Brasília – Após a posse festiva prestigiada por apoiadores, balada em dois palcos até o amanhecer do dia 2 de janeiro do novo ano, eis que chega a dura realidade da vida como ela é. Às 10h da segunda-feira (2), logo após a abertura do pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), o principal índice da bolsa — o Ibovespa — despencava sem parar até atingir -3.358 de queda percentual aos 106.376,02 mil pontos, quando o mercado começou a digerir o “revogaço” determinado pelo presidente recém-empossado para o terceiro mandato como presidente do Brasil.
No dia da posse, domingo (1º), enquanto o povo se divertia e ouvia aplaudindo efusivamente o discurso de posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não sabia, mas horas atrás, o novo mandatário já tinha assinado uma série de medidas que seriam conhecidas na edição Extra do Diário Oficial da União do dia seguinte. Foi uma segunda-feira (2) de enormes prejuízos ao Brasil após o mercado conhecer o teor das medidas tomadas em segredo pelo petista e reveladas depois em 15 páginas publicadas no Diário Oficial da União.
As empresas estatais perderam R$ 31,8 bilhões em valor de mercado no primeiro pregão do ano. Só a Petrobras viu ações caírem 6,45% e valor total ser reduzido em R$ 22,8 bilhões, após Lula paralisar os estudos das privatizações que se iniciaram o governo do seu arquirrival Jair Bolsonaro (PL).
Foi um dia terrível para o mercado, sinalizando o que será o novo governo e sua sanha intervencionista. As cinco principais estatais listadas na B3, a bolsa de valores brasileira, perderam, juntas, R$ 31,806 bilhões em valor de mercado na segunda-feira (2), no primeiro pregão do ano e também a primeira sessão após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, realizada no domingo (1º).
A lista foi calculada pela plataforma de investimentos TradeMap — referência do mercado — e inclui Petrobras, Banco do Brasil, Eletrobras, Caixa Seguridade e BB Seguridade. O valor de mercado total delas caiu de R$ 634,6 bilhões no último pregão de 2022, na última sexta-feira (30/12), para R$ 602,8 bilhões.
Maior delas, a Petrobras responde por mais da metade desse valor. Ela perdeu, sozinha, R$ 22,8 bilhões na segunda-feira (2), de R$ 345,8 bilhões para R$ 323,2 bilhões, após suas ações encerrarem o dia com queda de 6,45%.
Na sequência, o Banco do Brasil viu evaporarem R$ 4,3 bilhões de seu valor de mercado. As ações do banco estatal recuaram 4,23% no dia.
Ainda na segunda-feira (2), o Ibovespa afundou 3% e o dólar subiu 1,5% após o presidente voltar a fazer críticas ao teto de gastos e anunciar a revogação de uma série de privatizações em seu discurso inaugural.
Entre suas primeiras medidas, Lula assinou ainda no domingo um despacho determinando a retirada de oito estatais do plano de privatizações deixado pelo governo anterior.
O texto foi publicado no Diário Oficial da União na segunda-feira (2) e inclui a Petrobras e os Correios, entre outras. As estatais mencionadas foram:
• Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT;
• Empresa Brasil de Comunicação – EBC;
• Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência – Dataprev;
• Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. – Nuclep;
• Serviço Federal de Processamento de Dados – Serpro;
• Armazéns e os imóveis de domínio da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab constantes do Anexo ao Decreto nº 10.767, de 12 de agosto de 2021;
• Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras; e
• Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural S.A. – Pré-Sal Petróleo S.A. – PPSA
Sangria deve continuar
A abertura do pregão desta terça-feira (3), iniciado às 10h, deve dar continuidade à sangria do valor das estatais. No início do pregão o índice Ibovespa caia -0,63% perdendo os 106 mil pontos, marcando 105.583,84, se perder esse pivô a B3 pode desabar para 101 mil pontos aumentando os prejuízos dos investidores.
Todas as estatais continuam em queda livre até o fechamento desta reportagem.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.