Nesta sexta-feira (4), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o dado de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, referente ao ano passado, demonstrando que a economia nacional avançou 4,6% no comparativo com 2020, ano em que o mundo foi atingido em cheio pelos efeitos deletérios da pandemia de coronavírus. O PIB, que é a soma da produção das riquezas em determinado período, atingiu R$ 8,7 trilhões no Brasil.
Mas, em meio ao mar de números das contas trimestrais, não há lugar para dados sobre o crescimento da economia das Unidades da Federação. Sabe-se que o PIB dos estados é sempre divulgado no último trimestre do ano com referência a dois antes atrás. Por exemplo, o PIB dos estados que será conhecido no final deste ano fará menção à produção consolidada lá em 2020.
E como, então, terá se comportado o PIB do Pará? O Blog do Zé Dudu foi atrás da resposta em cima de uma área que responde por nada mais nada menos que 70% da produção de riquezas contábeis do estado: a indústria extrativa mineral. O último dado de PIB paraense disponível é referente a 2019, quando a economia estadual marcou R$ 178,376 bilhões, sendo que a extração de minérios sozinha fora responsável por R$ 66,91 bilhões e, com o resto da cadeia de produção, ultrapassa R$ 100 bilhões.
No ano passado, o PIB formado pelos minérios extraídos em solo paraense totalizou R$ 146,573 bilhões, 51% acima dos R$ 97,016 bilhões produzidos em 2020. O aumento pode ser explicado pelo “boom” no preço do minério de ferro, que é o principal produto da cesta paraense. Com esse resultado, a produção de riquezas total do estado em 2021 terá passado de R$ 250 bilhões, mas o dado consolidado será conhecido no final de 2023, quando o IBGE divulgar as contas dos estados.
Apesar do crescimento retumbante da indústria mineral de 2020 para 2021, isso não quer dizer que a economia do Pará, com um todo, tenha crescido 51%, uma vez que a economia não é feita apenas do setor mineral. Setores que apresentaram retração, por exemplo, podem puxar significativamente para baixo a margem de crescimento. Uma projeção da consultoria Tendências — uma das que mais acertam previsões econômicas, segundo o Banco Central — mostra que o PIB paraense registrou aumento de 2,3% no ano passado e agora em 2022 deve alcançar 2,9%, o maior índice entre as 27 Unidades da Federação.
PIB dos municípios
Em 2021, o PIB de Parauapebas também superou o de Belém, oficialmente. A ultrapassagem pela primeira vez ocorreu em 2020, mas o dado do ano de início da pandemia no Brasil só deverá aparecer em dezembro deste ano. Antes disso, a produção de riquezas da Capital do Minério nunca houvera superado a da capital paraense, apesar de alarme falso estatístico do próprio IBGE, apontando que, em 2012, o PIB de Parauapebas já era maior. A informação foi corrigida anos mais tarde pelo instituto na revisão metodológica do cálculo do PIB, em 2015.
Para os municípios brasileiros, o dado de PIB oficial mais recente é, também, de 2019, quando Parauapebas alcançou R$ 23.035.846.880,48. No entanto, apenas a sua produção de recursos minerais no ano passado foi de R$ 69.992.383.933,94, o triplo do PIB oficial, o que demostra que Parauapebas despontará na cartilha do IBGE de 2023 como uma das 20 maiores praças econômicas do país — mesmo que em 2023 a economia local do momento baixe a zero. O dado de PIB é retroativo e “cego” para captar a circunstância do período em que ocorre a sua divulgação.
Os dados econômicos de Canaã dos Carajás serão ainda mais surpreendentes, uma vez que seu PIB em 2019 foi R$ 10.710.595.175,33 e sua produção de riquezas minerais em 2021 somou a fortuna de R$ 54.401.285.623,90. Canaã dos Carajás também deve ultrapassar Belém.
3 comentários em “Com minérios, Pará apresenta ‘terrível’ crescimento de 51% em 2021”
Não é assim que é feito o calculo do PIB. Esses números estão completamente errados.
Uma pergunta: Onde eu encontro o pib até em centavos?? Ainda não tinha visto o dado com esse grau de detalhamento…….
Nota dez este blog!! Mas um crescimento de 51% na economia do Pará é um pouco de exagero, não?? Qual a fonte desse dado??