Ulisses Pompeu – de Marabá
Na ponta da caneta, nos últimos meses a Semed (Secretaria de Educação de Marabá) tinha um déficit na Folha no valor de R$ 4 milhões, isso utilizando todo o recurso do Fundeb e mais os 25% de contrapartida da arrecadação própria do município.
Enquanto Parauapebas – que tem quase a mesma população de Marabá – mantém 68 escolas funcionando, a centenária do sudeste do Pará acumula um total de 210 estabelecimentos de ensino, o que aumenta sobremaneira as despesas com manutenção e pagamento de professores. Embora tenha mais que o triplo de escolas da Prima Rica, Marabá não recebe o mesmo volume de recursos para fazer frente às despesas da educação.
E uma das saídas para esse dilema, segundo o secretário adjunto de Educação, Orlando Moraes, será diminuir o número de escolas (hoje são 210), principalmente na zona rural, onde estão instalados 110 prédios, vários deles abrigando entre 8 a 15 alunos.
O ano letivo na rede municipal de ensino só deve iniciar no dia 13 de fevereiro, mas até lá a nova gestão da Semed tem de fazer contas, analisar os problemas envolvidos no fechamento de cada escola. Orlando Moraes afirma que as medidas que forem adotadas para fazer os ajustes necessários só serão tomadas após o diálogo com a comunidade diretamente interessada, como pais e educadores.
O caso da escola José Mendonça Vergolino representa uma nova realidade na rede municipal. Sobram vagas em algumas turmas porque muitos pais ficaram preocupados com a possibilidade de os filhos perderem o ano letivo em 2016 por causa das greves dos educadores e transferiram os rebentos para escolas particulares. “Soube de casos assim em duas ou três escolas, pelo menos, mas não é regra geral”, avalia Moraes.
Segundo o secretário adjunto, relatos de diretores nos primeiros dias de janeiro revelam um outro fator, que segundo ele também é preocupante. Vários pais tiraram os filhos das escolas públicas locais por causa da greve e acabaram matriculando em outros municípios. Agora, estão voltando e essas crianças não devem fazer parte do censo escolar atual, que é feito com base na matrícula do ano passado.
Acompanhado das diretoras de ensino Urbano, Cristina do Socorro Arcanjo da Silva, e do Campo, Lorena Bogea da Silva, Orlando mostrou à Reportagem uma dura realidade na educação municipal em vários aspectos.
Cristina Arcanjo explica que a aglutinação de escolas não vai acontecer unicamente por causa da racionalização de recursos, mas porque a população de alguns bairros está diminuindo consideravelmente e “há escolas com apenas 65 alunos e a estrutura para mantê-la é muito cara. Como há outras na redondeza que têm vagas, então poderemos transferir os estudantes para lá. Esta é uma questão de responsabilidade social”, explica Orlando.
O secretário adjunto informa que ainda não é possível apontar as escolas que serão, de fato, fechadas, porque o levantamento ainda está sendo feito. Ele ressalva que a pesquisa deveria ter sido realizada no período de transição de governo, mas a secretária de Educação da época não permitiu que a equipe da atual gestão percorresse as escolas para realizar esse trabalho. “A ideia era remanejar antes de abrir para matrícula, só que o pedido foi indeferido e apenas agora estamos fazendo o mapeamento. Mesmo assim, devemos fazer alguns ajustes ainda este início de ano”, avisou.
Por outro lado, Orlando Moraes ressalta que há casos em que se imaginava que determinada escola pudesse ser fechada, mas quando a equipe foi avaliar, há cerca de 250 alunos matriculados, o que descarta a possibilidade de remanejamento. “Acreditamos que até o início de março teremos todo o mapeamento e as medidas necessárias serão tomadas para realizar os ajustes na rede”, ressalta.
Sobre o grande número de rotas escolares no transporte de alunos na zona rural, Orlando Moraes diz que as escolas do campo têm uma dinâmica diferente da cidade. Provavelmente, segundo ele, muitas escolas fecharão na zona rural porque têm entre 7 a 15 alunos.
Um levantamento está sendo feito com apoio do departamento de transportes da Semed para avaliar qual o custo da escola de forma global e qual o valor de uma rota de ônibus para aquela comunidade. “Aquilo que for mais vantajoso para o município vai prevalecer. Então, pode ser que o número de rotas aumente, caso o fechamento desta ou daquela escola seja inevitável. Temos uma meta a cumprir, mas as necessidades da rede é que vão dar o tom da mudança”, pondera, explicando que todas as rotas serão visitadas para analisar quais funcionavam legitimamente.
2 comentários em “Marabá tem o triplo de escolas de Parauapebas”
Em 2016 foram construídas 10 escolas em Parauapebas, enquanto em Marabá fizeram foi fechar algumas.
É bom levar em consideração no comparativo dos números de escolas entre Marabá e Parauapebas q nesta (Parauapebas) as escolas funcionando com o turno intermediário enquanto Marabá não é o caso..