Com quase mil demitidos, Parauapebas é 5º do Brasil que mais desemprega

Capital do Minério teve pior novembro da história, de acordo com balanço do Ministério do Trabalho, e construção civil é setor que mais sentiu baque, já que obras da prefeitura tiveram de ser paralisadas, o que levou à demissão centenas de trabalhadores CLT em postos de pedreiro, carpinteiro e ajudante

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Município de economia pujante e que, ainda, é um dos maiores produtores de riquezas do país, Parauapebas vai dando sinais de enfraquecimento. No penúltimo balanço do mercado de trabalho do ano, referente a novembro, a Capital do Minério apresentou indicadores preocupantes de geração de vagas formais: foram quase mil demitidos a mais que contratados, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), liberado no último final de semana pelo Ministério do Trabalho. As informações são do Blog do Zé Dudu.

O número encerra um ano administrativamente ruim e melancólico, em que o prefeito Darci Lermen, que se despede, praticamente abandonou a cidade de Parauapebas, a mesma à qual ele, em 2017, prometeu “amor eterno” assim que retornou à administração municipal. Entre feitos, proezas e frustrações entregues à população, Darci se despede entregando uma cidade na condição da 5ª que mais demite no Brasil, uma vez que no mês passado Parauapebas registrou saldo líquido de 984 baixas na carteira de trabalho. Foi o pior novembro da história do município.

OS 10 MUNICÍPIOS QUE MAIS DEMITIRAM NO BRASIL EM NOVEMBRO

(demitidos a mais que contratados)

1º União (PI) — 1.549

2º Bebedouro (SP) — 1.352

3º Matão (SP) — 1.228

4º Juazeiro (BA) — 1.079

5º Parauapebas (PA) — 984

6º Cristalina (GO) — 962

7º Mariana (MG) — 882

8º Rio Paranaíba (MG) — 815

9º Campo Novo do Parecis (MT) — 770

10º Petrolina (PE) — 722

Parauapebas vai na contração do Brasil, que criou quase 107 mil postos de trabalho no mês passado. E o baque maior foi sentido no setor da construção civil, onde foram registradas 1.055 demissões a mais que contratações. Isso porque, sem dinheiro para quitar débitos, comprar insumos e pagar fornecedores, a prefeitura — maior empregadora local — teve de paralisar diversas obras e serviços de infraestrutura. Com isso, construtoras e prestadores de serviço em vias de calote precisaram demitir seus empregados celetistas, contratados temporariamente como pedreiros, ajudantes, carpinteiros e até engenheiros.

Como efeito, o setor de serviços, que é uma espécie de termômetro da economia, também registrou mais demissões que contratações, pondo 74 trabalhadores na rua. E o que chama atenção é que a maior parte desses desligamentos ocorreu em nichos que atendem a construção civil e no ramo imobiliário, o que sugere que o período áureo da especulação imobiliária no município, com imóveis a preços superinflacionados, pode ter chegado ao fim.

Impacto do desemprego

No acumulado de 12 meses, entre dezembro de 2023 e novembro de 2024, o mercado de trabalho de Parauapebas, antes vigoroso, está no vermelho. De acordo com dados do Caged, 61 postos com carteira assinada foram encerrados no período, mas a situação isolada de novembro é mais grave por se tratar de um mês que antecede o aquecimento do comércio devido às festas de fim de ano.

O Blog do Zé Dudu calculou que o impacto das demissões lançado a dezembro no comércio local foi de R$ 3,14 milhões — isso apenas em massa salarial que deixou de circular. É por isso que, neste mês, o movimento comercial na cidade foi atípico e opaco, distante léguas da lotação frenética de consumidores nos principais centros comerciais. Some-se a isso o fato de que centenas de servidores públicos — e estes nem entram na conta do Caged — vão ser demitidos em 31 de dezembro, com o término de mandato do prefeito Darci Lermen, e preferiram economizar nos gastos, já que sabem que não terão salário da prefeitura em janeiro.

O balanço anual do Caged, com a liberação dos dados de dezembro, só será conhecido na última semana de janeiro, ainda assim Parauapebas caminha para um 2024 que pode ser o pior da era Darci, que, para muitos, ainda não acabou nem acabará.

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