Cidadania: seus deveres devem estar acima dos seus direitos?

Continua depois da publicidade

A palavra cidadania vem do latim civitas, “cidade” e é o conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive.

Todos nós, cidadãos deste mundo, na grande maioria das vezes cobramos do Estado, da escola, do vizinho, de quem nos está próximo, nossos direitos e nos esquecemos dos nossos deveres.

É justo o cidadão que corrompe um agente de trânsito, que não para na faixa de pedestres, que joga lixo no chão, que não usa adequadamente os recursos naturais, em fim, o cidadão que tem a chance de exercer seu papel de cidadão e não o faz, cobrar seus direitos?

Ha anos comprei um carro zero quilômetro e o mesmo veio com um defeito de fábrica. Por mais que eu insistisse com a concessionária para que resolvesse o problema este não foi resolvido. Na época procurei uma juíza na tentativa de que ela me desse uma solução para o caso. Minha intenção era parar de pagar as parcelas, já que o veículo era financiado, provocando assim uma situação judicial no sentido de ver meu problema resolvido.

A magistrada, no alto de seu conhecimento, disse-me na lata que eu não deveria jamais parar de pagar o financiamento, senão daria à concessionária razão para ingressar com ação para rever o bem vendido. Segundo ela, eu deveria cumprir com os meus deveres para depois, munido das notas das revisões, ingressar com ação em busca dos meus direitos.

Eu, aos vinte e poucos anos, afoito e achando que meus direitos deveriam ser superiores aos meus deveres, achei aquilo um absurdo. Todavia, fui convencido por amigos próximos a executar a sugestão da magistrada. Quitei o veículo depois de alguns meses e ingressei imediatamente com a ação sugerida, munido das provas de que o famigerado veículo tinha um defeito crônico e que tal me constrangeu ao longo do tempo.

Tempos depois fábrica e concessionária arquitetaram na justiça um acordo judicial que me foi muito vantajoso. Troquei o carro velho por um novo e ainda recebi uns trocados de indenização.

Aprendi, desde então, que meus deveres sempre deveriam vir à frente dos meus direitos e tenho me dado muito bem com essa prática.

Volta e meia nos pegamos exercendo o papel do cidadão que pensa: “farinha pouca, meu pirão primeiro”, quando na verdade deveríamos praticar a cidadania plena, todos têm de dar sua parcela de contribuição para que tudo tenha um bom funcionamento.

Cobramos água farta e de boa qualidade mas desperdiçamos sistematicamente esse precioso líquido sem que isso nos cause qualquer tipo de dolo ou pesar. Exigimos um bom serviço da concessionária de energia elétrica mas não procuramos economizar pensando no meio ambiente. Economizamos em virtude da remuneração financeira que em contrapartida fazemos à concessionária. Não fosse a dor no bolso, quem se importaria em apagar ou não uma lâmpada em um ambiente não usado?

Pensamos no imediatismo. Cremos na premissa que temos direitos, esquecemos dos nossos deveres. Nos preocupamos somente com nossos próximos ou com quem nos interessa. Essa de pensar que uma ação que devemos tomar poderá prejudicar A ou B não nos é recorrente e isso é um erro. Se exercermos nossa cidadania de forma plena ( cumpra-se os deveres e busca-se os direitos) certamente faremos deste mundo, país, estado e município, um lugar melhor de se viver.

Exerça a sua cidadania. Não espere pelos outros ( você não é massa de manobra) e tem o direito e o dever de fazer as escolhas que lhe forem mais convenientes e isso ninguém pode tirar de você! Esqueça o trivial, reinvente sua vida, isso é ser cidadão!

1 comentário em “Cidadania: seus deveres devem estar acima dos seus direitos?

  1. Nome (obrigatório) Responder

    Muito boa essa reflexão em torno da CIDADANIA. Eu digo que o bom senso deveria prevalecer para que nós quanto agentes transformadores da sociedade, pudéssemos aplicar na prática do dia, dia, gestos que contribuísse para mudar a cultura perversa que tanto fere e deixa distante de acontecer gestos de cidadania. Digo isso com base no que, sem muito esforço, percebe-se cotidianamente na atitudes das pessoas, que com base nos dizeres: de que o mundo é dos espertos, que quem tem pena do coitado fica no lugar dele, quem quer pegar o galo não diz xó! Que achado não é roubado e quem é honesto,certinho não prospera. Isso tudo é fruto de uma sociedade capitalista, machista, individualista, discriminalista, preconceituosa, corrupta e violenta, onde uns vão se inspirando nos maus exemplos dos outros tendo isso como base do bem viver, não percebendo que o ser humano é um ser racional e não o contrário. Deveríamos sim, criar momentos que pudéssemos de forma coletiva refletir sobre os valores que nós efetivamente temos que cativar para ter uma sociedade de vivencia equilibrada, respeitando as limitações de cada um, sem esquecer que se temos direitos, também temos deveres.

Deixe seu comentário

Posts relacionados