Brasília – Embora a cerimônia oficial do anúncio do Plano Safra 2023 continue agendada para o próximo dia 28 de junho, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, resolveu atropelar o cerimonial, anunciando, no lugar do colega, titular da pasta da Agricultura, Carlos Fávaro, o valor do Plano Safra 2023, nesta terça-feira (20), em reunião na Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE).
O valor era guardado a sete chaves porque seria usado como trunfo, uma “carta na manga” do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na tentativa de distensionar o péssimo relacionamento com o único setor econômico que apresenta boas notícias na economia, com 21% do saldo positivo do PIB, enquanto os demais setores recuaram ou tiveram crescimento desprezível.
Segundo Rui Costa, serão R$ 100 bilhões para o financiamento da agricultura familiar e industrial. Costa não detalhou quanto cada área terá. “Será o maior plano safra da história do Brasil para a agricultura familiar e industrial. Algo como R$ 100 bilhões de custeio”, disse o ministro.
O “atropelamento” do cerimonial acontece um dia após o presidente viajar para mais dois compromissos internacionais na Europa e quatro dias após uma reunião ministerial com duração recorde mundial de 9 horas, no qual o presidente fez uma interminável preleção do que espera de seus ministros. Um dos temas “pisados” na catequese petista de sexta-feira (16), foi justamente os “ruídos internos” gerados pelo próprio governo.
Diferentemente do que foi anunciado prematuramente pelo chefão da Casa-Civil, o valor do crédito concedido no plano Safra 2022/2023 para o custeio e comercialização, foi superior ao anunciado pelo ministro: R$ 246,3 bilhões. Provavelmente Costa se referiu ao montante disponível para investimento, que, se for de R$ 100 bilhões, será, de fato, superior aos anos anteriores.
Os valores disponíveis para investimentos no governo anterior foram: R$ 53,41 bilhões no plano 2019/2020; R$ 56,9 bilhões no plano 2020/2021; R$ 73,4 bilhões em 2021/2022 e R$ 94,6 bilhões em 2022/2023.
Rui Costa participou de almoço com deputados e senadores ligados à FPE (Frente Parlamentar do Empreendedorismo) presidida pelo deputado federal Joaquim Passarinho (PL-PA). A maior parte dos congressistas presentes é orientada por ideias econômicas liberais. Costa fez uma apresentação dizendo que o governo agiu em seu primeiro semestre para fazer o que ele chamou de reconstrução dos principais pilares econômicos e sociais do país.
A consequência, disse, seria a melhora de indicadores econômicos, como a queda da inflação, que ficou em 0,23% em maio, o que levou a um valor atualizado de 3,9%, e o aumento do PIB, de 1,9% no 1º trimestre.
“O único elemento que falta para consolidar o crescimento é a queda na taxa Selic. O Banco Central (BC) não está mantendo [a taxa de juros]. Está aumentando todos os meses. Se a inflação está em queda, o que o BC faz ao manter o nominal em 13,75% é aumentar a taxa de juros”, disse.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.
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