Câmara Municipal de Marabá reage à tentativa de intimidação da Vale

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Por Ulisses Pompeu – de Marabá

Na abertura da Sessão Ordinária desta terça-feira, 12, a vereadora Vanda Américo (PSD) ocupou a  Tribuna da Câmara Municipal de Marabá para ler uma carta endereçada a ela pelo diretor de Operações de Logística da Vale, Luiz Fernando Landeiro Júnior, na qual alertou a vereadora sobre a possibilidade de que a “empresa adotará os meios legais para impedir qualquer prática ilícita de invasão da Estrada de Ferro Carajás, assim como para cobrar todos os prejuízos que advierem aos serviços, para a empresa e seus clientes a partir daí, nos exatos termos da lei”.

Luiz Fernando Landeiro demonstrava, através da carta, preocupação com um pronunciamento feito por Vanda Américo no dia 27 de fevereiro, em que ela falou sobre a necessidade de mobilizar a comunidade marabaense para cobrar do governo federal e da Vale a viabilização da hidrovia Araguaia Tocantins para garantir o desenvolvimento regional. “Vamos mobilizar a comunidade e, a partir de 21 de maio, definirmos uma data de ocupação da ferrovia”, disse Vanda, cujo discurso foi publicado no Jornal Correio do Tocantins no dia 28 de fevereiro.

Indignada, Vanda Américo rebateu a carta enviada pelo diretor da Vale, dizendo que aquela era uma tentativa de intimidação pessoal, mas que atingia todo o Legislativo marabaense. Ela disse que não iria se calar e rebateu de forma firme, avisando que a referida carta serviria de combustível para fortalecer sua luta pelos direitos da comunidade marabaense. Vanda pediu a realização de uma audiência pública
por parte da Câmara para discutir com os movimentos sociais os problemas que afligem o município e cobrar ainda mais da Vale a solução para eles, em função dos impactos sociais dos projetos que estão sendo implantados em Marabá. “Se for na base da ameaça, vamos usar nossa força. Se a Vale não vier sentar conosco e discutir as problemáticas e uma forma de resolver nossos problemas sociais, vamos sentar na rodovia e protestar mesmo”, disse.

Em outro trecho da carta da Vale assinada por Luiz Fernando, diz que o “Estado de Direito impõe a todos os cidadãos o respeito à lei, e os mandatários políticos (na democracia: os eleitos) também são submissos ás leis promulgadas. Assim, as declarações como as prestadas por vossa senhoria só trazem instabilidade e incitam o cometimento de crimes”.

O diretor da Vale alega que a empresa tem buscado o diálogo constante com todos os representantes do município, não tendo qualquer problema em dialogar. “Inclusive, recentemente estivemos tratando sobre a Aços Laminados do Pará, evento do qual vossa senhoria participou”. Sobre essa referência, Vanda minimizou o resultado da referida reunião, dizendo que não houve avanço algum e que a Vale se negou até mesmo em repassar para o município a área onde construiu, em parte, a Estação Conhecimento de Marabá (ela nunca funcionou) para ser transformada em escola de tempo integral.

Reação em cadeia
A carta do diretor da Vale causou indignação imediata em todos os outros 20 vereadores, que saíram em defesa da colega. Pela primeira vez nesta legislatura, todos os edis pediram um aparte na fala de um vereador. O primeiro a usar da palavra foi Miguel Gomes Filho, o Miguelito (PP). Ele considerou um absurdo e repudiou a carta enviada ao diretor da Vale e lembrou que a Vanda já enfrentou guerras maiores contra a mineradora. Miguelito propôs que o Legislativo reagisse e se posicionasse oficialmente através de um documento à diretoria da Vale. “Temos a obrigação de nos manifestar enquanto Câmara. Este senhor está tentando nos imputar o medo”, retrucou.

Júlia Rosa (PDT), presidente da Câmara, reconheceu a necessidade de uma reação imediata do Legislativo e observou que os interesses da Vale são econômicos, sem respeitar o desenvolvimento social. “Vamos marcar a audiência pública sugerida pela vereadora Vanda, porque não podemos aceitar uma afronta que é contra todo o município de Marabá”, advertiu.

Vereadores fizeram  protesto contra a Vale

O vereador Beto Miranda (PSDB) disse que a atitude da Vale através da carta enviada à colega Vanda Américo não é surpresa e se mostrou contrário a todo e qualquer incentivo fiscal à mineradora por parte do município e Estado.

O vereador Pedro Correa Lima (PTB), ao se solidarizar com Vanda, lembrou do ônus social da Vale com a implantação dos projetos Salobo e Alpa, tendo prometido milhares de empregos que nunca foram cumpridos. Essa carta é uma forma de nos intimidar. “Precisamos rever as condicionantes da Alpa, porque não havia ali um indicativo de que a siderúrgica só sairia se houvesse o derrocamento do canal do Lourenção”, alfinetou.

Para Pedro Correa, a Vale é quem deveria ser responsabilizada judicialmente pelas diversas invasões de áreas urbanas em Marabá, como consequência da propaganda que a própria mineradora fez de que a cidade iria ter muitos empregos.

Por sua vez, o vereador Gilson Silva, o Gilsim (PP) reconheceu a gravidade da carta, mas destacou que o calcanhar de Aquiles da Vale é o trilho. “Fechar a ferrovia é a única maneira de a empresa nos ouvir de verdade e atender as demandas sociais que crescem a cada dia em Marabá”.

Acostumado a negociar com a Vale por sua comunidade indígena na base do fechamento da ferrovia, o vereador Ubirajara Sompré (PPS) lembrou que é preciso ampliar as discussões com a mineradora, que está duplicando a Estrada de Ferro Carajás para retirar minério dobrado desta região, mas sem nenhuma condicionante negociada com a sociedade local. “Lá na aldeia nós temos o plano A e o B, mas faz algum tempo que não utilizamos o B porque a Vale tem percebido que se não ceder no A, a gente fecha a ferrovia mesmo”, explicou Sompré.

Também indignado com a postura da Vale, o vereador Guido Mutran (PMDB) disse que o documento enviado à vereadora Vanda Américo não representa, necessariamente, o posicionamento do diretor Luiz
Fernando, mas sim da própria Vale, que tenta acuar o povo de Marabá. “Vamos nos fortalecer ainda mais com esse documento, mobilizando outros municípios da região para enfrentar a Vale”, sugeriu Guido.

Alécio Stringari (PR) foi outro que disparou a metralhadora verbal contra a Vale. Segundo ele, a comunidade marabaense tem de conviver permanentemente com as migalhas que caem dos trens da Vale, comparando os poucos investimentos da empresa em Marabá como “mel na chupeta” para criança parar de chorar.

O vereador Antônio Araújo (PR) destacou que a Vale só entende a linguagem da pressão e é dessa forma que a comunidade de Marabá tem de agir sempre, porque os problemas sociais, como a violência, se avolumam e a empresa só colabora com uma parcela muito pequena.

Ao final da sessão, ficou definido que um documento será enviado à Vale repudiando a tentativa de intimidação da empresa, além de agendada uma audiência pública para repassar à comunidade o tratamento da empresa. Em gesto de solidariedade à vereadora Vanda, todos os 21 vereadores posaram em uma foto com ela na tribuna da Câmara, ao final de seu discurso.

18 comentários em “Câmara Municipal de Marabá reage à tentativa de intimidação da Vale

  1. Moradora de parauapebas Responder

    Se essa moda pega em Canaã e em Parauapebas heim?E devia pegar, é claro… qual veriador(a) de canaa ou parauapebas teria a coragem da vereadora Vanda Americo???A Estaçao do conhecimento de Parauapebas está em decadência e a de Canaã nunca saiu do papel e a Vale já está há anos nessa região. Melhor encarar a atitude de tal vereadora como alguém que está clamando pelas problemáticas da populaçao local e nao como um ato d violencia, como alguns escreveram por aqui.
    A Vale ja está aqui há mais de 3 décadas e ela deve, pois ela tem responsabilidade local para conosco…

  2. luciana Responder

    Voces acham porque o Gilberto leite voltou pra Acim ,mesmo doente?
    pra continuar barganhando em nome do município e região negócios com a toda poderosa vale.O Gilberto foi um dos beneficiados com as vendas super faturadas dos terrenos onde será construído a ALPA. Contratos fabulosos de vendas de carros de suas empresas.O ítalo é outro que usa o município para fechar negócios com a vale.E tem os peixinhos pequenicos que conseguem com muita babação umas migalhas,como contratos para escolas em canaan. Comprometidos com a empresa as necessidades do município fica em segundo plano.A região fica fragilizada ja que seu interlocutores são dessa categoria.

  3. Bom senso Responder

    com geracao de emprego aumenta a arrecadacao de impostos e melhorias de qualidade de vidas da populacao, que ate agora apenas um pequeno numero de pessoas tem que migrar para parauapebas para entao conseguir um emprego. aqui em maraba e um misterio esta empresa mendes junior que esta a servico da vale as contratacoes e atraveis de padrinhos, no momento certo procuro a imprensa para provar.

  4. Bom senso Responder

    uma coisa e certa a vale nao se decide quanto a investimentos na nossa cidade e regiao, e se bobear-mos ela até retira esse projeto ALPA daqui. precisamos tomar uma posicao drastica. e a ocupacao interrupcao do trafego de trem sera a unica saida infelismente, pois vemos todos os dias nossas riquezas sendo escoadas, e em troca o que ganhamos? viaturas, equipamentos de videos e outros nao é compensatorio, o que compensa e geracao de empregos, ao inveis de dar o peixe deve-se dar o anzol e ensinar a pescar.

  5. Anônimo Responder

    Aposto que esssa indignação toda só vai durar até o primeiro depósito na conta deste vereadores, depois é só paz e amor. Encenação pura!

  6. Jr Responder

    Façamos o seguinte então: Ao invés de fechar a ferrovia, o protesto será para fechar a Câmara Municipal de Marabá, ou fechar a porta da casa de todos esses vereadores… Faz Sentido? Fechar a revemar? a Maragusa? O posto de gasolina da esquina…. q q isso, me desculpe os termos mas é muita falta de senso desses vereadores em criticar alguém que quer ter seus direitos assegurados.

    • Anônimo Responder

      A gigante que se disfarça de boazinha, terá denúncias, reivindicações e insatisfação que faram parte das manifestações de centenas de pessoas impactadas a não Vale S.A, que querem seus direitos assegurados também participaram da reunião publica.

    • luciana Responder

      vamos fechar empreendimentos de empresariozinhos que se posicionam contra o município, porque estão se beneficiando com alguns favores cala boca da vale.

  7. Anonimo Responder

    Imagine, só imagine… um um assaltante invadindo sua casa. Agora imagine você indo à Polícia reclamar seus direitos pq não é correto um assaltante entrar na sua casa e causar prejuizos. Ai o assaltante vem a público dizer q não é justo vc reclamar o cumprimento da lei, não é correto vc “pressioná-lo”, e que vc se acha o “dono” da casa. P…. Nenhuma, vc não é o dono da casa, e na verdade, qqr hora que esse assaltante quiser, se achar no direito de invadir a casa de alguém, ele tem o “direito” assugurado…. Ze Dudu, que vergonhoso isso, francamente!!!!!!!!!!!!!!

  8. Marcello Araújo Responder

    Essa Vanda Américo é uma figura singular.
    Primeiro ela “ameaça” a Vale, depois ela vai a tribuna se dizer “ameaçada” pela Vale.
    Tudo bem que a Vale tem lá suas obrigações a cumprir com nossa sociedade marabaense, mas é importante sabermos se essa briga não é um cabo de força com interesses pessoais entre a vereadora e a mineradora. E o povo mais uma vez sendo utilizado como bucha de canhão.

    • luciana Responder

      vamos sim atacar o ponto fraco da vale…os trilho.
      infelizmente nos temos pessoas que usam entidades como acim e outras para se beneficiarem com grandes e pequeno negócios.aqui nos temos vários defensores de vale como o marcelo araujo e o irmão dele jr.

  9. Sérgio Augusto Responder

    A Vale, sempre a Vale achando que é dona do Pará inteiro. Comprou vários veículos de comunicação no Estado (os grandes), mas ainda nos restam os blogs. Espero que os vereadores de Marabá mantenham o pulso firme contra essa empresa.

  10. Anônimo Responder

    Que saudade de ROGER AGNELLI !

    MUITA INCOMPET~ENCIA JUNTA DA NISTO !

    UM DIRETOR DE DEPARTAMENTO INTIMIDANDO !

    É MUITO DESPREPARO CADÊ AS RELAÇÔES INSTUCIONAIS DA VALE !

    ONDE ESTA O Sr Jose Carlos representante do Murilo no estado do PARÁ.

    Muito fraca as diretorias na região , não resolvem nada!

  11. Anônimo Responder

    Esses vereadores, como tambem os de parauapebas acham que resolvem tudo na porrada, esses vereadores de Maraba estão querendo aparecer, acham que resolve tudo na base da interdição da ferrovia… Vão lá fechar a ferrovia.

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