O maior nadador brasileiro de todos os tempos, Cesar Cielo, experimentou nesta segunda-feira o gosto agridoce que deve encarar em cada sucesso de sua carreira daqui para frente. Com o excelente tempo de 23s10, Cielo conquistou a medalha de ouro nos 50 metros borboleta, prova que não é sua especialidade, no Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos. Após a vitória, Cielo chorou muito, ainda dentro da piscina, uma visível explosão de emoção após o caso de doping em que se envolveu, e do qual saiu apenas com uma advertência. Se o gosto doce foi a medalha de ouro, o amargo veio depois.
O jornal australiano Herald Sun conta: muitos nadadores não gostaram da decisão da Corte Arbitral do Esporte, que liberou Cielo com uma advertência após teste positivo por um diurético banido. Outro finalista dos 50 m borboleta, Jason Dunford [sétimo colocado], do Quênia, fez sinal de negativo depois da vitória de Cielo. No entanto, o australiano Matt Targett [segundo colocado na prova] defendeu seu ex-companheiro de treino, com quem morou na Universidade Auburn, nos Estados Unidos. “É difícil para ele, eu não vou falar em nome do meu amigo, mas eu morei com ele e é em momentos como esse que você descobre quem são seus amigos de verdade”, disse Targett. “Gente como Dunford, que não torna as coisas melhores, faz sinal de negativo após a prova. É um mau perdedor.
Na entrevista coletiva após a competição, as coisas continuaram difíceis para Cielo. Questionado sobre o comportamento dos adversários, Cielo se irritou, e novamente foi defendido por Targett, segundo o Terra, ao ser questionado sobre supostas vaias recebidas de outros atletas – em virtude do caso de doping em que se envolveu recentemente -, o brasileiro foi lacônico. “Não ouvi as vaias”, disse Cielo. O jornalista que fez a pergunta insistiu questionando como seria se o brasileiro tivesse escutado as vaias. “Não mudaria nada”, resumiu o campeão olímpico. O jornalista voltou a insistir e, então, Cielo foi defendido pelo australiano Matthew Targett. Mais irritado até do que Cielo, Targett pegou o microfone e questionou a organização da entrevista coletiva. “Não era só uma pergunta por jornalista?”
Fonte: Revista Época