Anunciada ainda em 2010 pelo ex-presidente Lula e pela então governadora Ana Julia Carepa a siderúrgica Aços Laminados do Pará (ALPA), estava com previsão de iniciar suas operações já em 2013. Cumpre ressaltar que tal empreendimento só seria viável com o restabelecimento da Hidrovia Araguaia-Tocantins que, inclusive, tinha seus custos incluídos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).
Com previsão de criação de 18 mil postos de trabalho no período de implantação e outros três mil empregos diretos e mais 12 mil indiretos na fase de operação a siderúrgica do Grupo Vale previa investimentos iniciais na ordem de R$ 5,2 bilhões.
Infelizmente esse sonho, como muitos outros, dentre ao quais a criação do Estado do Carajás, acabou pelo menos presentemente com a retirada dos recursos necessários para sua implantação do PAC pela presidente Dilma Rousseff sem perspectiva alguma de voltar a ser incluído, ficando claro que foi uma jogada de marketing para a campanha eleitoral da ex-governadora Ana Carepa que, ao final, restou malograda.
Para a real viabilidade da implantação da ALPA se faz absolutamente necessária a derrocagem do Pedral do Lourenço, em Itupiranga, obra vital para dar trafegabilidade a Hidrovia Araguaia-Tocantins de forma permanente ao longo do ano inteiro ao invés de apenas nove meses por ano por conta do baixo calado na região durante a baixa das águas. A esse respeito o Governo Dilma chegou a publicar o Edital de Concorrência Pública nº 394/2010, promovido pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes/DNIT, referente à contratação de empresa especializada para execução dos serviços de derrocamento dos pedrais na Hidrovia do Tocantins.
Para se ter um ideia da grandeza e importância da implantação deste empreendimento em nossa cidade a própria Vale, por seus diretores já havia sinalizado a possibilidade de implantar em Marabá uma fábrica de vagões, outra de gôndolas de supermercado além de vender para a Honda produtos para a fabricação de motocicletas que esta multinacional mantém em Manaus.
Ultimamente muito se tem especulado sobre a intenção da Vale de transferir a siderúrgica para o Estado do Ceará, o que já foi desmentido pela própria empresa, embora de forma não tão convincente, o que tem deixado a população com a pulga atrás da orelha. E dentre a população estão pequenos e médios investidores que apostando na implantação e funcionamento real da siderúrgica investiram até o último tostão em seus negócios.
A questão de se instalar ou não realmente a ALPA em Marabá passa de forma inegável por uma inevitável demonstração de força e vontade política de nosso estado e em especial dos políticos e líderes empresariais da região sul-sudeste paraense, o que, infelizmente não está acontecendo.
Há uma parte da história envolvendo a Vale que deixa bastante claro que alguns bravos defensores da implantação dos empreendimentos da multinacional brasileira não passam de meros aproveitadores que só visam seus próprios interesses pois na realidade o que fazem é criar dificuldades para posteriormente cobrarem facilidades da vaca de longas tetas.
Esgotadas todas as variáveis institucionais (Governo Estadual e políticos da região) para tornar realidade esta que seria a maior obra na área da siderurgia do norte do país creio que chegou inevitavelmente a hora do povo entrar em ação. Aliás, a esse respeito, foi de grande felicidade e senso de oportunidade as palavras do ex-presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá, Gilberto Leite, em uma reunião que contou com a presença dos diretores da Vale: “a sociedade precisa se organizar urgentemente para impedir que a ALPA demore mais para ser instalada…”, disse o executivo. Hoje, certamente ele diria: “para impedir que a ALPA vá para Pacém, no Ceará”.
E como o povo pode influenciar nesse processo? Fazendo como os povos cultos, vide Europa em crise, indo às ruas aos milhares de forma ordenada e pacífica exigindo diretamente da poderosa senhora Vale que implante urgentemente a ALPA. Certamente a Vale sabe que com o povo não se brinca, até porque já teve exemplos dos quais ainda não esqueceu quando nossos irmãos indígenas e os sem terra bateram à sua porta para exigir seus direitos e conseguiram o que queriam na marra. Se assim se deu com uma dúzia de bravos guerreiros indígenas e outra dúzia de sem terras, dá para se imaginar o que 1.200.000 eleitores que disseram sim pelo Carajás poderão conseguir.