Revelações bombásticas estão dando novos rumos às investigações sobre o assassinato do prefeito de Tucuruí, Jones William Galvão.
Advogados do prefeito afastado de Tucuruí, Artur Brito vão apresentar hoje no Ministério Público do Pará documentos e extratos bancários comprovando que as contas da prefeitura foram saqueadas no dia 25 de junho, dia do assassinato do prefeito Jones Wiliam, morto quando vistoriava obras em um residencial.
A reportagem teve acesso aos documentos que comprovam que na noite do crime, quando o corpo do prefeito estava no IML, o Token do gestor foi usado para transferir mais de R$ 800 mil reais das contas da prefeitura. Nos três dias de luto decretados pela morte de Jones Willam, os saques e transferências continuaram sendo efetuados nas contas da prefeitura, no Banco do Brasil e Banpará.
De acordo com a advogada Denise Silva, na noite do assassinato do prefeito, a senha do mesmo foi usada para fazer duas transferências : uma de R$ 400 mil, para a empresa F. Cardoso e mais R$ 400 mil, operação de transferência entre contas. No dia seguinte, data do velório do prefeito, a senha do prefeito morto foi usada novamente, desta vez para transferir R$431 mil para a conta de Alexandre Siqueira, não por acaso, o empresário que fez a denúncia ao MP, que resultou no afastamento do prefeito Artur Brito, por suposta prática de Improbidade Administrativa.
No dia seguinte, 27 de outubro, um dia após o sepultamento do prefeito, com a cidade ainda em luto, foram descontados da conta da PMT na agência do Banpará de Tucuruí, um cheque de R$ 69 mil em nome da então procuradora do município e outros dois cheques, cada um no valor de R$ 220 mil reais, totalizando R$ 440 mil reais.
O cheque teria sido assinado pelo prefeito morto, Jones William e endossado pelo secretário municipal da fazenda, Moisés Gomes Soares Filho, cujo beneficiário seria o Ipaset, Instituto de Previdência Social de Tucuruí. No entanto, estranhamente, os valores foram depositados na conta de Odair José Marques Viana, procurador das empresas do secretário de fazenda, Moisés Filho. O ex-secretário de fazenda de Tucurui, Moisés Filho, é sócio de Ricardo Chegado, preso como mandante do assassinato do prefeito de Breu Branco, Diego Kolling. Ricardo foi preso pela Polícia Civil dentro da fazenda de Moisés. Os advogados não têm dúvidas da participação da mulher do gestor assassinado, Graciele Silva Galvão, nas transferências bancárias, uma vez que a mesma já ocupou o cargo de gerente do Banpará em Tucuruí e estava emprestada para a prefeitura, ocupando o cargo de secretária de Ação Social.
Os advogados estão solicitando perícias em todo o material a ser apresentado no MP e a abertura de uma minuciosa investigação para levantar o total dos desvios que ocorreram nos três dias de luto pela morte do prefeito.
“Está mais do que claro que existe uma organização criminosa por trás de tudo isso. O prefeito não poderia ter usado sua senha pessoal e ter efetuado transferências bancárias depois de morto”, afirma o advogado, ressaltando que vai pedir também a abertura de uma auditoria nas agências bancárias envolvidas. “Nenhum gerente autorizaria operações com valores tão altos e com a cidade em luto”, finalizou o advogado.
Em contato com a reportagem, o prefeito afastado Artur Brito disse que confia na justiça e que sua inocência será provada. “Estou sendo vítima de um complô armado por uma quadrilha que se apoderou dos cofres municipais e que já desviou mais de R$ 50 milhões do erário municipal”, concluiu Artur.