Coluna Direto de Brasília #Ed. 197 – Por Val-André Mutran

Uma coletânea do que os parlamentares paraenses produziram durante a semana em Brasília
Anivaldo Vale foi um dos homens públicos mais importantes na política paraense dos últimos trinta anos

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Brilhante
O mineiro de Ipanema, Anivaldo Juvenil Vale, foi chamado pelo Arquiteto do Universo na tarde da quarta-feira (23), após 40 dias de internação num hospital da capital do Pará, Belém. Quando há perda, busca-se consolo. A Coluna lamenta e se solidariza com a dor e saudades impostas à família e legião de amigos. Como na música do conterrâneo mineiro Milton Nascimento, “eu, caçador de mim”, ajuda a explicar a trajetória desse homem.

Marcante
Vale deixa uma história pessoal fenomenal. Sua contribuição para o desenvolvimento da Amazônia e do Estado do Pará é incalculável. O seu desaparecimento, o torna, desde já, imortal. Em sua trajetória monumental, a dificuldade do início não foi obstáculo para o contínuo do Banco do Brasil, em Ipanema-MG, em 1963, presidir o Banco da Amazônia, 31 anos depois e, em 1994, dar uma guinada, também guiada pelo sucesso e pela competência, na carreira política.

Corajoso
Quem, aos 50 anos, topa dar uma guinada na vida? Com coragem e determinação, Anivaldo topou. Aposentou-se da pesada tarefa do mundo financeiro e ingressou num terreno que muitos consideram árido, mas que ele tornou fértil: a política.

Visionário
Quando ainda diretor e depois presidente do mais importante banco de fomento da Amazônia, o Basa, Anivaldo Vale e sua diretoria, com o apoio dos membros do Conselhos Deliberativos da Sudam, Suframa e CMN criaram o FNO Especial, ferramenta vitoriosa de suporte que financiou milhares de projetos e empreendimentos que mudaram a cara da abandonada Amazônia.

Notável
Eleito deputado federal pelo Pará — sempre o mais votado em seu partido por três vezes consecutivas —, nas Legislaturas de 1995-1999, 1999-2002, 2003-2007 — , foi também vice-prefeito de Belém de 2009 a 2012, e Secretário Executivo do Ministério dos Transportes em 2014, dentre outras funções relevantes que exerceu. Mas, foi na Câmara dos Deputados que seu nome entrou, em definitivo para a Galeria dos Notáveis parlamentares do Brasil, ao conceber e aprovar a criação de uma Comissão Permanente na Casa, a Cindra (Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia).

Homenagem
Muito provavelmente, a Bancada do Norte, deve prestar sua última homenagem a Anivaldo Vale, apresentando projeto à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, batizando a Sala de Audiências e Reuniões da Cindra, no corredor de comissões do prédio principal do Palácio do Congresso Nacional com o seu nome. Nada mais juto

Legado
Vale deixa dois herdeiros políticos, o ex-deputado federal e agora conselheiro do TCM-PA, Lúcio Vale, ex-vice-governador até 2021; e o deputado federal e ex-prefeito de Viseu, Cristiano Vale, que está tendo o privilégio de, em seu primeiro mandato como legislador federal, presidir a comissão criada pelo pai.
Segue em paz, Anivaldo.

Cova dos leões
A canalhice e a falta de caráter de deputados que não respeitam a religião alheia vão fazê-los quebrar a cara. Eles merecem um grande desfalque de votos nessas eleições, após criarem narrativas absolutamente alucinadas, sobre a existência de um Gabinete paralelo no MEC, controlado por pastores evangélicos. O ministro Milton Ribeiro, com sua calma usual, esclarecerá o assunto, desmentirá seus acusadores e disse que não tem motivos para pedir demissão.

Mudança
O deputado federal Joaquim Passarinho desembarcou nesta semana do PSD, esvaziando o partido para apenas um parlamentar na bancada paraense em Brasília. Ingressou no PL a convite pessoal do presidente Jair Bolsonaro. O PL já é a maior legenda do Congresso Nacional em número absolutos, desbancando o União Brasil.

Presidente Jair Bolsonaro é o candidato do ex-prefeito de Canaã dos Carajás, Jeová Andrade (MDB)

Independência
Ex-prefeito de Canaã dos Carajás, municpipio que governou por dois mandatos consecutivos, Jeová Andrade (MDB) fez questão de ir ao encontro e abraçar seu candidato à Presidência da República, mesmo sabendo que pode ser repreendido pelos “donos” do partido no Estado.

Quase
Há dois dias da realização do evento de lançamento da pré-candidatura de Jair Bolsonaro à presidência da República, o Partido Liberal quase comete um erro infantil, percebeu a tempo e mudou o cartaz de divulgação do evento pela possibilidade de violação à lei eleitoral.
A oposição vai ter de caçar munição para derrubar o opositor em outro lugar.

Adequação
Até a terça-feira (22), o material publicado nas redes sociais do PL falava em “Lançamento da pré-candidatura do presidente Bolsonaro”. Mas, alertados por advogados do partido, na quarta-feira (23), os canais da legenda que abriga o presidente passaram a divulgar cartazes convidando para um evento batizado de “Movimento Filia Brasil – É com ele que eu vou”.

Sutil…
Em ambos os panfletos, a imagem de Bolsonaro é exibida ao lado das demais informações sobre o evento, marcado para acontecer no próximo domingo, dia 27, no Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília. E, como estava, não havia perigo, pois não há lei que defina eventos de pré-campanha como crime eleitoral, mas o partido optou por anunciar o evento dentro do que a legislação prevê e permite, conforme explicou Caroline Lacerda, do escritório de Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, que atua na campanha do presidente

…diferença
“O aconteceu foi que o evento foi tomando forma após o diálogo entre as equipes política, jurídica e de marketing, de forma a atender os interesses do partido, sem deixar de cumprir a legislação. A preocupação do partido é sempre estar em conformidade com o que estabelece a lei eleitoral”, refrorçou a especialista.

O picolé de chuchu…
Para quem ainda está envergonhado com a máscara que o “Picolé de chuchu” atirou e esmagou no chão, uma constatação: certos políticos do PSDB nunca foram, senão, um PT elitizado.

…sempre foi farinha do mesmo saco
Farinha do mesmo saco, mas com discurso neoliberal para enganar os trouxas, ontem, em entrevista numa rede nacional de TV a cabo, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) foi claro: “Respeito Geraldo Alckmin, não concordo com o que ele disse, mas acho que cometeu o pior erro de sua vida”. O senador tem razão, ainda mais se o chuchu não for eleito. Mas, mesmo sendo eleito, ele provará quem é Lula da Silva.

Distribuição incomum
O governo do Estado de São Paulo, sonho de consumo que o PT nunca concretizou, e segundo maior orçamento público do Brasil, tem uma particularidade diferente de muitos Estados: a distribuição do eleitorado no interior é apenas um pouco menor do que na Região Metropolitana da Capital.

Ratoeira
Lula atraiu Alckmin para a ratoreira, oferecendo o lugar de vice porque sabe de duas coisas. Uma boa ,outra ruim. A boa, Alckmin acessa setores que comandam as finanças e a indústria da Avenida Paulista e puxa esse eleitorado como opção de centro, e é assim que Lula será vendido por Alckmin para esses dois segmentos. Já o agronegócio quer distância de Lula.

Meu queijo
A notícia ruim é que o ex-governador de São Paulo, com grande influência junto às lideranças políticas do interior de São Paulo, não vai mudar de ideia, e Bolsonaro é a opção. Alckmin não vai transferir os votos de 2 milhões de eleitores para Lula como se mágico fosse, pois ele, nem de fraque, tem cacoete para isso.

Esperando Godot
Como na magistral peça “Esperando Godot”, do dramaturgo irlandês Samuel Beckett, setores políticos do Carajás (sul/sudeste do Pará), no andar da carruagem, comportam-se como alguns dos personagens da peça teatral. O resumo é que, mais uma vez verão o cavalo passar selado e não conseguem chegar num denominador comum e apoiar candidatos puro-sangue da região, mas que sejam homens de bem, não alguns vigaristas que tiveram a chance e meteram a mão na cumbuca da patifaria e exerceram toda a sua inclassificável incompetência.

Chegou a hora
Ou as lideranças ouvem a voz da experiência de muitos personagens que ainda, mesmo cansados, ainda estão dispostos a apontar bons nomes para os pleitos de deputado estadual, federal e a vaga para o Senado, ou o sul/sudeste do Pará, sentirá de verdade o que será o cenário, caso se concretize, a eleição do PT para a Presidência da República.

Explosiva
O alerta veio de viva voz na semana passada, do neopetista e ex-governador do Paraná Roberto Requião, antigo quadro histórico do MDB. Numa fazenda invadida pelo MST, no interior do Paraná, com seguranças armados do MST, Lula saiu da toca e foi fazer sua primeira aparição pública, na propriedade em que o povo foi proibido de comparecer.

Coletivismo
Só entrou no evento quem tinha ingresso. Ao lado da claque, Requião disse que os títulos entregues ao trabalhador rural brasileiro pelo governo Bolsonaro não têm valor. Como assim? A explicação ele mesmo deu: “Só tem valor se for propriedade da coletividade”. Pode isso agora também, é?

Não pode dar certo
Num país dominado por uma dúzia de ministros de tribunais superiores que mais parecem presidentes de partidos políticos, a decisão do Superior Tribunal de Justiça reverte a lógica do mundo. A iluminada 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) transformou essa semana Lula em xerife e Deltan Dallagnol num perigoso fora da lei.

Surpreendido
Surpreso com a decsiao, Deltan Dallagnol disse: “O STJ determinou que eu indenize Lula pela apresentação da acusação contra ele em Powerpoint, num valor de R$ 75 mil, que pode ser triplicado com correção monetária e juros desde 2016. Essa decisão surpreendeu e é absurdamente injusta”. O ex-procurador-chefe da Lava-Jato elencou sete razões para contraditar a decisão da corteSete razões
“1. A apresentação retratou fielmente o conteúdo da acusação e foi uma forma de dar transparência e prestar contas do trabalho, como ocorreu em outros casos. A razão da repercussão (“espetacularização”) não foi a forma de apresentação, mas a gravidade dos fatos.”

“2. O ex-presidente Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro com base na acusação. A condenação foi confirmada no tribunal de apelação (2ª instância) e também no STJ. O STF não inocentou ou absolveu Lula, mas anulou a condenação por questão processual.”

Aqui o Colunista faz um comentário. Por quê Deltan Dallagnol quando ainda era procurador não colocou a boca no trombone e enfrentou de seu espaço, a ileggalidade cometida pelo pelo ministro Edson Fachin, e confirmada pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, puxadinho do PT?

Prosseguem as explicações de Dallagnol.

“3. O ex-presidente Lula perdeu a ação nas duas primeiras instâncias do Judiciário, mais técnicas. O caso foi revertido no STJ, onde as indicações têm caráter mais político e muitos ambicionam uma vaga no STF, mas mais três coisas impediam a reversão do caso.”

“4. Pela súmula 7, do próprio STJ, o tribunal não reexamina fatos e provas no tipo de recurso protocolado por Lula. Para examinar eventual indenização, era preciso reexaminar fatos e provas. Contudo, de modo não usual, a súmula foi superada.”

“5. Pela decisão do STF quando julgou o tema 940, que deve ser seguida de forma obrigatória por todos os tribunais, a ação de Lula não podia ser proposta contra mim, mas sim contra a União. O STJ superou essa questão também de forma inusitada.”

“6. Ainda que o STJ superasse isso tudo e considerasse haver algum tipo de excesso, agentes públicos só respondem por excesso no caso de dolo (intenção de prejudicar) ou de erro grosseiro, que nunca existiram nem foram comprovados.”

“7. Por fim, o Judiciário garantiu a impunidade de Lula, contra quem pesam fortes provas de corrupção, e está punindo quem trabalhou contra a corrupção. A injustiça é evidente, salta aos olhos. Há uma inversão de valores no Brasil.”

Coisas da vida
“Não temos como impedir muitas frustrações na nossa vida, mas cabe exclusivamente a nós decidir o que faremos diante delas. Podemos nos tornar rancorosos e desistir, ou tentar mais, de novo e diferente. Eu decidi perseverar contra a corrupção e a injustiça no Brasil, e você?”, pergunta o procurador.

Solidariedade
Sem Deltan Dallagnol pedir, em menos de 24 horas após a decisão do STJ, pessoas do Brasil inteiro doaram mais de R$ 130 mil, superior aos R$ 75 mil arbitrado pelo STJ como condenação ao ex-procurador no episódio conhecido como Power Point do quadrilheiro da Lava-Jato.

E você?
No trabalho da Operação Lava-Jato, foram R$ 15 bilhões de dinheiro de corrupção recuperados para o país — mais de R $6 bilhões só para a Petrobras — e foi Deltan o procurador que conduziu o combate à corrupção que é condenado a indenizar o réu condenado em três instâncias?!
É exatamente isso.
Quem dorme com um barulho desses?

Efemérides I
Nesta sexta-feira (25), comemora-se Dia de São Dimas, o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravos, o Dia Nacional da Comunidade Árabe, o Dia Nacional do Oficial de Justiça, o Dia do Especialista de Aeronáutica, o Dia da Constituição da República do Brasil e o Dia Internacional da Solidariedade da Pessoa Detenta ou Desaparecida.
No sábado (26), é o Dia Mundial de Conscientização da Epilepsia, o Aniversário de Porto Alegre, a Hora do Planeta, o Dia do Cacau e o Dia do Mercosul.

Efemérides II
No domingo (27), comemora-se o Dia do Circo e o Dia Mundial do Teatro. Na segunda-feira (28), é o Dia do Diagramador e o Dia do Revisor. Na terça-feira (29), comemora-se o Aniversário de Salvador e o Aniversário de Curitiba. Na quarta-feira (30), é o Dia Mundial do Transtorno Bipolar. Mal que não para de crescer no mundo, com pessoas cada vez mais ansiosas. E fechando o ciclo da semana, na quinta-feira (31), comemora-se o Dia da Integração Nacional e o Dia da Saúde e Nutrição.

De volta na semana que vem
Estaremos de volta na próxima semana publicando direto de Brasília, as notícias que afetam a vida de todos os brasileiros, com as reportagens exclusivas aqui no Blog do Zé Dudu.
Como a vacina já está disponível para todos, tome as três doses do imunizante e continue usando máscaras, álcool em gel nas mãos e evite lugares onde houver aglomeração de pessoas, mesmo ao ar livre.
Cuide de sua saúde e da sua família. Um ótimo final de semana a todos, especialmente os aniversariantes da semana.

Val-André Mutran – É correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.
Contato: valandre@agenciacarajas.com.br
Esta Coluna não reflete, necessariamente, a opinião do Blog do Zé Dudu e é responsabilidade de seu titular.