No primeiro ranking elaborado pela Aneel, distribuidora do Pará ocupou a última colocação entre 33 concessionárias de energia elétrica brasileiras.
Sempre a CELPA. A distribuidora foi a melhor colocada entre piores concessionárias do Brasil em 2011. O dado consta do primeiro ranking de continuidade do serviço elaborado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que mostra o desempenho das 63 empresas do setor. A melhor concessionária foi a Coelce, do Ceará.
O ranking foi dividido em dois grupos: um das grandes companhias, com mercado anual superior a 1 terawatt hora (TWh), e outro das pequenas distribuidoras, com mercado abaixo de 1 TWh. Entre 33 empresas do primeiro grupo, a concessionária paulista ficou em 23.º lugar e a Light, no antepenúltimo lugar. A pior distribuidora foi a Centrais Elétricas do Pará (Celpa), que está em processo de recuperação judicial, desde fevereiro.
Para elaborar o ranking, a Aneel comparou os indicadores de qualidade – tempo e frequência que o consumidor ficou sem luz entre janeiro e dezembro do ano passado – das empresas com os limites estabelecidos para cada uma. O objetivo, segundo a agência reguladora, é dar transparência à gestão dos indicadores nacionais – que nos últimos anos tiveram piora significativa – e envolver a sociedade nesse processo.
Mas algumas distribuidoras não concordaram com o resultado. O vice-presidente de Operações e Comercial da AES Eletropaulo, Sidney Simonaggio, afirmou que a Aneel relativizou os números. “Quem tinha uma meta mais frouxa foi beneficiado, enquanto as empresas com metas mais apertadas foram prejudicadas.”
Segundo ele, os consumidores da segunda melhor distribuidora do ranking, a Companhia Energética do Maranhão (Cemar), ficaram 21,44 horas sem energia em 2011. Na Eletropaulo, esse número ficou em 10,36. Para este ano, a meta da agência para a distribuidora é de 8,67 horas. “Nosso plano de investimentos já está surtindo efeito nos números da empresas e vamos bater essa meta estabelecida pela Aneel.”
Em nota, a Light, do Rio, afirmou que está realizando obras de melhoria de toda a sua rede elétrica. Neste ano, vai investir cerca de R$ 460 milhões para melhorar a qualidade do fornecimento de energia elétrica e atender à demanda crescente na área de concessão. Entre as ações realizadas, está a substituição de rede aérea por outra mais moderna e segura.
A Celpa, controlada pela Rede Energia, também informou que os investimentos recentes também estão melhorando os indicadores. “Os índices em Belém já estão dentro das metas estabelecidas pela Aneel, se considerados os últimos sete meses”, afirmou a companhia em nota. A segunda pior distribuidora foi a Cepisa, do Piauí. A empresa é administrada pela estatal Eletrobrás.
Consumidores
Na avaliação da advogada e consultora da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste), Flávia Lafevre Guimarães, o resultado do ranking já era esperado, especialmente em relação à AES Eletropaulo. “Isso se deve a uma série de resoluções e parâmetros de qualidade muito complicados que a Aneel estabeleceu. Esses parâmetros permitiam que as empresas usassem desculpas absurdas para justificar a falta de investimento e as constantes quedas de energia como “situações de emergência” e “dias críticos”. O resultado disso é a baixa qualidade do serviço de distribuição.” Para a advogada, não há estímulo para as empresas melhorarem, e a Aneel sabe disso. Essas regras estão servindo de desculpa para as empresas não investirem e prestarem um péssimo serviço.