Brasília – Antes da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro deste ano, o país do leste europeu era um dos maiores fornecedores de milho para o mundo. Com o prolongamento do conflito sem data para terminar, os agricultores ucranianos estão colhendo a safra de grãos desse ano, mas não tem como exportá-los devido o bloqueio naval russo nos Portos do Mar Negro. Desta forma, a China, um dos maiores importadores de milho saiu em busca de novos fornecedores e o Brasil deu mais um passo na direção de virar um grande exportador de milho para o gigante asiático.
Na última semana, foi superada a questão fitossanitária que mantinha o mercado fechado. Agora, o próximo passo é colocar em prática o monitoramento de safra, que inclui o controle de algumas pragas, protocolo fitossanitário adicional. Como esse procedimento ainda não está sendo feito na atual safra de inverno, a expectativa é que os primeiros embarques do grão ocorram em 2023.
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Guilherme Leal, confirmou que o país só vai ter produto apto para embarcar para a China a partir da safra de verão 22/23, com colheita estimada para os primeiros meses do ano que vem.
O milagre agrícola brasileiro
Com os notáveis avanços tecnológicos na agricultura brasileira, em poucos anos, o Brasil saiu da condição de importador de milho para exportador do produto. O mercado privado já está se preparando para o novo momento do milho brasileiro. No fim do mês de junho deve haver um encontro para o cadastramento dos exportadores interessados em enviar o grão ao mercado chinês.
Os procedimentos de controles e monitoramento de pragas também estarão em discussão entre empresas, cooperativas, Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e governo.
A China tinha na Ucrânia um dos principais fornecedores de milho, com volume de exportação ao redor de 10 milhões de toneladas por ano. Com a guerra e o bloqueio no Mar Negro, o gigante asiático precisou buscar outros fornecedores. O país de Xi Jinping é o segundo maior produtor do mundo, atrás dos Estados Unidos. Ainda assim, há necessidade de comprar o grão para compor estoques e atender a demanda doméstica da maior população do mundo.
O Brasil, que hoje é o terceiro produtor mundial, passará por uma mudança substancial no mercado com a China comprando o cereal daqui. Uma oportunidade para produtores de grãos que terão um importante e grande mercado para suprir e um desafio adicional para as cadeias de carnes, que terão que investir em gestão para o custo de produção potencialmente mais caro da ração, e para o mercado de energia, como usinas de etanol de milho, que farão programação de compras ainda mais antecipadas para diluir riscos.
A potência do agro brasileiro vai continuar a abrir novos mercados pelo mundo, atrair capital e melhorar nossas contas externas. O próximo produto na lista é o amendoim, que também está prestes a ganhar o mercado asiático.
Balança comercial
A China é o principal parceiro comercial do Brasil. Em 2021, 21,5% das Exportações Brasileiras foram destinadas para a China.
Em 2021 o Brasil Exportou para a China o valor total de US$ 87,9 bilhões de dólares. O minério de ferro foi o produto mais exportado pelo Brasil no último ano, conforme você pode conferir no quadro abaixo.
A balança comercial brasileira com a China fechou com superávit do valor de US$ 40.257 milhões de dólares. Ou seja, neste período exportamos mais do que importamos da China.
Confira como fechou a Balança Comercial 2021.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.