Os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC), Ronaldo Caiado (União-GO), Ibaneis Rocha (MDB-DF) e Ratinho Júnior (PSD-PR), anunciaram nesta quinta-feira (24) que, nos cinco estados em que governam, não haverá o retorno da cobrança do Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (SPVAT), mais conhecido como o “novo DPVAT”.
A cobrança havia sido extinta no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e será retomada a partir de 2025, por meio da Lei Complementar n.º 207, aprovada no Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O novo DPVAT será administrado pela Caixa. Os donos de veículos automotores deverão realizar o pagamento uma vez por ano.
O assunto voltou à tona com a publicação de Bolsonaro, em sua conta na rede X, afirmando que excluiu a cobrança do seguro. “O Presidente Jair Bolsonaro extinguiu o DPVAT, Lula o traz de volta com tudo e toda sua sanha de mais taxas e impostos”. Os governadores sinalizam que não irão cobrar o DPVAT.
O governo de São Paulo rejeitou a proposta da Caixa Econômica Federal para realizar a cobrança do SPVAT. A proposta sugeria que o Detran-SP ficasse responsável pela cobrança, incluindo o tributo junto ao licenciamento do veículo e do IPVA de 2025, repassando a maior parte dos valores para a União.
Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal, foi enfático ao afirmar, em suas redes sociais, que a medida não será aplicada no DF. Segundo ele, a decisão visa proteger a população de custos adicionais. “Nosso objetivo é priorizar o bem-estar da população e evitar custos que possam impactar o bolso das famílias”, justificou.
Em Santa Catarina, o governador Jorginho Mello também rejeitou a adesão ao novo DPVAT. No início do mês, ele declarou que o estado não participaria do convênio proposto pelo governo federal. “Essa manobra geraria aumento de impostos para os catarinenses, algo que contraria nossa política de não elevar tributos”, argumentou Mello.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, seguiu o mesmo caminho e, em entrevista à Rádio Itatiaia, classificou o retorno do DPVAT como “um absurdo”. Zema criticou a medida, dizendo que o seguro “sempre foi um imposto disfarçado, beneficiando apenas os amigos dos poderosos”.
“Operacionalizar essa cobrança para o governo federal, não vamos. Se tiver jeito de dificultar, eu até quero dificultar. Eu acho um absurdo alguém ter te pagar compulsoriamente um seguro que não cobre praticamente nada e que foi feito para arrecadar dinheiro e não para dar segurança para quem tem uma moto ou um carro”, destacou Zema.
Ronaldo Caiado, governador de Goiás, também se posicionou contra a cobrança. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Caiado destacou que, se o governo federal enfrenta problemas financeiros, deveria “tratar o dinheiro público com mais responsabilidade”.
Novo DPVAT
A tarifa anual ficará entre R$ 50 e R$ 60, a partir de 2025. O SPVAT terá validade do dia 1º de janeiro de cada ano até o dia 31 de dezembro.
Quem não estiver com o pagamento da taxa em dias terá problemas para fazer o licenciamento anual do veículo, baixar o registro de veículos automotores de vias terrestres e para efetuar a transferência de propriedade.
De acordo com a legislação, 5% do valor arrecadado com o SPVAT será repassado mensalmente ao Coordenador do Sistema Nacional de Trânsito (Contran) para programas de prevenção de acidentes e divulgação do seguro. Outra fatia maior, de 35% a 40%, será enviada para estados e municípios para investimento no transporte público.
Durante o debate sobre o retorno da taxa, a oposição criticou a obrigatoriedade da cobrança, uma vez que a medida atinge também os motoristas que possuem seguro privado.
O Ministério da Fazenda e a Secom do governo Lula ainda não se posicionaram sobre a recusa dos governadores em cobrar o SPVAT.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.