Coluna Direto de Brasília #Ed. 236 – Por Val-André Mutran

Uma coletânea do que os parlamentares paraenses produziram durante a semana em Brasília.

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Quem é?
Ao se retirar do palco, quatro anos depois, Jair Messias Bolsonaro (PL) deixa como legado metade do Brasil sem entender quem, é afinal, o ex-capitão do Exército que um dia foi presidente da República.

Raios e trovoadas…
Sem despedida, sem passar a faixa presidencial, recluso, deprimido, em dois dias Bolsonaro se reencontrará com a realidade de um simples mortal, cuja caneta Bic será usada para assinar a saraivada de intimações em que oficiais de Justiça lhe pedirão o autógrafo.

…a vida segue e apresenta a realidade
Sem mandato para defender, o maior desafio do quase ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a partir de 2023, será construir uma oposição baseada em ideias, mas pode ser traído no decorrer das primeiras votações no Congresso.

Sem segredos
Não é segredo para ninguém que Lula voltou para ajustar contas e, para disfarçar, surfou na conversa fiada de unir o país e resgatar a democracia.

A velha calça jeans desbotada…
Primeiro, a democracia não foi ameaçada. O que houve foi uma reação às forças, que todo o brasileiro com dois neurônios conectados sabe quem são.
Segundo, Lula, em todos os discursos não fez um gesto sequer para pacificar o país.

…não anda só
O messiânico petista lança mão do expediente de imitar o também messiânico Antônio Conselheiro, insiste em hostilizar o governo que sucederá — e, por tabela, goste ou não, declara guerra contra 49,1% do eletorado brasileiro, ou, 58.206.354 eleitores que preferiam Bolsonaro. Com isso, Lula não se desgarra do Arraial de Canudos que pode lhe tirar do poder.

Empate
O número de votos que o dublê de profeta recebeu é considerado empate técnico. O desempate foi obtido com 2.139.645 milhões de votos, na reta final da apuração. Portanto, Lula tem que desmontar o palanque e mudar o discurso. Sua mensagem não encanta a maioria das serpentes, como imagina.

Vai vendo
A prova cabal da afirmação deste colunista foi posta à prova e confirmada na quinta-feira (22), quando foi tornado público o tão aguardado — pela oposição e o consórcio de imprensa —, naturalmente, relatório “com a análise de todos os setores do governo, destacando em dados e números o quadro de descaso, abandono e irresponsabilidade encontrado”, nas palavras do grupo técnico coordenado por Aloizio Mercadante, futuro czar do BNDES.
Leiam aqui.

Ato I
Quando assumir o país, no domingo, 1º de janeiro, a primeira ação do petista tem roteiro escrito e atos ensaiados. Promoverá um revogaço de quase tudo que Bolsonaro decretou, o coadjuvante da peça ensaiada, será o Supremo Tribunal Federal (STF), que se encarregará de jogar Bolsonaro numa masmorra.
— Anotem!

Ato II
O segundo ato ainda não revelado, será aprovar, a toque de caixa, a volta do sistema sindical com contribuição obrigatória do trabalhador. A companheira está sem dinheiro.

Ato III
O terceiro ato será aprovar a mordaça à população brasileira nas redes sociais e o STF está ávido para que tornem lei todas as arbitrariedades cometidas por Alexandre de Moraes e seus inquéritos eternos abertos nos últimos dois anos.
É um festival de horrores e ninguém sairá ileso desses atos.
Só há uma esperança, o Congresso Nacional não se submeter aos planos traçados.

Com quem contar?
Bolsonaro terá força de para liderar quem se elegeu usando seu nome, e se disponha a se opor a essas investidas de Lula?
O fato que é dois iguais aos extremos se encontraram nas curvas da vida. Um populista de direita, que sai sem despedida, e um populista de esquerda, que entra em ritmo de festa popular organizado por Janja.

Time completo anunciado
Na terceira rodada de anúncios dos ministros que faltavam para compor o futuro governo, o mercado está em dúvida sobre se Simone Tebet — aparentemente bem vista pelos operadores — com seu perfil mais moderado, terá força como um “contraponto a Fernando Haddad“, nomeado ministro da Fazenda?

Lula e o futuro ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, presidente do MDB do Pará e filho mais velho do senador Jader Barbalho e irmão do governador Helder Barbalho. Poder elevado ao terceiro expoente

MDB embalado…
O MDB acabou ficando com mais duas pastas no novo governo: Renan Filho com o Ministério dos Transportes e Jader Filho com o Ministério das Cidades.

…PSD e União Brasil também
Os outros nomes anunciados na quinta-feira (29), dois dias antes da posse de Lula, foram:

• Gonçalves Dias, Gabinete de Segurança Institucional;
• Paulo Pimenta, Secretaria de Comunicação Social;
• Carlos Fávaro, Agricultura e Pecuária;
• Waldez Góes, Integração de Desenvolvimento Nacional;
• André de Paula, Pesca;
• Carlos Lupi, Previdência;
• Juscelino Filho, Comunicações;
• Alexandre Silveira, Minas e Energia;
• Paulo Teixeira, Desenvolvimento Agrário;
• Ana Moser, Esporte;
• Marina Silva, Meio Ambiente;
• Daniela Souza Carneiro, Turismo; e
• Sonia Guajajara, Povos Indígenas.

Líderes
Lula também anunciou José Guimarães como líder do governo na Câmara dos Deputados, Jaques Wagner como líder do governo no Senado e Randolfe Rodrigues como líder do governo no Congresso.

Os felizes nomeados posam para a chapa no QG da transição. Muitos novatos, velhos conhecidos e nenhum nome de peso

Curriculum ou prontuário?
São estarrecedoras as informações que afirmam que os 20 integrantes da lista do primeiro escalão já anunciada pelo presidente para o novo governo, juntos, respondem a 1.983 processos por improbidade, peculato, formação de quadrilha e outros delitos.

Os números  não mentem
São, em média, 99,15 processos por cada indicado do primeiro escalão de Lula. O recordista é Sílvio Almeida, do Ministério dos Direitos Humanos, que responde a 542 processos, seguido de Camilo Santana, do MEC, com 271 processos e Flávio Dino, futuro ministro da Justiça, que responde a 261 processos. Na lista dos 20 já indicados por Lula só Esther Dweck, do Ministério de Gestão e Inovação, e Cida Gonçalves, do Ministério das Mulheres, não têm seus nomes envolvidos em falcatruas.

Máquina gigantesca
Confira a estrutura do governo federal sob o terceiro mandato de Lula.
Presidência:

1. Casa Civil
2. Gabinete de Segurança Institucional – GSI
3. Secretaria de Comunicação Social – SECOM
4. Secretaria de Relações Institucionais – SRI
5. Secretaria-geral – SG

Ministérios:
6. Advocacia-Geral da União – AGU
7. Controladoria-Geral da União – CGU
8. Ministério da Agricultura e Pecuária – MAPA
9. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI
10.Ministério da Cultura – MINC
11.Ministério da Defesa – MD
12.Ministério da Fazenda – MF
13.Ministério da Educação – MEC
14.Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos – MGI
15.Ministério da Igualdade Racial – MIR
16.Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços – MDIC
17.Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional – MDR
18.Ministério da Justiça e Segurança Pública – MJSP
19.Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA
20.Ministério da Previdência Social – MPS
21.Ministério da Saúde – MS
22.Ministério das Cidades – MCID
23.Ministério das Comunicações – MC
24.Ministério das Relações Exteriores – MRE
25.Ministério de Minas e Energia – MME
26.Ministério das Mulheres – MM
27.Ministério de Portos e Aeroportos – MPOR
28.Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar – MDA
29.Ministério do Desenvolvimento Social, Assistência, Família e Combate à Fome – MDS
30.Ministério do Esporte – MESP
31.Ministério do Meio Ambiente – MMA
32.Ministério do Planejamento e Orçamento – MPO
33.Ministério do Trabalho e Emprego – TEM
34.Ministério do Turismo – MTUR
35.Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania – MDH
36.Ministério dos Povos Indígenas – MPI
37. Ministério dos Transportes – MTB

Calma… não acabou…
Some-se ao primeiro escalão, o segundo escalão, para o qual até agora, poucos nomes foram definidos. O Avante pleiteava a nomeação do deputado Luis Tibé (MG), presidente da legenda, para o Ministério do Turismo, não foi contemplado. O Solidariedade também reclama espaços, mas deve ficar no segundo escalão, em postos ligados ao Ministério do Trabalho, cujo chefe será o petista Luiz Marinho. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, assumirá a Previdência. A sigla resistia em aceitar a proposta, mas a ficha caiu e o pavor de chupar dedo foi maior.

…tem mais
Ainda falta a definição, como o próprio Lula ressaltou, de nomes importantes como as presidências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que ficarão a cargo de mulheres.

Na Caixa I
Três nomes despontam para assumir a Caixa, uma ala da equipe de transição defende que deveria haver uma continuidade no trabalho da atual gestão comandada por Daniella Marques, cuja gestão foi marcada por ter alcançado resultados históricos. A carteira de crédito, por exemplo, vai atingir R$ 1 trilhão no fim deste ano. Daniella Marques substituiu em julho Pedro Guimarães, demitido depois de ser acusado de assédio sexual.

Na Caixa II
Circulou no banco estatal o nome da vice-presidente de negócios de varejo, Thays Cintra Vieira, que está na instituição financeira há 20 anos. Outro nome cotado para a presidência da Caixa é de Rita Serrano, que faz parte do Conselho de Administração do banco.

Favorita
Tida anteriormente como favorita, a ex-presidente da instituição Maria Fernanda Coelho será secretaria-executiva do da Secretaria Geral, a ser comandado pelo deputado Márcio Macêdo. Portanto, o que não falta é opção.

No Banco do Brasil
Mas, no Banco do Brasil a coisa é diferente, é de arrepiar os cabelos. A favorita para assumir o maior Banco da América Latina, pasmem, é outra senadora em fim de mandato — a melhor amiga de Dilma Rousseff, Kátia Abreu, do PP, do Tocantins. Um espanto realmente.
— A pergunta é: um governo desse pode dar certo?

Ainda falta uma multidão
De livre nomeação, Lula terá, à disposição, nada mais, nada menos que 10 mil cargos.

Primeiro round
O presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deverá ter uma gestão tranquila a partir de domingo 1º de janeiro. No Congresso Nacional e nas ruas, a promessa feita por parlamentares e coordenadores de movimentos de rua ligados ao bolsonarismo é de uma oposição implacável, programática, estratégica e organizada.

Como nunca antes na história deste país
A presença de manifestantes descontentes com o resultado eleitoral e os atos em apoio ao atual presidente Jair Bolsonaro, que ocorreram nos últimos anos, ilustram o peso da oposição que Lula vai enfrentar. No Congresso, o cenário é de força dos opositores, que podem chegar a ser metade na Câmara, de 513 deputados, e também no Senado, composto por 81 senadores.

Senado será o palco principal
Será no Senado que o leitor assistirá como se dará a principal disputa de forças políticas no Congresso Nacional. O líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), calcula que a oposição larga com ao menos 35 senadores. A conta toma por base o número de votos estimados para a candidatura do senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) à presidência da Casa, que oficializou sua candidatura recentemente. Vai enfrentar o espigão de BH, atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), candidato de Lula que tentará a reeleição.

Na Câmara ao sabor da maioria
Na Câmara o PT já caiu no colo de Arthur Lira (PP-AL), que hoje, é um ponto de interrogação, mas não tanto assim.
Lira é experimentado e atua de acordo com o andar da maioria, seja quem for que a tiver.

Economia

Petrobras
Após a coletiva de imprensa promovida pelo governo eleito, o futuro ministro de Minas e Energia, senador em fim de mandato Alexandre Silveira (MG), comunicou que o anúncio do novo CEO da Petrobras para o próximo governo deverá ser feito por Lula em janeiro.

Mercado financeiro não gostou de nenhum nome anunciado. Último pregão do ano operou no negativo mais uma vez

Último pregão
O Ibovespa (IBOV) encerrou seu último pregão do ano em queda na quinta-feira (29), perdendo o fôlego da abertura após a nomeação dos ministros que faltavam ser anunciados pelo novo governo.
O principal índice da Bolsa brasileira fechou em queda de 0,46%, a 109.734,60 pontos. Com isso, termina mais um mês com perdas, desta vez de 2,44%.

Pequena alta anual
Apesar do desempenho fraco dos últimos meses, o Ibovespa chega ao fim do ano acumulando saldo positivo. Em 2022, o índice subiu 4,68%, mesmo com um cenário macroeconômico global pouco favorável e com as incertezas fiscais no ambiente doméstico pesando sobre ativos de maior risco.

Boas Festas!
A Coluna e toda a equipe do Blog do Zé Dudu agradecem o prestígio de sua leitura e a companhia, em mais um ciclo que se encerra nesse final de ano.
Boas Festas! E que 2023 seja melhor para todos.

Efemérides
Nesta sexta-feira (30), é antevéspera do Ano Novo. No sábado (31), é véspera de Ano Novo (após às 14 horas). No domingo, 1º de janeiro, é o primeiro dia do ano de 2023 e a posse do presidente eleito em outubro, Luiz Inácio Lula da Silva, que vai exercer o inédito terceiro mandato de quatro anos como presidente da Republica.

Efemérides II
Na segunda-feira (2), comemora-se o Dia Mundial do Introvertido, o Dia do Sanitarista e o Dia de São Basílio Magno. Na terça-feira (3), comemora-se o Dia do Juiz de Menores. Na quarta-feira (4), é o Dia Mundial do Braille, o Dia Nacional da Abreugrafia e o Dia do Hemofílico. E fechando o ciclo da semana, na quinta-feira (5), comemora-se o Dia da Criação da Primeira Tipografia no Brasil e o Dia de São Nepomuceno Neumann.

De volta na semana que vem
Estaremos de volta na próxima semana publicando direto de Brasília, as notícias que afetam a vida de todos os brasileiros, com as reportagens exclusivas aqui no Blog do Zé Dudu.

Val-André Mutran – É correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.
Contato: valandre@agenciacarajas.com.br
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