Brasília – No melhor estilo “tá com fome, meu pirão primeiro”, os partidos nanicos que compõem a frente ampla que apoiou a candidatura vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) querem a sua parte do pirão no novo governo. Essas legendas, no entanto, nem deveriam mais existir e só tiveram sobrevida graças à Federação Partidária – colete salva-vidas aprovado em tempo recorde no Congresso Nacional.
Como Lula já decidiu que o MDB e o PSD devem ficar com três ministérios cada e o União Brasil com dois, dos 16 que faltam ser preenchidos na terceira e última rodada de anúncio dos titulares do primeiro escalão, a ciumeira é grande nos corredores do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, QG da transição, onde não é difícil encontrar senhores de terno e gravata e senhoras em impecáveis tailleur de caras feias, rangendo dentes e o mau humor exalando livremente.
Aliados do presidente diplomado admitem a divisão de ministérios entre os partidos MDB, PSD e União Brasil e outros menos votados, restando ao nanicos esperar algum espaço no segundo escalão, salvo raras exceções.
O MDB deve ficar com três pastas: uma delas para a senadora Simone Tebet, uma para Renan Filho (ex-governador e senador eleito por Alagoas) e outra para algum quadro indicado pelo governador reeleito do Pará, Helder Barbalho. que já indicou o nome do irmão, Jader Filho para o Ministério das Cidades. Passou por cima da indicação da bancada da Câmara dos Deputados, que cresceu, graças à espetacular performance dos candidatos do MDB paraense, que não deixaram pedra sobre pedra nas eleições, elegendo nada menos que 9 dos 17 deputados a qual a bancada do Pará tem direito.
Outros três ministérios devem ser designados para representantes do PSD. Entre os cotados estão os senadores Alexandre Silveira (PSD-MG) e Carlos Fávaro (PSD-MT) – este último ligado ao agronegócio – e o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ), ligado ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.
Silveira disputou reeleição ao Senado Federal por Minas Gerais, em outubro, mas perdeu. A possibilidade de ser contemplado em uma pasta é considerada um reconhecimento ao apoio do PSD a Lula no estado, onde obteve vitória sobre Jair Bolsonaro (PL). Enquanto isso, o pessoal do “deixa disso, vamos lá…!” coloca panos quentes para a confirmação do nome do deputado federal Pedro Paulo (RJ), indicado pelo prefeito Eduardo Paes. PP, como é conhecido, é um parlamentar mais enrolado que pirulito quebra queixo vendido na Feira do Ver-o-Peso.
Já a expectativa é que o União Brasil, formado a partir da fusão do Democratas com o PSL, fique com o controle de dois ministérios no governo de Lula.
A expectativa frustrada do anúncio dos 16 ministérios ainda indefinidos, que seria feita nesta terça-feira (27), não tem mais previsão certa. Enquanto isso, o choro é livre e está no pé do ouvido de Lula, com PDT e outros cobrando sua cota.
Um aliado diz que o ideal era Lula colocar pelo menos dois ministros de legendas aliadas em postos-chave do futuro governo, para mostrar que ele vai governar compartilhando as suas decisões com os partidos que vão formar sua base de apoio no Congresso.
Esse interlocutor diz que o presidente optou por concentrar os principais ministérios nas mãos de petistas e do PSB, deixando MDB, PSD e União Brasil com pastas importantes, mas sem interlocução frequente e diária no Palácio do Planalto. “Pelo visto, seremos satélites no governo Lula,” avaliou.
Até o momento, 21 nomes já foram confirmados pelo petista. A expectativa em Brasília é de que o restante das vagas sejam anunciadas até esta quinta-feira (29).
Veja os ministérios que ainda estão sem nomeações:
- Povos Indígenas
- Previdência Social
- Esporte
- Cidades
- Integração e Desenvolvimento Regional
- Meio Ambiente
- Transportes
- Minas e Energia
- Comunicações
- Turismo
- Desenvolvimento Agrário
- Agricultura e Abastecimento
- Pesca
- Comunicação Social
- Segurança Institucional
- Planejamento e Orçamento
Por Val-André Mutran – de Brasília