O ano é novo, mas o problema é velho em Canaã dos Carajás. O surto de leishmaniose, que assombrou a população e acendeu o alerta de todos em 2017, ainda mostra força e o combate à doença continua acontecendo por parte da Secretaria Municipal de Saúde. A doença é transmitida pelo mosquito palha e se manifesta primeiro em cães. Logo depois, caso um mesmo mosquito pique o animal e depois o ser humano, a doença é transmitida e pode levar a pessoa à morte. Para o homem, o mal tem cura e o tratamento é oferecido de forma gratuita pelo SUS. Para o cão, não há e a única solução para evitar a transmissão às pessoas, é a morte do animal.
Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, mais de 70 animais foram diagnosticados com a enfermidade e precisaram ser sacrificados em 2017. Por conta da total inexistência da doença em anos anteriores e o súbito aparecimento no ano passado, a leishmaniose passou a ser tratada como um surto e uma força-tarefa da Vigilância de Saúde foi necessária para evitar maiores problemas à população. Mesmo com tanto trabalho, 2017 trouxe o triste número de 8 a 9 casos confirmados em seres humanos. As pessoas que sofrem do mal estão em tratamento na Rede Pública Municipal de Saúde.
Com a virada do ano, os números não se mostraram muito favoráveis. Segundo Douglas Pacheco, coordenador de vigilância e saúde do município, 60 a 70% dos animais testados são diagnosticados com a doença: “Assim como no ano passado, estamos trabalhando no combate e prevenção da leishmaniose visceral humana e canina. Todos sabem que o teste rápido que fazemos não é confirmatório, é só para triagem. A confirmação só vem através de exame feito no LACEN, em Belém. Mas o laboratório está desabastecido desse exame há bastante tempo. Por conta disso, damos a escolha ao dono do cão do sacrifício ou esperar a situação se normalizar no laboratório. Na maioria dos casos, a pessoa não quer correr o risco de ter o animal infectado em casa, ele é doado à secretaria e nós fazemos a eutanásia.”
Por conta do surto da doença, Douglas explicou que a parceria com a Agricultura foi necessária: “A demanda estava muito grande para a Secretaria de Saúde, pois nós temos apenas três veterinários, um na coordenação da vigilância ambiental, um na coordenação da vigilância sanitária e o outro atua na fiscalização sanitária e nas demandas de eutanásia. Todos três têm tarefas específicas e teriam que atuar ainda na questão da zoonose, por conta disso resolvemos pedir o apoio à Secretaria de Agricultura e o secretário nos cedeu dois veterinários que estavam finalizando as suas tarefas de campo para nos ajudar na coleta do material do teste rápido.”
Com a parceria mantida e o atendimento mais célere da demanda, o trabalho ia muito bem, porém no início do ano um imprevisto aconteceu: “O nosso fornecimento de teste rápido cessou, Marabá não recebeu mais o material e nós estamos completamente desabastecidos no momento. Todos os testes vêm do Ministério da Saúde e a previsão inicial era que até o dia 15 a situação fosse normalizada. O prazo não foi cumprido, mas estamos esperando que na semana que vem os testes cheguem. Assim que a situação for regularizado, nós voltaremos ao trabalho normal” afirmou o coordenador.
Apesar dos números ruins no ano que se passou, a situação pode ficar ainda pior, já que o período de chuvas favorece a proliferação do mosquito. Para a prevenção, alguns cuidados básicos podem ser cruciais para o controle da endemia: “É necessário que se combata o mosquito. É preciso tomar cuidado com água parada e a higiene dos quintais. Há coleiras repelentes para cães no mercado. Elas afastam o mosquito do animal e livra as pessoas de contágio. Usar telas e manter o cão em um ambiente mais afastado também ajuda bastante” orientou Douglas.