Convenções partidárias
O mundo da política e as eleições se tornarão mais reais a partir das convenções que se aproximam.
Elas logo dominarão o panorama político do país. Com o recesso parlamentar após a votação da LDO, é intensa a articulação política em todo o país.
O contexto de incerteza e a formação das chapas contribuem para que a maioria dos partidos com candidato próprio ou que desejam participar de um novo governo adie para o último dia do prazo legal a realização de suas convenções partidárias, onde são lançados os candidatos e definidos nomes para presidente, vice-presidente, governador, vice-governador; candidatos ao Senado (duas vagas por Estado e Distrito Federal), deputados federais, deputados distritais (no Distrito Federal) e deputados estaduais.
Cada partido uma estratégia
O prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral para apresentar os candidatos ou anunciar o apoio a outras legendas será entre os dias 20 de julho e 5 de agosto. Mas, por enquanto, os maiores partidos do país — MDB, PT, PSDB, PR e PP — além dos nanicos Rede Sustentabilidade, de Marina Silva e do PODEMOS, de Álvaro Dias, marcaram seus encontros para 4 de agosto, na véspera do fim do prazo. O PSB, que se divide entre o apoio ao PT e a Ciro Gomes (PDT), foi ainda mais longe e escolheu a data-limite: 5 de agosto. Já o PSL sai na frente e fará sua convenção no domingo, 22, em São Paulo.
Dificuldades para várias candidaturas
O cenário eleitoral desse ano aponta várias dificuldades na composição de alianças e mesmo políticos experimentados consultados pelo colunista não se arriscam a fazer previsões. As conversas estão travadas em várias condicionantes. PT, PMDB, PSDB, PSL, REDE, PODEMOS, PROS e o chamado Blocão, composto pelo DEM, PP, PRB e SOLIDARIEDADE, continuam ao longo desta semana, prologando-se até o final de semana seguinte, conversando entre si em busca dos acordos para composição de chapas. As dificuldades maiores são os conflitos regionais entre as legendas.
Tem pesado a cláusula de barreira que ameaça de morte várias legendas.
Datas confirmadas
O PSDB, PT e REDE confirmaram suas convenções para o dia 4 de agosto, em São Paulo.
O ex-governador Geraldo Alckmin anunciou esta semana, como trunfo, que já garantiu o apoio do PSD, PPS, PTB e PV. Nenhum anúncio oficial foi feito.
O PT marcou para o mesmo dia 4 de agosto, em São Paulo, o chamado “Encontro Nacional Eleitoral do PT”, que equivale à convenção, e pretende lançar o ex-presidente Lula. De acordo com a Lei da Ficha Limpa, ele não pode ser candidato por ter sido condenado em segunda instância e deve lançar outro nome, no prazo final legal.
REDE SUSTENTABILIDADE
A Rede Sustentabilidade, da pré-candidata Marina Silva, também apostou no dia 4 de agosto para realizar sua convenção e se fizer aliança, confirmará apenas na convenção, também em São Paulo. Marina Silva disputa com o PSDB o apoio do PPS e o do PV.
Líder nas pesquisas até o momento à disputa presidencial, assim como Lula – grande incógnita que permeia o processo –, o pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL) experimentou dissabores ao longo da semana, embora esteja confirmada a convenção do partido para este domingo, 22, em São Paulo. Fracassaram as negociações com o PR, que apresentaria o senador Magno Malta (PR-ES), como vice, mas sem esclarecer a razão, anunciou que o senador optou por disputar a reeleição ao senado.
A campanha do deputado sofreu novo revés, com a negativa do Partido Republicano Progressista (PRP) para a indicação do nome do general Augusto Heleno ao posto de candidato a vice.
Bolsonaro negocia agora o “Plano C”, com o anúncio de uma “chapa pura” e deve confirmar como vice a advogada Janaína Paschoal, filiada a seu partido, em São Paulo.
PDT
A eleição presidencial de 2018 também não tem sido nada fácil para o pré-candidato Ciro Gomes (PDT). Ao longo dos últimos 20 dias, as negociações com o Blocão não evoluíram, da mesma forma que as tratativas com o PC do B, de Manuela D’Ávilla permanecem na mesma, e ainda, sem qualquer garantia de apoio continua outro estratégico interlocutor, o PSB, do ex-presidenciável Eduardo Campos, morto em plena campanha em 2014.
O PSB também sofreu um grande revés quando o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, desistiu de concorrer à presidência pela legenda, no primeiro semestre.
Por sua vez, Alckmin (PSDB) trabalha para que o partido libere a legenda para fazer acordos regionais e assuma uma posição de neutralidade no espectro nacional.
PRB
Outra desistência à corrida pelo Planalto na semana foi a do pré-candidato Flávio Rocha, pelo PRB. Apoiado pelo Movimento Brasil Libre (MBL), o dono da Riachuelo havia anunciado que disputaria presidência em março deste ano. Rocha afirmou que “chega uma hora que a luta fica quixotesca. Jogamos a toalha, fizemos a nossa parte, lutamos o combate, e estamos orgulhosos do que dizemos”. Segundo a nota divulgada pelo partido, a decisão foi tomada em conjunto entre o presidente da legenda, o ex-ministro Marcos Pereira, Rocha e a bancada no Congresso. O partido tende a apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin, do PSDB.
MDB
Mesmo com 1% de intenção de votos na última pesquisa do Datafolha, o ex-ministro da Fazenda de Lula e Temer, Henrique Meirelles, sofreu os efeitos do “fogo amigo” disparados pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) e pelo próprio presidente da legenda, senador Romero Jucá (MDB-RR) que não apoiam a sua candidatura. Mesmo assim, Meirelles segue altivo para a convenção do partido. A Executiva Nacional do MDB decidiu em votação que a data da Convenção Nacional será no dia 2 de agosto. A data foi alterada para não entrar em conflito com as Convenções Estaduais do partido.
Meirelles ofereceu ao PRB o cargo de vice para o empresário Flávio Rocha, que não aceitou. Segue negociando com o Blocão e espera também o apoio do PR, de Valdemar Costa Neto.
PODEMOS
O senador e pré-candidato à Presidência pelo PODEMOS, Álvaro Dias, que hoje está empatado com Geraldo Alckmin nas pesquisas, ainda é desconhecido em todo o Brasil mas, segundo a presidente nacional da legenda, deputada federal Renata Abreu (Podemos-SP), questionada se Dias abriria mão de sua candidatura para o partido unir força de negociação com o Blocão, ele respondeu: “Só abriríamos mão se houvesse viabilidade no centrão de um candidato diferente dele (Álvaro Dias), o que não enxergamos. Inclusive, pesquisa encomendada pelo DEM mostra uma rejeição do PSDB de 62%. E rejeição dificilmente você reverte. O que reverte é intenção de voto. Você pode sair de 40% para 10%. Aquele cidadão que diz ‘eu não voto no PSDB de jeito algum, dificilmente você reverte isso”, afirmou Renata.
Síndrome da “chapa pura”
Ao mesmo tempo em que as coligações partidárias ampliam o número de partidos com representação parlamentar e reduz o índice de votos desperdiçados e da desproporcionalidade entre votos e cadeiras, amplia a transferência de votos intracoligação, seja entre candidatos ou entre partidos, o que ocorre sem que o eleitor possa ter controle sobre o voto.
Nanicos como o PSL de Bolsonaro, o PODEMOS, de Álvaro Dias e o REDE, de Marina Silva ficam seriamente prejudicados em tempo de TV e rádio em suas respectivas candidaturas caso não consigam coligar-se com outras legendas.
Recesso Parlamentar
Com o recesso parlamentar, gabinetes na Câmara e no Senado estão funcionando à meia boca. Todos os membros em intensa atividade em suas bases eleitorais, trabalhando nas articulações de formação das chapas que serão inscritas na justiça eleitoral, após as convenções regionais e nacional de cada partido.