis para a cura de uma nação doente como a nossa,por isso amigos,agradeçam,deixamos o nosso futuro de presente pra vocês.
REGINA CASÉ, ESSA FOI BOA KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK