O jornal Correio, que é de propriedade do empresário Wenderson Chamon, o Chamonzinho, ex-prefeito de Curionópolis, traz em sua edição desta terça-feira, dia 4 de setembro, uma notícia que alarmou a todos, mais pela manchete do que pela comprovação da afirmação. Sob o título de “Canaã dos Carajás. BOMBA: White Tratores comanda o esquema de corrupção”, o jornal cita valores faturados pela empresa White Tratores e Serviços, de João Vicente do Vale, por serviços prestados no citado município na primeira gestão de Jeová Andrade.
Cita, também, mas sem mostrar nenhuma prova, a não ser mencionar que a fonte seria a justiça, suposto esquema montado no município de Tucuruí para lesar os cofres daquele município. Afirma, ainda, sem citar quais obras e valores, que o empresário João Vicente teria alcançado uma ascensão financeira meteórica graças a obras supostamente superfaturadas junto ao INCRA. Para concluir e fechar com chave de ouro a “denúncia bombástica”, o jornal de Chamonzinho informa que o empresário leva vida de alto padrão em Parauapebas, tendo mansão no bairro Vila Rica, avião, pista de motocross e haras, onde os animais são alimentados com maçãs.
É cláusula pétrea no jornalismo quando de uma denúncia a apresentação de provas, fato que o jornal de Chamonzinho não o fez. E, já que não o fez, não há o que ser contestado. Fica o dito pelo não dito. O que precisa de ser informado é que não há e nunca houve nenhuma queixa, inquérito ou demanda em qualquer esfera da justiça contra a White Tratores em relação aos contratos mantidos pela empresa com as prefeituras de Tucuruí e Canaã dos Carajás, apesar de que em ambas os gestores foram investigados pelo Ministério Público Estadual e afastados pelos juízes das mencionadas cidades. Na esfera federal, a empresa manteve, sim, contratos com o Incra e todos eles foram auditados e quitados, diga-se de passagem, sem nenhuma ressalva. Se o jornal tivesse procurado o Incra pra fazer essa consulta talvez não passasse pelo constrangimento de ter de desmentir a notícia.
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O jornal Correio foi fundado em 1983, portanto há 35 anos, por Mascarenhas Carvalho, que ficou à frente do veículo por três décadas. Sempre gozou de alta credibilidade e, até então, seu quadro era formado por redatores preocupados em divulgar, acima de tudo, a verdade, doesse a quem doesse. Nesse longo tempo de atividades, nunca se prestou a apadrinhamentos políticos e sua linha editorial se manteve alheia à política.
Me perdoem os funcionários do jornal, mas parece que o Correio já não é o mesmo. Talvez seja preciso resgatar Mascarenhas de sua aposentadoria para que o jornal volte a ter credibilidade e não fique mais a serviço dos interesses políticos de cidadão e de seus amigos.
A chamada de capa da edição de hoje do jornal não nos deixa pensar diferente! Ela se deu, exclusivamente, em virtude da política. Senão, vejamos:
Chamonzinho é candidato a deputado estadual pelo MDB em 2018 e tinha ou tem, sabe-se lá, a promessa do prefeito de Parauapebas de que seria ele o candidato do grupo de Darci Lermen a deputado estadual. Essa promessa, até onde se sabe, está sendo mantida pelo prefeito.
Eis que o empresário João Vicente, à revelia da vontade de Chamonzinho, a quem não deve nenhum favor, resolve apoiar os vereadores Marcelo Parcerinho e Joelma Leite, ambos nascidos e criados em Parauapebas, para os cargos de deputado estadual e federal, respectivamente. E é aí que mora toda a revolta de Chamonzinho, que, sabe-se lá por que, resolve publicar notícia inverídica, sem nenhuma prova concreta, atacando o empresário.
O poeta, contista e cronista mineiro Carlos Drummond de Andrade disse certa vez que “Conversar é arte tão delicada que os próprios especialistas costumam esquecer-se dela.” Como político, Chamonzinho ratificou Drummond e, pior, atacou covardemente, de maneira inescrupulosa, aquele que poderia lhe estender a mão em momento tão difícil como o de uma campanha política eleitoral. Fez pior, junto com a manchete, sem a menor necessidade, publicou foto do empresário João Vicente com vereadores e lideranças políticas de Parauapebas, supostamente acusando-os de “faturar” também.
A atitude intempestiva de Chamonzinho pode lhe trazer ácidos frutos, além dos da esfera judicial aos quais responderá pela publicação. Ele poderá perder apoios importantes com a atitude, já que Branco é profícuo articulador político e goza da credibilidade e do carinho da classe política local. O tempo dirá a quem serviu essa grosseira reportagem.
2 comentários em “Chamonzinho usa seu jornal para atacar empresário com notícia inverídica”
Quero ver o pau cair a folha!!!
em briga de cachorro grande, vira-latas só observa.