Cidades do Pará são as piores do Brasil para envelhecer, revela estudo

Ranking com topo dominado por localidades paulistas tem as paraenses na lanterna. Nem as cidades mais desenvolvidas, como Parauapebas, Marabá e Paragominas, foram poupadas de últimos lugares

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Absolutamente tudo o que o Blog do Zé Dudu vem discutindo ao longo dos anos tem se traduzido em indicadores ruins no Pará, por diferentes institutos de pesquisa. A precariedade na oferta de serviços essenciais básicos, como educação, saúde, saneamento básico e segurança, e na geração de emprego e renda tem condenado o estado e seus municípios ao vexame público por ocupar sempre os últimos lugares em quaisquer listas que se façam. Economicamente, o Pará é, sim, muito rico, assim como seus municípios, que lideram a produção nacional e a exportação de várias commodities agrícolas e minerais. O problema é que toda essa riqueza não tem servido à população paraense e, portanto, não tem se traduzido em desenvolvimento humano e progresso social.

A mais recente constatação foi feita pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, que coloca meia dúzia dos dez mais populosos municípios paraenses como os piores lugares para envelhecer no Brasil. Entre as cidades pequenas, das dez piores, quatro estão aqui no estado. As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog, que também vê como preocupante o estudo dado o grau de falência social a que as cidades do Pará chegaram.

Na semana passada, o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon lançou o Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL) 2020, analisando a capacidade da oferta de condições dignas de envelhecimento em 876 cidades brasileiras. Em 2017, o instituto havia lançado a primeira edição do estudo, abrangendo 498 cidades.

O IDL aponta pontos positivos e negativos das cidades para que gestores, governantes e representantes da sociedade civil possam pensar em ações efetivas que promovam o aumento da longevidade com qualidade de vida nestas localidades. Para isso, o índice se sustenta em 50 indicadores divididos em sete variáveis: Cuidados de Saúde; Bem-Estar; Finanças; Habitação; Cultura e Engajamento; Educação e Trabalho; e Indicadores Gerais.

São Félix do Xingu, pior de todas

Os resultados revelam que mais da metade dos municípios analisados não está adequada para a longevidade de suas populações. E São Félix do Xingu, no sul do estado, é o menos adequado de todos entre os municípios brasileiros com mais de 104 mil habitantes. Na tradução literal, é o pior do país para se envelhecer, considerando-se os critérios estabelecidos para cálculo do IDL.

Mas São Félix não está sozinho. Entre os dez piores, há a presença de Parauapebas (3º pior), Tucuruí (4º), Paragominas (6º), Marituba (7º) e Marabá (8º). O mais bem colocado é Belém, cuja posição no IDL é a 185ª num universo de 280 cidades. A melhor de todas é a paulista São Caetano do Sul, que não por acaso liderou o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) em 2010.

Pacajá, 2ª pior entre as pequenas

Entre os 596 municípios com menos de 104 mil habitantes analisados, Pacajá é o 2º pior do Brasil para envelhecer. Ele só perde para o maranhense Buriticupu. Na lista do fundo do poço, Pacajá é acompanhado por Itupiranga (6º pior), Viseu (8º) e Acará (10º). As melhores cidades paraenses entre as pequenas para envelhecer são Capanema (428ª), Redenção (471ª) e Salinópolis (518ª).

O Instituto de Longevidade Mongeral Aegon chama atenção para o fato de que os moradores estão envelhecendo em localidades que emergem como lugares preferidos por idosos, sem que isso implique necessariamente na adequação e na estruturação das cidades para receber um público demandante de necessidades típicas de adultos mais velhos. E alerta para a importância de os gestores se preocuparem em criar condições urbanas cada vez mais dedicada à longevidade, uma vez que a taxa de envelhecimento da população é maior atualmente que a taxa de natalidade.