Plena e absoluta. Assim pode ser descrita a riqueza que passa pelos cofres da Prefeitura de Canaã dos Carajás no acumulado de 12 meses. O tímido município que nasceu relegado por Parauapebas 25 anos atrás se tornou, hoje, uma das maiores potências geradoras de divisas no e para o estado. Entre julho de 2018 e junho deste ano, uma fortuna de R$ 482,5 milhões passou pela conta corrente da 6ª mais bem-sucedida administração municipal, em termos financeiros. É tanto dinheiro que daria para a prefeitura distribuir mais de R$ 13 mil para cada habitante.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que fez um compilado da receita corrente líquida arrecadada pelas prefeituras paraenses que entregaram as contas consolidadas de 2º ou 3º bimestre. O Blog separou a receita oficial declarada dos 12 meses anteriores à data da prestação de contas e listou quem é quem na fila do pão e no mapa da prosperidade financeira.
A Prefeitura de Canaã dos Carajás surra a Prefeitura de Parauapebas quando o assunto é arrecadação por habitante. Isso porque, na cabeça do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de Canaã não chega sequer a 40 mil habitantes, mas a prefeitura estima que haja de 60 mil para lá. No entanto, a prefeitura local, por mais razão que julgue ter e por mais certa que esteja, não tem “competência estatística” para oficializar dados demográficos.
Em meio ao tiroteio de números populacionais, defasados ou não, a receita majoritariamente saída da mineradora Vale e de seu projeto de ferro S11D fica grande demais para o contingente de habitantes da “Terra Prometida”, emancipada faz pouco mais de duas décadas. A mesma situação é vivida por Vitória do Xingu, no coração da Amazônia paraense, cuja arrecadação por pessoa se aproxima de impressionantes R$ 10 mil. A receita é estelar — e deve aumentar — porque Vitória se beneficia de uma vizinha que até hoje causa polêmica, mas garante milhões em royalties, à sombra e água fresca: a Hidrelétrica de Belo Monte.
Curiosidades
O Blog compilou resultados de 86 das 144 prefeituras paraenses, o correspondente a 60% do total — o que denota que um volume considerável está inadimplente com a prestação de contas bimestral junto a órgãos fiscalizadores. Juntas, essas administrações movimentaram R$ 14,67 bilhões em 12 meses. Os municípios cobertos pelo levantamento têm população de 6,65 milhões de habitantes, 78% do Pará.
A ordem das dez prefeituras mais ricas do estado sofreu abalo no segundo semestre. Altamira, também beneficiado pelos royalties de Belo Monte, avançou sobre Paragominas e Tucuruí, saindo da 11ª para a 9ª colocação. Tucuruí, que tinha o 9º governo mais abastado, parece estar empobrecendo — ou simplesmente não está crescendo como os coleguinhas paraenses. Resultado: rolou para o 11º lugar. Foi um troca-toca com Altamira.
Em outro recorte, referente à receita arrecadada por habitante, enquanto Canaã dos Carajás (R$ 13.382), Vitória do Xingu (R$ 9.666), Parauapebas (R$ 6.751), Bannach (R$ 5.434) e Curionópolis (R$ 4.967) ocupam o topo, as prefeituras de Tailândia (R$ 1.444), São Félix do Xingu (R$ 1.368), Rurópolis (R$ 1.342), Bragança (R$ 1.320) e Ananindeua (R$ 1.227) detêm a pior capacidade de captar recursos. Ananindeua, aliás, tem uma das prefeituras proporcionalmente mais pobres do país, conforme o Blog já havia antecipado aqui, quando analisou as contas do primeiro quadrimestre deste ano.
Confira os números completos elaborados pelo Blog do Zé Dudu!
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